5.7.05

Não dependerá do contexto?

UM dia destes, a propósito da nova lei espanhola que legaliza os casamentos homosexuais, perguntaram-me o que é que eu achava disso.

Lá dei a minha opinião politicamente correcta («Cada um deve poder fazer o que quiser desde que não prejudique ninguém»), mas embatuquei quando me perguntaram o que é que eu achava quanto à adopção de crianças - dado que esse é, precisamente, um caso que afecta outros para além do par interessado.

Confessei que não sabia responder mas, de qualquer forma, lá me esforcei por imaginar o que seria se, em miúdo, eu tivesse sido adoptado nessas circunstâncias.

Ora, estava eu nesse exercício mental tão estranho quanto difícil, quando me mostraram a foto que aqui se vê.

Por isso, acho que a resposta que acabei por dar («Depende...»), apesar de dúbia... ainda foi a mais apropriada.

14 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Se calhar esse exercício só é estranho porque não lidamos com essa realidade, para mim esse exercício não é estranho é mais do que tudo preconceituoso, pois é um exercício que não tem qualquer sustentação na realidade por mim vivida. Tal vez por isso mais "macacos habitem a nossa mente".

Eu sou a favor da adopção e casamento e não uso muitos "dependes" (eu percebi a brincadeira), penso no que seria viver uma vida de projectos negados à partida e tudo me parece mais óbvio.

Até os animais parecem já ter mentalidades mais abertas que nós, cadelas que adoptam porquinhos como seus filhos, cadelas que adoptam tigres como seus filhos etc...é claro que não vou falar nos progenitores que comem as crias isso não iria muito em abono da abertura de mentalidades dos animais...

5 de julho de 2005 às 23:25  
Anonymous Anónimo said...

Pessoalmente chateia-me a utilização do termo casamento noutro contexto.

Quando se dizia "fui a um casamento" toda a gente sabia que se tratava da união de um par macho-fêmea. Agora, temos de perguntar qual das possíveis combinações está em causa.

Não é conveniente alterar o significado das palavras. Se os gays querem unir-se por um contrato civil, arranjem outro nome para essa união. Não abastardem o termo casamento.

Já imaginaram a confusão que se instalava se a expressão "dar uma queca" admitisse o acto entre homossexuais? Ninguém mais se entendia. Possivelmente é isso que os gays pretendem ...

6 de julho de 2005 às 07:46  
Anonymous Anónimo said...

Joao Dias.

posto o exercicio, lidando ou nao lidando com a realidade, sendo ou nao preconceituoso, sendo seja lá o que for, nao podemos negar a existencia do obvio... que é o equilibrio existente na natureza, por alguma razao esta presente em toda a natureza um macho e uma femea, da combinaçao dos dois advem a vida (pelo menos tal como a conhecemos)e é neste padrao que ela assenta e é inevitavel. casem-se os gays casem-se os padres ou os padeiros, agora deixemos as novas almas integrarem-se na vida com um equilibrio mental necessario ao desenvolvimento pessoal.

6 de julho de 2005 às 08:22  
Anonymous Anónimo said...

Matateu...
Esse argumento é muito naturalista, ou paradoxalmente não tão naturalista visto que existe reprodução assexuada e que no caso dos cavalos marinhos o macho é que "dá à luz".
Mas usar factores naturais para justificar a discriminação de direitos é, a meu ver, uma má homenagem à natureza.
Além disso a ciência concedeu-nos a fecundação in vitro, e terá pregado uma "partida" à ordem natural das coisas? Ou será que apenas descobriu que a ordem natural das coisas é bem menos simplista do que nós queremos fazer parecer?

6 de julho de 2005 às 17:03  
Anonymous Anónimo said...

João Dias,

Atenção aos "direitos" em causa:

Uma coisa são os direitos dos homosexuais de se juntarem, casarem, etc. Isso é lá com eles, e julgo que pouca gente se preocupa verdadeiramente muito com isso.

Mas outra coisa, MUITO, MUITO diferente, é adoptar crianças, pois nesse caso eles estão a impor a uma terceira pessoa a sua opção de vida.

Por mim, não gostaria de ter sido criado por um casal de 2 homens desde que (e é o caso) houvesse casais homem/mulher que me quisessem.

Mas cada um sabe de si.
O que escrevi corresponde ao que eu sinto neste momento, mas também reconheço que o que é verdade agora pode já não ser daqui a uns anos.

As pessoas mudam, as ideias e as mentalidades também.

Duarte

6 de julho de 2005 às 18:52  
Anonymous Anónimo said...

"Mas outra coisa, MUITO, MUITO diferente, é adoptar crianças, pois nesse caso eles estão a impor a uma terceira pessoa a sua opção de vida."

Oh Duarte...
Essa desapontou-me, mas aprecio a honestidade ao dizer que o que para si é verdade agora pode não ser daqui a uns anos.
Mas os filhos algum dia escolhem os pais biológicos? Em casos de letígio matrimonial a criança (se for nova) é disputada entre pai e mãe. Esse direito das crianças escolherem os pais é um direito há muito violado. Eu cá gosto dos meus pais, mas a minha mãe não gosta do pai dela, não terá sido imposto à minha mãe um pai de quem ela não gostava?

E se por acaso tb estiver a pensar que um criança ao ser adoptada por um casal homossexual está a ser conduzidapara uma vida de homossexualidade, eu pergunto:
uma criança criada por um casal heterossexual não estará a ser imposta um conduta heterossexual? Os casais heterossexuais não têm filhos e filhas homossexuais?

6 de julho de 2005 às 19:36  
Anonymous Anónimo said...

Este é o género de discussões que, tal como as de religião e de bola, não levam a nada.

E o motivo é simples:

É que a sexualidade mexe com "coisas" que não são (ou não são apenas)do domínio do racional.

Se me perguntarem porque é que eu não consigo mexer em cobras ou comer lesmas, não conseguirei dar uma resposta que convença os que tenham gostos contrários.

Neste caso concreto, e para mim, a ideia de ter em casa "dois papás" (dos quais um com a função de papá-verdadeiro e outro com a função de mamã) ultrapassa o tolerável.

Mas há gostos para tudo e respeito-os.

Duarte

6 de julho de 2005 às 20:13  
Anonymous Anónimo said...

Não leva a lado nenhum? Não tenho tanta certeza.
Enquanto nós nos debatemos com as nossas "irracionalidades" estão pessoas a ficar diminuídas nos seus direitos, sim nos seus direitos.

Além disso não se está a pedir a ninguém que ache bonita a homossexualidade, ou que vença as suas irracionalidades, apesar de me ser pouca atractiva a ideia de relações entre homem e homem, já será mais aprazível a relação mulher e mulher, eu respeito os direitos das pessoas e quero ver alterada uma legislação que não confere direitos iguais entre homossexuais e heterossexuais.

De facto o caro Duarte não tem de mexer em cobras, simplesmente tem de permitir que os outros possam mexer em cobras (pois este exemplo é muito sugestivo).

6 de julho de 2005 às 20:29  
Blogger maria said...

Há temas que me fazem mesmo ter vontade de voltar às considerações. É o caso, aqui.
Os pontos de partida biologizantes, as perspectivas ditas "naturais" (ou naturalistas, não importa), os olhares ditos desenvolvimentistas... tudo muito radicalmente sustentado em leituras de ciência, talvez. Mas incompleto. A biologia não chega, a psicologia não chega, a filosofia não chega, a antropologia também ainda não chega... moral, cultura, religião, opção política... nada chega.
Apesar de tudo e, de nada ser suficiente, para pegar o começo da discussão e "orientar" o pensamento desde que apresentado o debate a uma conclusão pacificadora parece-me que é simples partir daqui:
(como uma frase da amnistia internacional mais ou menos assim: posso não concordar com o que dizes mas luto para que o possas dizer!)
A cada indivíduo, a garantia da sua melhor realização, do seu pleno desenvolvimento. Certo?
Ora se partirmos daqui, o que verdadeiramente importa é isso, garantir condições de harmonia, bem-estar, segurança, saúde, acesso à cultura, aprendizagem e desenvolvimento da ciência, dignidade, liberdade, fundamentos de cidadania... certo, também?
Então... algum destes "pequenos" ses da vida é incompatível com ser homem ou mulher, estar com um sujeito de sexo masculino e um outro feminino (progenitores) ou dois seres do sexo masculino ou dois do feminino?
É garante de harmonia a vida familiar "tradicional"? é Mais justa? Mais equilibrada? Mais positivamente fortalecedora de personalidades em crescimento no seu seio?... Não sei...
Não creio que esse “pormenor” da heterossexualidade (expressa, apenas!) dos cônjuges seja garante de alguma coisa, quanto mais de certo (como contraponto de errado!) no que respeita a tanta coisa, quanto mais ao pano de fundo de promoção do desenvolvimento de uma criança!
Aqui, por mim, sou bem mais favorável à adopção por quem verdadeiramente se assume capaz de assumir o contrato-para-a-vida que é um filho (uma filha) que manter dúvidas e continuar a apostar numa fórmula que (até já se viu tantas vezes) nada assegura que seja certa.
E daqui partiria em retorno para o começo: casamentos entre homossexuais… mas isso importa-me menos…

7 de julho de 2005 às 14:15  
Anonymous Anónimo said...

Parece que ainda ninguém reparou que o Lobby dos homossexuais está a criar as fundações de uma Nova Ordem em que os mesmos governam e os hoje ditos normais passam a viver em estábulos como animais de Cobrição!

8 de julho de 2005 às 02:09  
Anonymous Anónimo said...

Agora é que o/a anonymous disse tudo...

8 de julho de 2005 às 02:34  
Anonymous Anónimo said...

Agora é que o/a anonymous disse tudo...

8 de julho de 2005 às 02:35  
Anonymous Anónimo said...

Este assunto é complicado e delicado. Se não o fosse, já estaria resolvido há muito tempo, e não é o caso.

Aqui vão algumas "dicas", só para lançar a confusão:

"Dicas" «primárias»:

«A homosexualidade era aceite na Grécia antiga, mas esses casais gay não adoptavam crianças»

«Os homosexuais querem, ao mesmo tempo, o "direito à diferença" e o "direito à igualdade", o que provoca conflitos de interesses evidentes»

«Os hetero que façam as crianças; os homos que as adoptem»

«Os principais interessados (as crianças) é que deviam poder votar neste assunto!»

«O problema há-de resolver-se muito em breve, tendo em conta o poder imenso do lóbi gay na política, na Igreja e nos negócios»

--
Outras "dicas":

Numa discussão destas, os defensores da adopção de crianças por "homos" recorrem a argumentos e comparações do género:

«Entre ser-se adoptado por um casal hetero MUITO mau ou por um casal homo MUITO bom, o que é melhor?»

«Entre ser largado na selva, ou ser adoptado por um casal homo, o que é melhor?»

E por aí fora, mas o problema não pode ser visto (só) assim.

Vejamos de outra forma:

Há uma criança para ser adoptada e "n" casais que se dispõem a adoptá-la.

No caso em que tudo o resto é igual, será indiferente ser adoptado por um casal homo ou por um hetero?

No caso em que (repito) todas as outras condições são semelhantes, o casal hetero deverá ter prioridade.

L.Moreira

8 de julho de 2005 às 11:24  
Anonymous Anónimo said...

Bem...nem sei por onde começar. Vou ser acusado de conservador...mas como católico praticante, não poderia tomar outra posição.

E a minha posição é totalmente contrária ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e principalmente à adopção de crianças.

Mas o que é que é isto?? Andamos a brincar às famílias?!? Cresçam!

Quem quiser "experimentar" uma relação homosexual, que o faça - somos todos livres, desde que não perturbem os outros, com marchas "gay" e outras coisas assim, tipo "kitch".

Agora, casar para quê? E eu (mais os católicos todos) é que sou conservador...mas então não está na moda a "malta" juntar-se? Então qual é a ideia de se casarem? Não percebo, sinceramente não percebo...

Para fazer uma festa? Mas ninguém impede ninguém de fazer as festas que quiser, seja por que motivo for! Inventem uma festa de "enlace sentimental" e pronto!

Não quero parecer radical, com a pontuação que utilizei até agora; façam o que quiserem, sou liberal em relação à liberdade individual, mesmo que não concorde, também não interfiro com as opções de cada um. Jesus Cristo trouxe a Boa Nova: Amai-vos uns aos outros como o Pai vos amou.

Por isso, tudo o resto são questões de pormenor.

Todavia a adopção de crianças é que me parece ir um pouco longe de mais. Sinceramente não me escandalizam as ligações homosexuais, embora pessoalmente não concorde com elas. Agora, quando se "brinca" com a vida de terceiros, aí o caso muda radicalmente. Como pai e educador de 2 filhos, não consigo imaginar os problemas que teria uma criança adoptada por um casal gay. Seria "gozada" na escola, pelos amigos, pela sociedade.

Há anos, existia um estigma na sociedade, os filhos de "pai incógnito". Algo terrível! Lembro-me de colegas nessa situação. Quando perguntávamos quem era o pai, ou tinha de preencher algum documento (tipo matrícula na escola, ou para exames) era sempre sujeito a um vexame incrível e terrivelmente humilhante.

A situação em discussão, poderia criar problemas idênticos.

Esta é a minha posição, contudo não definitiva. Lá diz na Bíblia: nunca digas desta água não beberei...

JESCA

9 de julho de 2005 às 12:07  

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