Apenas um exemplo, evidentemente
- Melhor, minha filha! É importada!
AINDA não se falava de globalização, quando sucedeu o que seguidamente se conta:
Um belo dia, na Câmara dos Lordes, um dos presentes, ao tomar o seu chá, descobriu, para sua grande surpresa, que a colher que tinha na mão não era «Made in England»; e reza a História que, logo que pôde, pediu a palavra, transformou o espanto em revolta, e trovejou:
- Que diabo de indústria é a nossa, que não é capaz de fabricar simples colheres de chá?!
Possivelmente, tratara-se apenas de um descuido do real economato, mas o que ficou subjacente à rábula (que teve bastante repercussão no país e chegou até cá) foi a legítima preocupação do cavalheiro pela indústria do seu país.
Quanto a Portugal... oh!, como somos pouco amigos de nós próprios!
Como é que é possível, p.ex., que eu vá ao Pingo Doce comprar maçãs e só possa escolher entre as do Chile, as da Argentina e as da ultra-subsidiada França?
Fico muito feliz por poder adquiri-las, é claro, mas não haverá MESMO possibilidade de colocar ali (nem que seja para amostra - ou até mais caras, se o problema for esse), um quilo ou dois de maçãs portuguesas?
Um belo dia, na Câmara dos Lordes, um dos presentes, ao tomar o seu chá, descobriu, para sua grande surpresa, que a colher que tinha na mão não era «Made in England»; e reza a História que, logo que pôde, pediu a palavra, transformou o espanto em revolta, e trovejou:
- Que diabo de indústria é a nossa, que não é capaz de fabricar simples colheres de chá?!
Possivelmente, tratara-se apenas de um descuido do real economato, mas o que ficou subjacente à rábula (que teve bastante repercussão no país e chegou até cá) foi a legítima preocupação do cavalheiro pela indústria do seu país.
Quanto a Portugal... oh!, como somos pouco amigos de nós próprios!
Como é que é possível, p.ex., que eu vá ao Pingo Doce comprar maçãs e só possa escolher entre as do Chile, as da Argentina e as da ultra-subsidiada França?
Fico muito feliz por poder adquiri-las, é claro, mas não haverá MESMO possibilidade de colocar ali (nem que seja para amostra - ou até mais caras, se o problema for esse), um quilo ou dois de maçãs portuguesas?
7 Comments:
Como digo no título, trata-se apenas (por falta de espaço)de um exemplo.
O alarme que todos os dia soa (e hoje ouvimo-lo novamente), com a queixa de que as importações portuguesas sobem demais, bem merecia uma campanha cívica a favor de produtos nacionais(pelo menos alguns)!
A nossa auto-estima não vai além da bola.
Dizia ontem um sr. na TV:
«O Chelsea de Mourinho, a equipa mais portuguesa de Inglaterra, etc.»
-
Os franceses compram Citroen e Renault; os alemães, BMW, VW e Audis...
E não o fazem só pelo preço mas também devido ao que nos falta:
Auto-estima, mas uma auto-estima que vá para além do EURO-2004, do "Milan de Rui Costa" e do "Chelsea de Mourinho".
A nossa auto-estima existe, sim, mas é com outro significado:
A exagerada «estima-pelo-auto...móvel»
Eu já sabia, por experiência própria, que a cereja da Cova da Beira é da melhor que há. Há algum tempo, li na imprensa uma entrevista de um produtor, na qual ele dizia que os espanhóis consideravam mesmo extraordinário o sabor daquela cereja. Nas duas semanas seguintes procurei cerejas em dois hipermercados de Lisboa. Cerejas portuguesas? Não havia. Tive de comprar espanholas, mas só uma vez, porque sabiam a nada. O mesmo com as laranjas espanholas, os pêssegos espanhóis ou argentinos, etc. Como as coisas estão, qualquer dia já só encontrámos vinho branco chileno (bastante bom, devo dizer, pois quando andei pelo Oriente só havia desse); ou da Austrália, que também não é mau. E isto é porque o da Califórnia não chega para exportar. Mas há quem goste. Quem vá a Londres ou a Paris aos saldos, para verificar que os vestidos ou os fatos são, muitos deles, "made in Portugal". Comprados mais baratos lá do que cá. Porque, os produtores de fruta do oeste ou algumas comunidades de pescadores ou os produtores de batata de Trás-os-Montes preferem deitar a produção para o lixo e clamar por subsídios do governo (nossos, dos pagadores de impostos), em vez de se organizarem para fazer valer a sua produção. Todos do mesmo lado só mesmo quando é para reclamar e exigir subsídios. Ainda mais. Há um mês comprei melão branco, da zona de Santarém, a 28 cêntimos num hipermercado de Lisboa, no Sábado. No Domingo desloquei-me àquela região para visitar familiares e vi, com espanto, o melão a ser vendido à beira das estradas a 50 cêntimos (mais 79%).
CC
Respondendo â pergunta na entrada, possivelmente sim, custaria bastante adicionar um ou dois quilos de maça portuguesa - há toda uma logistica, quantidades minimas, custo do espaço.
O problema nao é esse, o problema é os portugueses nao apreciarem o produto nacional, e não falo da qualidade que costuma ser melhor, mas da "marca portugal". Aqui onde vivo todos os super vendem produtos locais sempre que possivel e cobram mais caro por isso do que se fossem espanhois. Há coisa de um ano, apareciam as primeiras bagas no mercado, vi uma senhora de idade entrar num super e, tinham uma banca com bagas e frutos à parte, perguntou, sobre as franboesas ou os mirtilos:"de onde são?"
Qd a outr alhe disse que eram estonios, disse que preferia esperar...
Perto do Pingo Doce que eu refiro, existe um A.C.Santos, onde (aí, sim) há algumas maçãs portuguesas.
Mas a referência até está envergonhada:
Indica «Port», apenas. Até podia ser Porto-Rico!
Com o título reduzido a «Made in Portugal» e sem o último parágrafo (porquê?!) publicou hoje o «DN» esta carta, escrita a-meias com o leitor Claudino Caridade:
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FACTOS E FATOS «MADE IN PORTUGAL»
Ainda não se falava de globalização, quando sucedeu o que seguidamente se conta:
Um belo dia, na Câmara dos Lordes, um dos presentes, ao tomar o seu chá, descobriu, para sua grande surpresa, que a colher que tinha na mão não era «Made in England»; e reza a História que, logo que pôde, pediu a palavra, transformou o espanto em revolta, e trovejou:
- Que diabo de indústria é a nossa, que não é capaz de fabricar umas simples colheres de chá?!
Possivelmente, tratara-se apenas de um descuido do economato real, mas o que ficou subjacente à rábula (que teve bastante repercussão no país e chegou até cá) foi a nobre e legítima preocupação do cavalheiro pela economia do seu país.
Quanto a Portugal... oh!, como somos pouco amigos de nós próprios!
Como é possível, p.ex., que se vá a um supermercado comprar maçãs e só possamos escolher entre as do Chile, as da Argentina e as da ultra-subsidiada França?
Ficamos muito felizes por poder adquiri-las, é claro, mas não haverá MESMO possibilidade de colocar ali (nem que seja para amostra - ou até mais caras, se o problema for esse), um quilito ou dois de maçãs portuguesas?
Mas há inúmeros outros exemplos:
Todos sabemos que a cereja da Cova da Beira é da melhor que há, e até já veio na imprensa uma entrevista de um produtor que dizia que os espanhóis consideravam extraordinário o seu sabor.
Pois dificilmente se encontram nos hipermercados de Lisboa onde, em compensação, encontramos facilmente as... espanholas (!).
O mesmo sucede com as laranjas espanholas, os pêssegos espanhóis ou argentinos, as bananas da América-do-Sul, etc. No ponto em que as coisas estão, qualquer dia já só encontramos vinho do Chile ou da Austrália - e só porque o da Califórnia não chega para exportar.
Recentemente, podia ver-se, num hipermercado de Lisboa, melão branco (da zona de Santarém) a 28 cêntimos. No mesmo dia era vê-lo, à beira das estradas - da mesma zona de Santarém! - a ser vendido a 50 cêntimos - quase o dobro!
Porque será que alguns produtores de fruta, pescadores, ou produtores de batata preferem deitar a sua produção para o lixo e clamar por subsídios do governo em vez de se organizarem para fazer valer a sua produção? Todos do mesmo lado, só mesmo quando é para reclamar e exigir subsídios?
E quando se vai ao estrangeiro e se constata que os vestidos ou os fatos são, muitos deles, "made in Portugal" e mais baratos lá do que cá? Assim não vamos longe, de
fa(c)to...
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Medina Ribeiro
e
Claudino Caridade
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