5.8.05

JÁ AQUI se referiu várias vezes que a maior parte dos gestores (e não nos esqueçamos que os políticos são-no) gostam muito de se gabar que são muito bons a resolver problemas.
Ora, isso é o mínimo que qualquer aprendiz faz.
O bom gestor, além de resolver os problemas, antecipa-os e evita que surjam.


Confrontado com a falta de meios adequados para combate aos fogos (meios que pertençam ao Estado e dispensem o seu aluguer a particulares - como actualmente sucede por estas alturas), Ascenço Simões informa-nos que o problema está a ser resolvido.
Ou melhor: está em estudo. Para o efeito, foi nomeada uma comissão...
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Correcção:
Segundo o «Público» de 7 Ago 05, essa tal comissão ainda nem sequer existe. Vai ser criada!
Com um pouco de sorte, talvez já esteja em funções uma comissão encarregada de criar outra comissão que será encarregada de criar outra comissão... e por aí fora, até à náusea.

2 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Publicado hoje no blogue «ABRUPTO»:
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O Orador (Vitalino Canas, que se seguia a António Costa que tinha feito uma intervenção no mesmo sentido):

- A pergunta que se coloca é a seguinte: terão hoje o Primeiro-Ministro, o Ministro da Administração Interna e os restantes Ministros coragem para dizer, olhos nos olhos, às populações, aos bombeiros, aos autarcas que o Governo fez tudo o que podia fazer?!

Aos autarcas e às populações que se queixam de deficiências de coordenação, de modo generalizado, de falta de meios, de terem de combater os fogos sozinhos, de deficiências operacionais, pode o Governo dizer que nada disso é verdade?!

Não se trata apenas de admitir que o sistema teve falhas, como já fizeram o Primeiro-Ministro, o Ministro da Administração Interna e também, agora, o próprio Presidente do SNBPC. Trata-se de admitir com humildade que o Governo falhou. E falhou, desde logo, quando menosprezou os avisos que em tempo útil, muito antes de Agosto, lhe foram endereçados com serenidade, equilíbrio e responsabilidade.

Que maior exemplo de falha do Governo e do sistema que montou se pode apontar do que o facto de o Governo ter demorado vários dias a aperceber-se da gravidade da catástrofe?

Já o Sr. Presidente da República andava há vários dias no terreno sugerindo, aliás, a declaração de calamidade pública e ainda o Sr. Primeiro-Ministro, após o Conselho de Ministros do Porto, desvalorizava a situação e se mostrava confiante na adequação dos instrumentos mobilizados pelo Governo para enfrentar essa mesma situação!

Enganaram o Primeiro-Ministro ou enganou-se este redondamente. Qualquer das hipóteses é, obviamente, grave.

(IX Legislatura - 1.ª Sessão Legislativa (2002-2003) Comissão Permanente - Reunião de 14 de Agosto de 2003)

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Segue-se, a essa transcrição, o comentário de Pacheco Pereira:

«Todo o debate sobre os fogos é um documento exemplar do que está mal na nossa política puramente posicional (o que se diz na oposição é o contrário do que se diz no governo e vice-versa), que tem desacreditado o PS e o PSD. Aqui a vergonha é do PS e estas palavras devem servir para "ler" o que diz hoje António Costa, um dos participantes do debate de 2003 e hoje Ministro com responsabilidades no sector, substituindo o Primeiro-ministro que está em férias».

6 de agosto de 2005 às 13:59  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Um texto que faz agora... 2 anos!

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CHAMUSCADO

Conheci em tempos uma velhinha que costumava vestir-se com grande garridice e a quem a rapaziada perguntava:

- Ó Sra. Maria, quando é que se casa?

- P' ró ano, p' ró ano... - era a invariável resposta, de que sempre me recordo quando ouço responsáveis prometerem coisas «p' ró ano» - o que acontece, por exemplo, estando em causa fogos florestais.

Quando, um dia destes, perguntaram a Figueiredo Lopes por que não foram postas em prática medidas de prevenção e combate há muito anunciadas, ele respondeu que não discutia essas coisas «a quente». E também ficámos a saber que 2003 é uma espécie de balão-de-ensaio («p' ró ano» é que vai ser a sério - desde que ainda haja alguma coisa para arder).

Entretanto, vale a pena matutar nesta notícia do «Público»:

«Basta utilizar um satélite e um sistema de processamento de imagem digital para que o risco de incêndios de grandes proporções (...) possa ser minimizado. (...) Houve até já uma demonstração, em Fevereiro, e está tudo a postos para arrancar. Mas aguarda-se, desde então, que o Ministério da Administração Interna compre o "hardware" necessário para pôr a iniciativa em marcha».

Claro que o dinheiro não dá para tudo (mais de 8 milhões são para os GNR que vão para o Iraque), mas o problema pode ter sido outro:

Conhecendo-se a «inforfobia» reinante em tantos serviços do Estado, é possível que alguém tenha olhado de esguelha para o referido programa informático e torcido o nariz ao ouvir falar em «hardware»:

- Hum... Nisto de fogos há que desconfiar das coisas começadas por «arde»...

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"EXPRESSO"-"Carta Branca",9 Ago 03

7 de agosto de 2005 às 19:29  

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