Por respeito ao citado...
COMO o país atravessa uma crise económica e financeira, é natural que, aos olhos de muitos eleitores, Cavaco Silva (como pessoa entendida nesses assuntos) apareça com vantagem sobre Mário Soares nesses aspectos.
Como se sabe, este procurou defender-se citando Fernando Pessoa quando este refere "Jesus Cristo / Que não sabia nada de finanças".
Ora, quando há citações, muitas vezes os citados (ou os atingidos) alegam que as frases foram retiradas do contexto - e talvez fosse esse o caso se o poeta fosse vivo.
Mas também podemos pensar que Mário Soares (que tem fama de "se estar nas tintas" para o estudo dos dossiês e de encarar o exercício do poder como algo de lúdico) subscreve, de boa vontade, o poema todo - e só não o declamou na íntegra por falta de tempo...
(Ver em «Comentário-1»).
Como se sabe, este procurou defender-se citando Fernando Pessoa quando este refere "Jesus Cristo / Que não sabia nada de finanças".
Ora, quando há citações, muitas vezes os citados (ou os atingidos) alegam que as frases foram retiradas do contexto - e talvez fosse esse o caso se o poeta fosse vivo.
Mas também podemos pensar que Mário Soares (que tem fama de "se estar nas tintas" para o estudo dos dossiês e de encarar o exercício do poder como algo de lúdico) subscreve, de boa vontade, o poema todo - e só não o declamou na íntegra por falta de tempo...
(Ver em «Comentário-1»).
22 Comments:
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Um comentário apenas para lembrar que,SE o Professor Cavaco Silva se candidatar(porque até agora ainda não sabemos...aliás como já é hábito neste sr.)é a Presidente da República e não a 1º Ministro!!!
É preciso não esquecer que existem diferenças nos cargos!!!
Jona,
Claro.
Na realidade, um PR não precisa saber nada de nada.
Mas uma coisa é isso, outra (um pouco diferente...) é gabar-se da sua ignorância.
Dizia uma empresa de formação:
«Se acha que o saber é mau, então experimente a ignorância».
Neste caso, nem Cavaco nem Soares precisam de saber de Economia nem de Finanças.
Mas, sendo esse um problema real, quem sabe leva alguma vantagem.
Joana:
Não percebi o que quis dizer com o seu comentário. Poderia ser mais clara.
Acho que a maior parte dos Portugueses sabem que existe uma diferença entre PM e PR, mas segundo o seu comentário, a diferença principal parece ser que um destes cargos está mais associado aos inaptos, ou seja: Se perceberes de alguma coisita poderás ser PM, se não perceberes de nada mas tiveres nome e apoio partidário poderás chegar a PR - Será isto???
O assunto tem contornos curiosos:
Na Função Pública exige-se o 9º ano de escolaridade, e existe um limite-de-idade (65 ou 70 anos, já nem sei). E não é por acaso, claro.
Estranhamente, para se ser governante ou PR nada disso é exigido: basta que seja português de origem, que tenha mais de 35 anos de idade e esteja no gozo dos seus direitos cívicos!
E isso é que é espantoso - mas MS não tem culpa, é claro.
Quanto ao facto de um PM ter de governar e um PR não, isso também é verdade... teoricamente.
Mas veja-se o que foi o 2º mandato de Soares, sempre a interferir na governação do outro.
Pelo que se sabe deles (Soares pelo que já fez e Cavaco pelo que já foi), é de desconfiar que ambos se preparam para interferir na governação.
Ora, «se tem de ser assim, que o faça quem estiver melhor habilitado para o fazer».
Mas isso é como o assunto aparece aos olhos dos eleitores.
Por mim, pode vir o Diabo escolher.
Não tenciono votar em nenhum deles nem mesmo nos outros que se anunciam.
Talvez no Manuel João Vieira, dos "Ena-pá 2000" ou na Manuela Magno. Veremos.
C.E.
Também nenhum dos dois me convence:
Cavaco, por ser um inculto; Soares por ser um troca-tintas.
Duarte
Não, o que eu quis dizer é que (não tem que ser o seu caso...)muitas pessoas confundem a função de Presidente com a função de 1º Ministro, ou seja, não vamos pensar que a pessoa que for agora para a Presidência da República tem que ser o "salvador" desta crise e ser entendido em finanças!..não devemos associar um Presidente a um inapto só porque as finanças não são a sua área!
Foi só isto que eu quis dizer...
Só para acrescentar que um Presidente também não deve ser associado a um ignorante por não saber de finanças!
Joana,
Diz, e é verdade, que «muitas pessoas confundem a função de Presidente com a função de 1º Ministro».
Ora o que sucede, como digo, é que Soares já deu mostras, no seu 2º mandato, de ser ele a fazer essa confusão; pelo menos, não se inibiu de interferir na governação - e de que maneira!
O outro, pelo feitio que lhe conhecemos e por ter sido governante, também não dá indícios de ficar quieto se (a seus olhos) vir que o governo está a governar mal.
--
Posto isto (como diz o Prof. Marcelo...), e como Sócrates & Cia. também parecem não ter "pedalada" para o lugar, até pode nem ser mau que o PR dê um puxão-de-orelhas aos governantes.
Façamos um exercício de raciocínio:
Se um português-médio tivesse um negócio e precisasse de alguém para o gerir (ou apenas fiscalizar) em quem confiava mais?
Goste-se ou não, a resposta (aliás, intuitiva!) está dada no Expresso de sábado passado...
--
O grunho-lusitano quer lá saber se o homem fala com a boca cheia, ou se leu Os Lusíadas ou se fica baralhado com o Thomas Mann!
Mas agrada-lhe a ideia de um PR que controle (e meta na ordem, se necessário) um governo de que desconfia cada vez mais.
E quanto mais "barracas" Sócrates der, mais a malta vai votar no Cavaco.
Finalmente: fez MUITO mal Soares em colar-se ao PS (e dizer que só avançou depois de ter o apoio do Partido).
Tal como Jerónimo e Louçã, perdeu toda a distanciação necessária, pois é suposto um PR "nascer" ao contrário: lançar-se, e só depois é que os partidos o apoiam ou não.
C.E.
Penso que a transcrição que se segue explica muita coisa.
"O sistema semipresidencial, em que o Governo depende não só da confiança do Parlamento mas também da confiança de um Chefe do Estado directamente eleito pelo povo, pode ser mais benéfico para a consolidação da democracia. Mas é importante que a natureza híbrida do sistema não envolva uma partilha do poder executivo entre o Presidente e o primeiro-ministro, contrariamente ao que acontece em França. A actividade executiva do Presidente deve ser muito limitada. Em Portugal, o Presidente da República nomeia o primeiro-ministro, tendo em conta os resultados eleitorais, e pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, depois de ouvido o Conselho de Estado. Os ministros são nomeados pelo Presidente sob proposta do primeiro-ministro. O Governo só está em pleno exercício de funções se o seu programa não for rejeitado pelo Parlamento. O Governo pode ser derrubado pela aprovação de uma moção de censura. O poder de dissolver o Parlamento pertence ao Presidente. O facto de o Presidente ser directamente eleito pelo povo confere-lhe uma especial legitimidade e uma acrescida capacidade de intervenção e influência política, apesar de não dispor de autoridade executiva. O risco de eventuais conflitos entre o Presidente e o Governo afectarem a eficiência e a coerência das políticas não é, normalmente, elevado. O Governo dispõe de amplos poderes de legislar por decreto, mas está sujeito ao controlo político quer do Parlamento, que pode chamar os decretos a ratificação, quer do Presidente que, além do poder de veto, pode pedir a intervenção do Tribunal Constitucional. O sistema semipresidencial pode, portanto, através da acção e influência do chefe de Estado, induzir um desempenho mais eficiente do Governo e maior transparência política, assim como pode estimular o consenso nas decisões e impedir a tentação de um Governo maioritário ignorar a voz dos partidos da oposição e os interesses das minorias. O Presidente da República favorece o equilíbrio do sistema de Governo, facilita a resolução de crises políticas e desempenha um importante papel moderador, contribuindo para reduzir as tensões sociais e para impedir eventuais atitudes extrademocráticas de grupos oposicionistas.(...) O sistema semipresidencial em que o chefe do Estado não dispôe de autoridade executiva, combinado com um método eleitoral proporcional que não dificulte a formação de maiorias parlamentares, parece ser a melhor solução para alcançar os resultados económicos que são essenciais para fortalecer a consolidação das novas democracias"
Aníbal Cavaco Silva, de um artigo publicado no Expresso de 10.9.05, pertencente a um texto apresentado em Setembro de 2003 numa iniciativa do Clube de Madrid.
Este outro texto também me parece muito "interessante"!
Texto: Vasco Pulido Valente
1. No princípio de Janeiro de 1985 e estávamos em pleno «Bloco Central»,
quando pedi ao dr. Mário Soares que me respondesse a um questionário
académico sobre o papel do Primeiro-Ministro. Não lhe falava desde 1979. Ele
não tinha apreciado a Aliança Democrática e proclamara, em círculos
indiscretos, que me achava «telhudo». Para meu espanto, ele disse que sim e,
no encontro, foi extravagantemente amável. À saída, chegou mesmo ao excesso e
requinte de ir comigo ao elevador do 2° andar de S. Bento e de me oferecer os
seus inestimáveis serviços. Estas vénias, eram tanto mais prodigiosas, quanto
ele não ignorava que o «telhudo» escrevia semanalmente sobre ele no Diário de
Notícias, coisas celeradas e pérfidas, com o objectivo confesso de o remover
de Primeiro-Ministro.
Houve outros sinais: um sorriso cúmplice do dr. Almeida Santos que me
inquietou; um beijinho público da dra. Maria de Jesus, que me sobressaltou;
abraços efusivos de obscuros amigos da família, que me atrapalharam; a
remessa de livros com efusivas dedicatórias; e meia dúzia de jantares sem
objecto.
Admito que à época, sendo muito ténue a minha percepção da realidade
exterior, não dei por eles. Ou, pelo menos, não lhes atribuí especial
importância. Tirando o estrito e trôpego cumprimento das minhas obrigações na
Universidade Católica e no ICS, passava os dias e as noites na cama a embeber
o espírito em espíritos e a reler a obra completa de Ludlum.
Só quando António Barreto voltou de um retiro sabático, o caso se esclareceu.
O dr. Mário Soares desejava que a minha ornamental pessoa apoiasse a sua
candidatura à Presidência da Republica. António Barreto não forneceu
pormenores sabre a natureza desse apoio e devo admitir que o assunto também
não me interessou. A especialização em Ludlum não me parecia auspiciosa e
achei genericamente que sair de casa, fosse para eleger o dr. Soares ou sr.
Justerini Brooks, me fazia bem.
Os trabalhos começaram em Fevereiro ou Março em S. Bento, e consistiam num
jantar hebdomadário do presumível candidato com Vítor Constâncio, com Jaime
Gama, com António Barreto e comigo, a que intermitentemente assistia um
indivíduo denominado Gomes Mota. Nunca percebi as funções desta
extraordinária «comissão que, por motivos fáceis de apreciar, e apesar de
toda a evidência em contrário, não existia. Vítor Constâncio e Jaime Gama
ocupavam preâmbulo com hiperbólicos elogios ao «Mário». Constâncio declarava
o ultimo discurso do «Mário» em Aljustrel «magnífico» e, saltando na cadeira,
Jaime Gama declarava «magnifico» o ultimo discurso do «Mário» em Aljustrel.
Ou Gama declarava «genial» a ultima entrevista do «Mário» e Constâncio
ponderadamente explicava que ninguém podia deixar de compreender a
«genialidade» da ultima entrevista do «Mário». O «Mário» ouvia estas
inanidades com deleite, em parte por elas próprias, em parte porque
visivelmente apreciava a competição das duas crianças pelo seu favor. O sr.
Ministro dos Negócios Estrangeiros e o sr. Governador do Banco de Portugal,
entretidos um com o outro, não se coibiam. Para nós, para mim e o António
Barreto, eles eram o Dupont e o Dupond da lenda e o pretexto de grandes
galhofas post-prandiais. Mas nem Dupont do banco, nem o Dupond do ministério
se incomodavam com a situação. Em ambos luzia a astuciosa ideia de que em
Belém, Soares não tencionava com certeza continuar secretário-geral do PS e
ambos visivelmente imaginavam que o chefe os distinguia a bifes e batatas
fritas com o secreto intuito de escolher um deles para lhe suceder.
Nunca houve uma conversa útil nesses jantares. Houve especulações ociosas
sabre os planos do general Eanes, sabre os presumíveis candidatos da Direita
(Firmino Miguel, Lemos Ferreira, Freitas) e sabre as mirabolantes intrigas do
PSD. Soares contava firmemente com os votos do PSD. O Dupont e o Dupond
concordavam e Gomes Mota sibilava fragmentos de frases subtis sabre a
Esquerda. Outra escola de pensamento, representada por Barreto e por mim,
exprimia algumas duvidas sabre o amor do PSD ao candidato, cepticismo que o
candidato tolerava com dificuldade e por mero respeito pela liberdade de
expressão. Tinha um acordo leonino com Mota Pinto, segundo o qual o PSD se
comprometia a sustentar o «Bloco Central» até 1987 e não lhe embaraçar as
ambições a Belém. Entretanto, vinham a Lisboa «especialistas» alemães e
americanos oferecer o benefício da sua experiência. Apareciam com zelo e
desapareciam com angústia. Ninguém sabia quem era a oposição. Ninguém sabia
se Mota Pinto se aguentava na presidência do PSD. Ninguém sabia se Eanes,
invocando eventuais desordens no «Bloco Central», inteiramente prováveis, não
acabava por dissolver a Assembleia da Republica. Ninguém sabia nada sobre
coisa nenhuma. E Soares menos do que todos.
De repente, em algumas semanas, caiu o tecto. Mota Pinto, humilhado num
Conselho Nacional, abandonou o governo e, para o lugar dele, foi
interinamente Rui Machete. Depois, Mota Pinto morreu. E o Congresso do PSD,
marcado para a Figueira da Foz, ficou, por assim dizer, sem dona. Que chefe
iria produzir aquela desvairada congregação? O enérgico Salgueiro? O coleante
Marcello? Pior ainda? Em S. Bento, o candidato berrava como um possesso. Numa
tarde qualquer de Maio, recebi um recado para comparecer urgentemente no
futuro «espaço Valbom», um prédio em carcaça com meia dúzia de quartos
alcatifados. Lá dentro, rodeado por uma corte fúnebre, Soares tentava não
aliviar a raiva, partindo cadeiras na cabeça dos dignitários. Logo que entrei
mandou calar a canzoada. Precisava de me fazer uma pergunta, uma pergunta
fatídica: «Quem é esse Cavaco?».
Pulidamente, inquiri a razão do interesse. A minha vida, oscilando entre a
baixa literatura e um alto sentimento, não me permitia seguir com minúcia as
peripécias da política partidária. Soares respondeu, atirando-me um jornal
por cima da mesa. O jornal informava o público que o Prof. Cavaco Silva fora
eleito presidente do PSD. Coube-me, pois, a honra de ser o primeiro a
instruir o dr. Mário Soares sobre a natureza da criatura. Registo o profético
sumo das minhas palavras: «Não se aproxime dele, não lhe fale, não lhe toque.
Não se convença que negoceia com ele. Ele não gosta de negócios, só gosta de
contas, e desconfia de si (para pôr as coisas com brandura). Demita-se
imediatamente. Informe o país que se fartou das loucuras do PSD e que o PSD
quer subverter a ordem e matar os portugueses à fome. Exija eleições. Mas não
se meta com o homem».
O candidato sorriu com estes exageros. Pretendia que Eanes não dissolvesse a
Assembleia da República e, depois de 15 de Julho, Eanes ficava
constitucionalmente impedido de a dissolver. Cavaco («É Cavaco que ele se
chama, não é?») percebia com certeza as óbvias vantagens de evitar o
«eanismo» Ou não? Por cinco ou seis semanas, que diabo? Ou não? Asseverei-lhe
que não, contemplando a capa dos «Pára-quedas e beijos»., de Erica de Jong,
adquirido pouco antes numa tabacaria. Ele não se convenceu.
Quase no fim dos «Pára-quedas e beijos», o telejornal mostrou o dr. Mário
Soares recebendo na sede do PS o Prof. Cavaco Silva. Os jantares de S. Bento
foram definitivamente interrompidos e as conferências no «espaço Valbom»
também. O Prof. Cavaco levou dez dias a desfazer o «Bloco Central» e o
general Eanes mais cinco ou seis a desfazer a Assembleia. Marcaram-se
eleições para Outubro e a Fundação Gulbenkian deu-me um subsídio para passar
três meses em Oxford. O candidato sem dúvida ruminava vinganças em Nafarros.
Descansei. Mas, na véspera de me ir embora, através de uns «serviços»
anónimos o dr. Mário Soares mandou-me de novo apresentar no «espaço Valbom»,
«espaço» esse em que por um triz não caí do quarto andar pelo buraco do
elevador. Na sala para onde me levaram, algumas notabilidades do PS
cochichavam em pequenos grupos. Escondi-me atrás de António Barreto e, com
serenidade, esperei os acontecimentos. Passados dez minutos, o candidato,
seguido pela sombra submissa do dr. Almeida Santos, abriu a porta e
designando a assistência com um dedo irritado, anunciou: «Vocês são todos da
minha comissão politica». Estabelecido isto e extintos os murmúrios de gozo,
começou benevolentemente a expor os seus planos.
A essência desses planos era que ele tinha resolvido dedicar-se sem reservas
a sua candidatura. Isto pareceu animar de sobremaneira um considerável número
dos presentes. Houve mais murmúrios de gozo, sorrisos e meneios aprovadores.
Por insondáveis caminhos, a salvação chegara. Chegara, todavia, sob a forma
equívoca do dr. Almeida Santos. Como o candidato, se apressou a elucidar os
hereges, cabia a essa formidável figura, e seu querido amigo, substituí-lo no
partido e no governo, enquanto ele tratava de se alçar a Belém. A gente do
PS, já obviamente informada desta extraordinária escolha, não exibiu
surpresa. Reparei então na ausência gritante dos gémeos Dupont e Dupond, cujo
nariz não se tornou a ver durante a campanha. E reparei também na aura de
glória e modéstia que descera sobre o crânio pontiagudo do eleito e na
solicitude com que o sindicalista Torres Couto lhe servia um copo de água.
Foi um momento de grande emoção.
Almeida Santos bebeu um golo de água, aconchegou a sua fulgurante gravata ao
peito e dirigiu-se gravemente aos «comissionados». Ele, Almeida Santos,
aceitara sacrificar-se pelo «Mário» e pelo partido. Não ocultava, no entanto,
o seu embaraço. Tomava a responsabilidade de conduzir o PS às eleições
legislativas, mas, se as ganhasse, quem de facto as ganhava era o «Mário», ao
passo que, se as perdesse, as perderia sozinho. Numa palavra, ele, ele
próprio, perderia sempre. O tom em que revelou este doloroso dilema,
subentendia uma sábia resignação à injustiça humana e o estóico desejo de
ajudar «o Mário».
Considerando o episódio encerrado, «o Mário» mudou prestamente de assunto. As
coisas estavam um bocado complicadas, admitiu. «Tinha-lhe morrido o Mota
Pinto» e, agora, à Direita, aparecia o Freitas (em vez de um general) e «esse
Cavaco», que apoiava o Freitas. Os comunistas, claro, não contavam. Por
conseguinte, ele precisava do eleitorado do «centro». Ou seja, o PS precisava
de atrair para uso posterior o eleitorado do «centro», com uma campanha
moderada e um bom resultado nas legislativas. Quanto ao PSD, ele conhecia o
peso: era quase tudo também gente do «centro», gente moderada, que detestava
o CDS e o Freitas. Apesar de Cavaco, aliás uma aberração temporária, o PSD
votaria nele. Em resumo, a soma era simples: 32 ou 33 por cento do PS mais 22
ou 23 por cento do PSD igual a 55 ou 56 por cento à primeira volta.
A «comissão», maravilhada com a subtileza do candidato e a luminosa argúcia
dos seus cálculos, sobrou num silêncio reverente. António Barreto, gelado de
espanto, examinava o infinito. O meu avião partia para Inglaterra dali a umas
horas. Pus o braço no ar. O candidato resignou-se a ouvir as minhas
desconcertadas opiniões. Ofereci duas. A de que, tirando talvez o dr. Rui
Machete, não existiam PSD's, «moderados» ou «do centro»; e a de que o dr.
Almeida Santos, sendo uma patente emanação do dr. Mário Soares, não podia nem
ganhar nem perder eleições. Sobretudo, ao contrário do que ele supunha, não
as podia perder. O candidato não se comoveu. Agarrou num molho de papelada,
levantou-se e disse vagamente na minha direcção: «Isso é o que você pensa».
Depois deste irrespondível argumento não valia a pena continuar o debate e a
assembleia desfez-se. Despedi-me de António Barreto à porta do «espaço
Valbom», com muita pena dele e ainda mais pena de mim. Mas, não me lembro
porquê, à noite decidi telefonar ao dr. Mário Soares para repetir o sermão e
acrescentar que o dr. Almeida Santos, sem desprimor, representava para a
generalidade dos portugueses o pior do PS. O dr. Mário Soares bufava. «Vai
ser um desastre», avisei-o. «Não se rale», respondeu ele quase a estoirar,
«se for, a culpa é minha».
2. No domingo, 6 de Outubro de 1985,o PS foi reduzido a metade pelo PRD.
Terça-feira, o meu avião aterrou em Lisboa por volta das quarto da tarde e,
às cinco em ponto, entrei com malas e sacos de plástico, contendo garrafas,
na sede do MASP. A reunião da «comissão política», convocada na véspera,
destinava-se a discutir «a conjuntura». O candidato ficou assaz surpreendido
quando me viu aparecer e houve uma pequena comoção na assistência, que
aliviou o seu estado de profundo estupor. Sentei-me ao lado de Alfredo
Barroso que me resumiu eloquentemente a situação, mostrando o branco do olho.
Do outro lado da mesa, António Barreto riu-se por debaixo das barbas.
Em três meses e meio, a «comissão política» adquirira mais nove ou dez
membros, entre os quais distintas inteligências como Manuel José Homem de
Mello, Joaquim da Silva Pinto, Clara Junqueiro e «o nosso jovem», vulgo José
Apolinário. A conversa consistia em uivos, lamúrias e frases protocolares de
confiança. Pairava um ódio especial à «santinha da Ladeira», Manuela Eanes, e
os espíritos sofisticados autorizavam-se algumas lucubrações sobre os
propósitos dela e do marido. O candidato, de bochecha pendente, meditava ou
berrava com os subordinados que entreabriam a porta, sussurrando coisas.
Quando chegou a minha vez, pretendeu saber a opinião fresca de um viajante.
«A culpa é sua», declarei com a máxima humildade. Isto surpreendeu-o e fê-lo
arrebitar a orelha. Para ele, a culpa era manifestamente de Almeida Santos.
«O senhor é que me disse», insisti muito melífluo. «Não se lembra? O senhor
disse: você não se rale, se for um desastre, a culpa é minha». Aqui o
candidato percebeu o pendor geral da conversa e acabou com ela: «As culpas
não interessam. Não interessam nada. Se quer dar a sua opinião, dê. Mas não
se ponha com essa história das culpas».
Obedeci. Dali em diante, guardei as minhas opiniões para o Monte Carlo e para
a Colombo, onde me consolava com vodka e com António Barreto (e, a seguir,
com Alfredo Barroso e António-Pedro de Vasconcellos), enquanto as sondagens
vagueavam entre os 8 e os 10 porcento. Introduziu-se, por essa altura, na
cabeça do dr. Soares a extraordinária noção de que, estando os portugueses
«zangados» com ele, o caso se resolvia se ele escrevesse aos portugueses uma
carta simpática, aplicando-lhes metaforicamente umas palmadas nas costas. E
aplicou-as num artigo ilegível de duas ou três páginas, que saiu em letra
pequena num semanário sem leitores. Desde aí achou-se reconciliado com a
nação e genuinamente não compreendia por que obscuras razões ela se obstinava
a rejeitá-lo.
Com o aprazimento dos peritos e das notabilidades, mesmo depois de Zenha e
Pintasilgo se candidatarem, não deixou de vigorar a ortodoxia do «centro». De
acordo com a lunática lógica do candidato e dos seus amigos, a Esquerda
votaria em Pintasilgo, a Direita votaria Freitas e o «centro» votaria Soares.
Não ocorreu a ninguém que o «centro» talvez não existisse ou não excedesse os
8 a 10 por cento das sondagens.
Tratava-se apenas de persistir, de meter a «mensagem» a bem ou a mal no
cérebro, excessivamente mole ou excessivamente duro, do país. Cada vez mais
furioso, o candidato persistia. Os papéis e os copos de água voavam pelo
MASP. Os berros (e agora os insultos) não paravam. E os apelos ao «centro»
também não. O dr.. Mário Soares, em excursões pelas beiras, proclamava-se
socialista democrático ou social-democrata ou as duas coisas ou as que fossem
necessárias e até um belo dia na Madeira revelou ao povo atónito a sua
irresistível propensão para o «centro democrático e social», propriamente
dito. Era PS, era PSD, era CDS. Era tudo. Era ele. O incidente da Madeira
encheu-me as medidas, de resto já a transbordar de vodka ordinário, ingerido
em doses fenomenais, a título de refri- gerio, no Monte Carlo. Preparei-me
para o pior e, a meio de uma comissão política, garanti-lhe a pés juntos que
a Direita o execrava. Esta pura verdade de 1985 exaltou-o. Com sua célebre
delicadeza retorquiu que, nunca tendo sido colonialista, nunca sentira
qualquer necessidade de bajular os pretos. Aludia assim discretamente ao
facto da minha passagem pela Aliança Democrática e pelo governo de Sá
Carneiro e qualificava de «bajulação» a minha defesa de uma candidatura de
Esquerda. Não neguei os factos: nem os crimes cometidos com a Aliança
Democrática e Sá Carneiro, nem o crime de «bajular» a Esquerda desde o
princípio. Notei, no entanto, que o meu saber era de experiência feito: não
se aprendia no PS que o PSD e o CDS o execravam, em compensação na Aliança
Democrática aprendia-se logo. Apopléctico e pouco presidencial, o candidato
apertava a mesa com as mãos.
O ambiente não ficou particularmente recreativo. Vários patriotas juraram ao
dr. Soares que a Direita o adorava e louvaram a sapiência da política do
«centro». António Barreto e Jorge Sampaio, em termos civis, propuseram, como
de costume, uma política de Esquerda. Clara Junqueiro falou do mar, da rosa
dos ventos, do universo e de Portugal. Costumava falar muito destes assuntos.
A sessão acabou com suavidade. Excepto no Monte Carlo, onde António Barreto
substituiu o dr. Mário Soares como alvo das minhas gritarias. Não tinha
evidentemente qualquer justificação para gritar a António Barreto. Mas tinha
de gritar e não podia gritar ao outro. A vítima sofreu o alarido com
paciência. Infelizmente, uma noite ao jantar confessou-me que o dr. Mário
Soares lhe pedira para ele escrever um manifesto e cometeu o erro trágico de
me pedir a mim que o ajudasse. Fui atrás dele pelo Saldanha fora, inquietando
o público e a polícia. Que não escrevia manifestos para mentecaptos, nem para
serem emendados por mentecaptos. Que só escrevia por dinheiro. Que, mesmo por
dinheiro, não escrevia manifesto nenhum e mais aleivosias do género.
Finalmente farto, Barreto enxotou-me e, largado como um cão no passeio do
Monumental, extraí a consequência óbvia dos acontecimentos. Meti-me no carro
e apontei o carro para Almansil, concelho de Loulé, Algarve.
Em casa do meu amigo João Paulo Amorim come-se indecentemente bem e bebe-se
melhor. O MASP e o dr. Soares diluíram-se em robalos grelhados e costeletas
de borrego. Ate o consumo de literatura se aperfeiçoou. A beatitude não
andava longe, quando um sábado, o telefone tocou. Estendido no sofá em frente
da lareira e abastecido de vodka russo, não me importei. O dr. Soares com
certeza não queria nada de mim. Queria: queria-me em Nafarros, domingo (com
António Barreto), para almoçar. Ameacei que não ia. João Paulo Amorim,
delegado do MASP nas paragens, não consentiu. Marcou-se o avião, às 8 da
manhã, e ele acompanhou-me ao sacrifício às 7, num buggy aberto, pelo frio
desumano de Novembro, depois de uma noite em branco em que se discutiram as
virtudes teologais e se esgotaram as reservas de vodka.
Em Nafarros, as minhas mãos tremiam e a colher batia com estrondo na tigela
de caldo verde. António Barreto estava melancólico. O candidato exuberante e
a dra. Maria de Jesus docemente sibilante. Após o repasto, os homens
marcharam para o escritório do candidato e aí, entre fotografias autografadas
dos donos deste mundo, o dr. Mário Soares declarou o manifesto de Barreto
excelente e, ainda por cima, «muito bonito». Ele sempre pensara aquelas
coisas e sempre defendera aquela política. Dito isto, combinaram-se alguns
pormenores sem importância e distribuíram-se algumas tarefas. A dra. Maria de
Jesus trouxe amavelmente café.
O manifesto de Barreto condenava as ambiguidades do «centrismo» (e, por
implicação, o «Bloco Central») e definia a candidatura de Soares como a
candidatura da Esquerda contra a Direita. Na comissão política de segunda-
feira, as minhas mãos já não tremiam. Tremiam de fúria as do dr. Almeida
Santos. O candidato, no entanto, indicou a assembleia que tudo aquilo era
fruto das suas meditações. De velhas meditações, aliás. Por exemplo, há meses
que ele sentia a urgência de um sério aggiornamento do PS. As notabilidades
aclamaram a nobreza e a oportunidade da ideia. O dr. Almeida Santos emagreceu
dez quilos. E, como uma rapsódia da dra. Clara Junqueiro sobre as navegações
lusitanas, a comissão política, para efeitos práticos faleceu.
Durante o resto da campanha, nem uma nuvem perturbou o meu idílio com o dr.
Mário Soares. Queríamos os dois a mesma coisa: ele queria ganhar e eu queria
que ele ganhasse.
in K, 14 - Novembro de 1991
Eu penso que a citação tinha um único objectivo: responder àqueles que fazem dos conhecimentos económicos de Cavaco o seu grande trunfo, com Marcelo, pela visibilidade mediática, à cabeça. E, desse ponto de vista, foi eficaz.
Costumo ler o VPV mas não o levo muito a sério em matéria de política:
Não me esqueço que ele se candidatou a deputado, os eleitores do PSD votaram e confiaram nele, e pouco depois, enfastiado... saiu.
Então um homem crescido como ele não sabia ao que ia?!
Francamente!
Se sabia, não se percebe o que foi fazer; se não sabia, não se admite.
F.A.M.
Não há dúvida que foi eficaz mas, se calhar, no sentido oposto ao pretendido - pois, ao gozar com o saber do outro deu destaque à sua ignorância.
Mais valia ter omitido o assunto.
--
Mas, a meu ver, o que sucede é o seguinte:
1-Não há ninguém no mundo que saiba tudo, e todos nós somos ignorantes - só variam os assuntos em causa...
2-Um PR pode ser ignorante sobre tudo e mais alguma coisa, pois sobre as suas habilitações a Constituição é omissa.
Talvez se lhe exija que tenha o 9º ano...
3-Entre MS e CS, há um que sabe muito de economia e finanças e nada de literatura;
em troca, o outro sabe muito de literatura, mas nada de economia e finanças.
4-O povo português sabe que o país está com problemas económicos e financeiros e não de literatura...
Assim sendo, qual dos dois é mais provável que escolha?
(E não vale a pena dizer que o PR não governa. Não governa, mas vigia o que faz o governo e pode demiti-lo, como se sabe).
--
É como ter o carro com problemas de mecânica e aparecerem dois grandes entendidos em automóveis:
Um deles, sabe tudo de mecânica, mas nada de pintura; o outro, sabe tudo de pintura e nada de mecânica.
Qual deles é que o dono do carro vai chamar?
--
Tudo isto é sempre escrito tentando colocar-me na óptica do votante-tipo e não na minha, pois não votarei em nenhum.
C.E.
C.E
Em relação aos problemas do país, é melhor não ir muito por aí...porque se temos problemas financeiros e económicos, também os temos a nível cultural( e não falo só de literatura, cultura é muito mais que isso...).
Também estou convencida que nem MS será ignorante em matéria de finanças e de economia, nem CS será ignorante em matéria de cultura! A palavra ignorância para mim, é muito forte quando falamos nestas duas personalidades que, mal ou bem, já deram alguma coisa ao nosso país.
Se, como diz, é suposto um PR lançar-se e só depois ter o apoio dos partidos, pergunto eu: o que fez( ainda não fez) CS?
Por outro lado, continuo a achar que existe confusão: A pergunta feita pelo "Expresso" relaciona-se com a necessidade de um gestor.Um PR, no nosso sistema semipresidencial, não é um gestor e sim, um diplomata moderador.
Joana,
«... é suposto um PR lançar-se e só depois ter o apoio dos partidos, pergunto eu: o que fez( ainda não fez) CS?»
Pretendendo o PR ser "presidente de todos os portugueses" (ao contrário dos deputados, autarcas, etc),um candidato a PR TEM TODA A VANTAGEM (mas pode não o fazer,é claro...) em apresentar-se dessa forma:
"Por conta própria" e só depois recolher o apoio dos partidos e indepemndentes que o queiram apoiar.
Pode fazer ao contrário, é claro (como fizeram também o Louçã e o Jerónimo de Sousa - e há-de fazer o Garcia Pereira).
O problema é deles pois, ao ficarem conotados com o partido que os lançou, ficam praticamente limitados a esse eleitorado.
Nesse aspecto, Cavaco está a proceder de forma mais inteligente, dando a imagem de que nem o PSD manda nele. Aparecerá quando (e se)quiser, e depois apoie-o quem o quiser fazer.
Reafirmo que não tenciono votar neles. Estou só a referir "a imagem que eles fazem passar para o eleitorado". Nesse aspecto, a de CS está a ser mais eficaz.
Quanto ao resto, não esqueçamos que o PR não legisla, mas promulga.
Um PR que domine os assuntos referentes àquilo que tem de promulgar aparece, aos olhos dos votantes, com "alguma" vantagem.
Nota final: nestas coisas de política, muitas vezes as pessoas têm grandes dificuldades em ver os assuntos com "distanciação".
À força de quererem que ganhe "este" ou "aquele", têm dificuldade em se aperceber "como é que "eles" são vistos pelos não-comprometidos.
Não autárquicas passa-se o mesmo:
Vejo candidatos que, pura e simplesmente, "não se enxergam" e vão ficar muito admirados quando perderem.
C.E.
Não tenho dúvidas que é sempre mais fácil dar opinião quando não votamos...para mim, votar é um dever cívico e como cidadã fico com mais legitimidade para dizer o que penso...
Entendo que não me coloquei a favor "deste" ou "daquele" candidato, até porque ainda não temos conhecimento de todas as candidaturas...limitei-me a comentar factos e opiniões.
Joana,
«votar é um dever cívico»
Claro, e "votar em branco" é uma das formas - aquela que, pela primeira vez na minha vida, vou adoptar - a começar já pelas autárquicas para Lisboa.
Votar é escolher, e escolher implica haver escolha.
Imaginemos, por absurdo, que, numa determinada eleição, tínhamos de escolher entre Valentim Loureiro, Isaltino, Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres e Alberto João Jardim.
Votaríamos em quem?
A hipótese é absurda apenas porque é uma caricatura de uma situação real: ao eleitor é dado um conjunto de hipóteses das quais nenhuma lhe agrada.
--
Se eu entrar num restaurante e nada me agradar, vou dizer «Tenho MESMO de comer, pois comer é um dever cívico!»?
--
Digo tudo isto com tristeza, por ver que, ao fim de 31 anos, a nossa democracia não gerou nada de melhor.
C.E.
Aliás a moda do «não sabe, mas não faz mal» já vem de longe .-e veja-se quem a inaugurou em Portugal:
Os menos jovens estarão recordados quando, nos primeiros tempos da Democracia, Salgado Zenha comentou publicamente que não percebia nada de Finanças.
A afirmação até passaria despercebida se pouco depois não tivesse sido nomeado Ministro das Finanças... por Mário Soares!
Este comentou, na altura:
«Ele não sabe, mas aprende, pois é uma pessoa inteligente!».
Inaugurou, assim, a era do "governo-escola", onde os governantes "entram para aprender e praticar" e não para governar.
-
Recentemente, para Vara e Fernando Gomes, assistiu-se ao mesmo teatro.
E.R.R.
Governo? As eleições não são para a Presidência??
N.C - No Comment...
Joana,
O que pretendi referir foi o facto de Mário Soares, já há 30 anos, achar que «ser ignorante não é grave».
Não percebo qual é a dúvida.
Quem o conhece minimamente, sabe perfeitamente que Mário Soares tem uma concepção displicente da vida política.(Pelo menos, é essa a imagem que tem deixado passar).
Em certos casos, isso pode ser bom.
Para outros, pode ser um desastre.
Fica ao critério de cada um de nós achar se isso é bom ou mau para um Presidente da República, aqui e agora.
E.R.R.
Enviar um comentário
<< Home