8.11.05

A síndrome da pulga-grávida

SE UM DIA apanharmos uma pulga que esteja cheia de ovos, o mais certo será acontecer uma de duas coisas:
Ou a matamos logo, ou teremos uma carga-de-trabalhos pouco depois...

Ora é exactamente isso o que sucede com certos problemas: se não são atalhados logo no início, tomam proporções que os tornam incontroláveis, sendo o fogo o exemplo mais paradigmático.

Claro que casos desses são às dúzias:

A praga dos arrumadores—de-automóveis, o estacionamento-selvagem, a fuga-ao-fisco, as casas clandestinas, as varandas fechadas a alumínio, os cães que defecam nas ruas, as mulheres que usam crianças na mendicidade... são tudo situações ilegais que podiam (e deviam) ter sido atalhadas logo no início e não o foram.

Agora, pouco ou nada há a fazer, a não ser ouvir lamúrias - particularmente irritantes de aturar quando vêm, precisamente, de quem devia ter evitado os problemas e não o fez.

A propósito:

Todos estamos lembrados da saga de Nobre Guedes contra as construções ilegais na Arrábida.
Foi apenas uma guerra de palavras pois, logo por azar, o ministro tinha lá uma casa em condições duvidosas; José de Magalhães também andou metido em polémicas por causa de outra e... bem, o resto é sabido.

Entretanto, Sócrates preferiu assestar baterias no Algarve, prometendo grandes demolições para depois do Verão, pondo (o que foi muito bom sinal...) os autarcas locais a dar saltos-e-pinotes...

Mas, se não é ser indiscreto: como está então esse programa (especialmente agora, que Jorge Sampaio - e muito bem! - tem abordado os crimes urbanísticos que se vêem por todo o lado)?

Imagem de «La pulga aventurera»