O "homebanking"
Aventuras e desventuras
de Jeremias
na Sociedade
da Informação
UM DIA destes, ia eu na rua quando, ao passar em frente a um Banco, vejo, através do vidro, o meu velho amigo Oliveira.
Lá estava ele, de olhinhos matreiros a piscar e com o seu inseparável chapéu mole que, suspeito eu, não tira nem para dormir. (Texto integral em «Comentário-1»)
de Jeremias
na Sociedade
da Informação
UM DIA destes, ia eu na rua quando, ao passar em frente a um Banco, vejo, através do vidro, o meu velho amigo Oliveira.
Lá estava ele, de olhinhos matreiros a piscar e com o seu inseparável chapéu mole que, suspeito eu, não tira nem para dormir. (Texto integral em «Comentário-1»)
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Aventuras e desventuras
de Jeremias
na Sociedade
da Informação
UM DIA destes, ia eu na rua quando, ao passar em frente a um Banco, vejo, através do vidro, o meu velho amigo Oliveira.
Lá estava ele, de olhinhos matreiros a piscar e com o seu inseparável chapéu mole que, suspeito eu, não tira nem para dormir.
Resolvi então entrar, cavaquear um pouco, e até aproveitar o facto de ele estar ali em pé (possivelmente há imenso tempo) para lhe explicar as virtudes do homebanking.
Mas, se eu mais cedo chegasse, mais depressa ele se tinha despachado, pois o certo é que o chamaram logo, e a nossa conversa não passou do princípio.
«Pensando bem» - matutei - «foi saliva economizada, pois ele nunca iria aceitar usar uma modernice dessas, com cheiro a Internet e a computadores».
Mas, por coincidência, no dia seguinte encontrei-o no mesmo sítio e chamou-me a atenção um embrulho de dimensões razoáveis que trazia debaixo do braço.
Movido pela curiosidade entrei, fui para junto dele e, enquanto conversávamos sobre coisas sem importância, reparei que me dava pouca atenção e se esforçava por desembrulhar o pacote ali mesmo, no hall do Banco.
Interrompeu a nossa conversa por momentos, dirigiu-se ao guichet das informações enquanto eu lhe guardava o lugar na fila, e regressou com um canivete suíço que um prestimoso funcionário lhe emprestou.
Então, compenetrado, cortou o fio e desembaraçou-se do papel pardo que dobrou cuidadosamente e depois meteu no bolso juntamente com o cordel enrolado a rigor.
Por fim, começou a manipular qualquer coisa que eu, ao princípio, não percebi o que era.
Em seguida, sorrindo, disse «Com licença» e repimpou-se num banquinho desdobrável que trouxera de casa: já aderira ao homebanking, segundo me explicou.
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(Publicado, em tempos que já lá vão, na defunta revista «VALOR»)
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