De saudar...
... esta decisão da Ministra da Educação, pessoa séria que parece pôr o interesse dos alunos acima de tudo:
http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24760454Vale a pena ler, também, a reacção sindical: http://tsf.sapo.pt/online/vida/interior.asp?id_artigo=TSF170454
11 Comments:
Com o devido respeito, convém esclarecer que a medida anunciada pela ministra já é aplicada em muitas escolas. E a maioria dos docentes, quando sabe antecipadamente que terá de faltar, deixa actividades programadas para o colega que o substitui. Já agora, o que ouvi levantar, por parte de dois sindicalistas, foi a dúvida quanto à legalidade de não se justificar a falta ao docente que não proceda assim, e não a contestação à medida em si.
Na minha opinião, o que deve questionar-se é a pertinência de anunciar recomendações de rotina através dos meios de comunicação social, com direito a fanfarra. O Ministério da Educação tem sido algo leviano neste particular. Porque pôr em causa o profissionalismo dos docentes, expô-los ao achincalho público (e nós sabemos como o nosso povo é propenso a emitir opiniões precipitadas e ofensivas, principalmente sobre assuntos que desconhece), não serve o futuro do país. Diminuir a respeitabilidade pública dos professores, dando ênfase ao que de errado alguns fazem - alguns que são, felizmente, uma minoria - irá necessariamente reflectir-se no comportamento das futuras gerações. Se houver recomendações a fazer, eventualmente medidas coercivas a aplicar, proceda-se com lucidez e discrição. Afaste-se, se necessário, os maus profissionais, os incumpridores e os incompetentes. Mas não se humilhe (ainda) mais os docentes que todos os dias dão o melhor de si com brio e dedicação.
Haja bom senso e tacto político - algo que, com o devido respeito, tem faltado à actual equipa ministerial.
Jorge Freitas
Ora cá está mais uma medida do Governo que merece o acordo generalizado das pessoas de boa fé.
O Ministério da Educação (ME) decidiu transmitir novas orientações às escolas sobre a forma como podem assegurar a chamada «ocupação plena dos tempos escolares». Os professores passarão a avisar previamente quando vão faltar, entregando antecipadamente ao conselho executivo o plano da aula que não vão dar. Nos casos em que a falta depende da autorização do Conselho Executivo da escola (ex: acções de formação), a não entrega do plano da aula poderá acarretar falta injustificada. Claro que não se aplica a faltas decorrentes de imprevistos.
Assim, há a possibilidade de diminuirem os "furos" e os alunos ficarão menos prejudicados com as faltas dos professores. Até que enfim que se começam a pôr os interesses dos alunos acima de tudo.
A FENPROF entende que a medida representa um «castigo excessivo», tendo sido anunciada como uma exigência e penalização. Esta Federação garante ainda que "o aviso de que os professores vão faltar há muito que é respeitado pelos professores, sempre que é possível prever a ausência". Também a Federação Nacional de Educação não concorda, considera que esta nova disposição é uma «ameaça» do Governo e que não faz sentido, concluindo ainda que "não é com ameaças deste tipo que se ganha a boa vontade dos professores para conseguirem ultrapassar o desafio de vencer o flagelo do abandono e insucesso escolar dos alunos".
De facto, não se entende como duas federações sindicais representativas dos professores podem considerar castigo excessivo e ameaças o facto do Governo ter legislado no sentido de obrigar os docentes a comunicarem que vão faltar (só nos casos em que se pode prever a falta) e a entregarem aos Conselhos Executivos o respectivo plano da aula.
Castigo excessivo? Ameaças?
Jorge Freitas:
O que diz está, em parte, de acordo com o que vem na notícia da TSF cujo link indico.
Apenas "caem mal" as seguintes frases:
Augusto Pascoal, da FENPROF, considera que a medida representa um «castigo excessivo» (...)
e
«Não concordamos de maneira nenhuma com uma sanção desse tipo (...).
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Notas adicionais:
Nos telejornais desta noite, ficou também a saber-se que, de facto, já muitas escolas fazem o que a Ministra agora quer.
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É bem verdade que o Governo se especializou na demagogia que consiste em apontar grupos socio-profissionais ao ódio do povão.
É uma atitude abjecta, mas que vai fazendo o seu torpe caminho e dando frutos - embora podres.
E ainda:
Apesar de tudo, mantenho que a referida Ministra contrasta, pela positiva, com alguns dos seus colegas de Governo.
Ora obrigado!
Por comparação com os Ministros da Justiça, da Economia, da Agricultura e dos Negócios Estrangeiros, quem é que não brilha?!
D.
CMR,
É verdade que o governo está a portar-se mal ao apontar uns e outros como malandros a odiar. Mas alguns dos "atacados" também "dão o flanco", reagindo mal ou mesmo caricatamente. Os casos piores são os da PSP e da GNR, com declarações indigentes e manifestações impróprias de gente crescida.
E já não há pachorra para o Mangeiro, o João Proença, o Carvalho da Silva, o Picanço, o Sucena...
R.M.F.
Com a devida vénia, transcrevo comentário inserido pelo VC no blog tarirari, acerca deste assunto.
"Parece-me do mais elementar bom senso que quando um funcionário(ou trabalhador ou empregado)sabe que vai faltar por esta ou aquela razão, é costume deixar os assuntos que está a tratar ou com um colega (ou camarada) ou até com o chefe, para que lhe possa dar continuidade.Mesmo quando a falta é imprevista (doença ou outra) sempre é hábito telefonar para o colega ou para o chefe a avisar e comunicar o que tem de trabalho nas suas mãos para que outro o possa executar.É elementar..
Acho até estranho que seja preciso legislar neste sentido para os Srs.Professores.
É bizarra a ferocidade das Federações Sindicais dos professores contra a medida.
Mas enfim, isto não é mais que o resultado das cedencias acumuladas ao longo dos anos pelo Ministério da Educação, que transformou o poder reinvindicativo da classe, numa amálgama de "conquistas" e de injustiças que se abatem diáriamente sobre a cabeça dos alunos e respectivos pais.E sobretudo a anarquia do sistema educativo.
Viva o horário ZERO !!!! "
O que acontece é que há portugueses de primeira e portugueses de segunda (leia-se classes sócio profissionais). Quando é que as pessoas se convencem que os professores são tão funcionários públicos como os cantoneiros, ou os médicos ou os homens que despejam o lixo???
Ao longo dos anos, os vários governos foram cedendo e cedendo e cedendo às pressões reivindicativas desta classe.
Bolas: é altura de dizer "chega" e serem tratados como qualquer outra classe (para quem ainda não percebeu, quero dizer que não devem ser tratados nem melhor nem pior, mas sim igual).
Tanto barulho por o Governo ir legislar no sentido dos professores terem de passar a avisar previamente quando vão faltar, entregando antecipadamente ao conselho executivo o plano da aula que não vão dar. Cabe na cabeça de alguém que duas Federações sindicais dos professores venham logo a terreiro (Augusto Pascoal, da FENPROF) afirmando que "considera que a medida representa um castigo excessivo (...)" e "Não concordamos de maneira nenhuma com uma sanção desse tipo ..."?
Meus senhores: mas então em que País vivemos?
Caro Jorge Freitas,
Disse tudo!
Mas, como se vê pelos comentários que se seguiram e, de uma forma mais geral, pelo tratamento que é dado a estas notícias, a imagem continua a ser a de que os professores são portugueses de primeira, tão atolados nas suas magníficas regalias que nem se percebe como é que ainda há um ou outro que vai trabalhar...
Agora, de facto, parece que os sindicatos podiam fazer melhor pela imagem da classe(?)... O Ministério, com ou sem ajuda da comunicação social, está a mostrar-se mais competente na sua propaganda.
Abraço
Já vi que aqui o intruso sou eu...
De facto, sei muito bem quanto ganhava um professor há vinte e tal anos e quanto ganha agora...por isso não diga, jocosamente, que a imagem dos prof indiciam atolamentos em regalias.
Também sei a evolução de outras carreiras (sem ser na função pública) em comparação com a docência; também sei quantas horas os prof têm por semana com horário completo e quantas horas necessitam para a preparação das aulas. E também sei a arrogância de muitos deles. E também sei as "coisas" de ensino nocturno e de prof. efectivo, etc.
Por isso, não despreze e não comente sobranceiramente os comentários feitos neste blog, pois foram feitos com educação, sem ofensa e de boa fé.
Porque será que se pensa que os prof são portugueses de primeira?
Porque será?
Rui Baptista
Caro Rui Baptista,
Antes de mais, gostaria que o facto de discordarmos não atirasse nenhum dos dois para a categoria de intruso. Não questiono a sua boa educação, boa fé ou inocência de ofensa, condições para uma discussão honesta e elevada, pelo que lamento que tenha encontrado desprezo nas minhas palavras. Não era essa a intenção.
Se me permite a utilização de ironia, digo-lhe que me parece óbvio que a saúde de um Estado pode ser conhecida tomando o pulso à Educação e que a nobreza da profissão da docência justificava bem que os professores pudessem ser considerados portugueses de primeira…
Infelizmente, esse não é o caso. Na minha opinião, os professores são mal pagos (principalmente no início de carreira) e trabalham bastante, para responder directamente às suas duas referências. Não sei o que entende por “coisas” de ensino nocturno e de professor efectivo.
A imagem social do professor tem vindo a sofrer uma degradação que pode ser imputada a diversas razões. Não nego nisso responsabilidade aos próprios e daí eu ter saudado as palavras do primeiro comentário em que se pede o afastamento para “se necessário, os maus profissionais, os incumpridores e os incompetentes” e de achar que os sindicatos prestam muitas vezes um mau serviço à classe.
Mas quem trabalhe numa escola sente-se, naturalmente, magoado ao ver que a generosíssima entrega de muitos profissionais (claramente da maioria) seja confundida com a mediocridade de um punhado de incompetentes.
Constato que essa imagem colou. Pergunta-me porquê? Não lhe sei responder, mas noto que tal imagem só é possível numa Sociedade afastada da Escola e da Educação e que, com má consciência, prefere essa muito confortável perspectiva para justificar todos os males do país.
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