24.7.06

A outra selecção

FOI NOTÍCIA em quase todos os órgãos de informação nacionais que, no passado fim-de-semana, na praia do Magoito, uma pedra de 40 kg caiu, esmagando a perna de um senhor que estava no sítio errado na hora errada.

O caso não seria mais do que um lamentável acidente (não totalmente inesperado para quem, como eu, conhece o sítio), se não se desse o caso de, pouco depois dessa ocorrência, uma equipa de reportagem de TV ter ido ao mesmo local, onde entrevistou pessoas que, segundo declararam com o ar mais natural do mundo, sabiam perfeitamente o perigo que corriam (pois a zona perigosa estava bem assinalada) mas não tencionavam sair dali.

A minha primeira reacção resumiu-se a lamentar a possibilidade de, através dos meus impostos, ter de vir a pagar o transporte e o tratamento de pessoas que agem assim. No entanto, se analisar o assunto em termos de longo prazo, a conclusão já poderá ser optimista:

Sucede que a chamada «selecção natural» (como Darwin tão bem explicou) funciona sempre no sentido da «melhoria das espécies»: as mais fracas (de corpo ou de mente) acabam, a longo prazo, por desaparecer - ou porque são comidas por predadores, ou porque são vítimas de desastres aos quais a sua diminuta inteligência não permite que se furtem.
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Este texto veio também a ser publicado em «O ABRUPTO feito pelos seus leitores» (no mesmo dia) e no «PÚBLICO-Local» (no dia 25)

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ora aqui está uma explicação de Darwinismo. Mas é preciso é que não morram todos...

24 de julho de 2006 às 21:46  
Anonymous Anónimo said...

A selecção natural só funciona, de facto, se os patetas de espírito morrerem antes de passarem os seus genes à descendência.
No entanto, com tantos esquemas de protecção social, é pouco provável que funcione outra selecção que não seja a da multiplicação da patetice.
Se assim não fosse, onde iam os partidos buscar os candidatos para preencher as listas?
JO

24 de julho de 2006 às 23:22  

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