Os Tratadores (*)
QUEM já visitou a biblioteca do Palácio das Galveias, em Lisboa, talvez conheça uma simpática salinha com quatro mesas e dezasseis cadeiras onde poderá ler inúmeros jornais e revistas - não só os do próprio dia, mas também os anteriores.
Sucede que essa divisão tem duas grandes portas envidraçadas que dão para um jardim muito acolhedor onde, além dos pombos, dos pavões e das frondosas árvores, há umas mesas (com as respectivas cadeiras) e uns confortáveis bancos que estão mesmo a pedir que os utilizem.
Ora, no passado dia 12 de Junho (véspera de Santo António, em que Lisboa abrasava de calor), passei por lá. Entrei, e fiquei satisfeito por ver que essas tais portas estavam entreabertas, permitindo-me aceder às sombras convidativas que me chamavam do outro lado.
Sucede que essa divisão tem duas grandes portas envidraçadas que dão para um jardim muito acolhedor onde, além dos pombos, dos pavões e das frondosas árvores, há umas mesas (com as respectivas cadeiras) e uns confortáveis bancos que estão mesmo a pedir que os utilizem.
Ora, no passado dia 12 de Junho (véspera de Santo António, em que Lisboa abrasava de calor), passei por lá. Entrei, e fiquei satisfeito por ver que essas tais portas estavam entreabertas, permitindo-me aceder às sombras convidativas que me chamavam do outro lado.
Peguei na minha revista favorita, mas - falha imperdoável! - esqueci-me de que estava em Portugal: nem dois minutos haviam passado, e já um diligente segurança me convidava a desandar dali para fora, esclarecendo (a pedido...) que as portas estavam abertas apenas «para arejar».
No dia 19 de Julho, outro dia de grande calor, voltei lá. Desta vez, as portas não estavam apenas entreabertas mas sim escancaradas - só que, pelo que me explicaram, ainda não tinha chegado a autorização para se aceder ao jardim - o que, segundo fiquei a saber, costuma suceder a 15 de Julho.
Voltei lá, então, no passado dia 3 de Agosto - mas apenas para me deparar com a mesma situação. A única diferença foi que, dessa vez, fiquei a saber que «o assunto já está a ser tratado».
De qualquer forma, já não tenho grandes esperanças de que o assunto seja «tratado» em tempo útil, pois o mais certo é que os «tratadores» de tão magno problema andem ocupados a «tratar» de outras coisas (como os programas de incentivo à leitura, por exemplo) - e o tempo, apesar de os dias agora serem grandes, também não dá para tudo.
No dia 19 de Julho, outro dia de grande calor, voltei lá. Desta vez, as portas não estavam apenas entreabertas mas sim escancaradas - só que, pelo que me explicaram, ainda não tinha chegado a autorização para se aceder ao jardim - o que, segundo fiquei a saber, costuma suceder a 15 de Julho.
Voltei lá, então, no passado dia 3 de Agosto - mas apenas para me deparar com a mesma situação. A única diferença foi que, dessa vez, fiquei a saber que «o assunto já está a ser tratado».
De qualquer forma, já não tenho grandes esperanças de que o assunto seja «tratado» em tempo útil, pois o mais certo é que os «tratadores» de tão magno problema andem ocupados a «tratar» de outras coisas (como os programas de incentivo à leitura, por exemplo) - e o tempo, apesar de os dias agora serem grandes, também não dá para tudo.
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(*) Publicado no «Público/Local-Lisboa» em 8 Ago 06
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