D. José, o espaço e o tempo
EM TEMPOS que já lá vão, numa amena cavaqueira de fim de tarde com um professor de liceu, aludi, a dada altura, ao «D. José que está no Terreiro do Paço». Para meu espanto, ele fez questão de me interromper para corrigir: «Não te esqueças do que ias a dizer, mas olha que quem lá está não é o rei, mas sim uma estátua dele».
Sorrindo, comentei respeitosamente que essa sua observação me parecia de um preciosismo desnecessário, pois qualquer pessoa perceberia perfeitamente o que eu queria dizer.
- Seja como for - retorquiu ele, muito a sério -, deves habituar-te a ser rigoroso no uso das palavras.
Sorrindo, comentei respeitosamente que essa sua observação me parecia de um preciosismo desnecessário, pois qualquer pessoa perceberia perfeitamente o que eu queria dizer.
- Seja como for - retorquiu ele, muito a sério -, deves habituar-te a ser rigoroso no uso das palavras.
Como nunca mais me esqueci dessa conversa, compreende-se que me tenha lembrado dela ao ouvir Correia de Campos dizer que «É demasiado se o utente estiver a muito tempo de distância (...)»...
1 Comments:
Trata-se de um erro básico, se é distância, não se mede em unidades de tempo, embora tal como no caso da estátua se perceba o que o interlocutor quer dizer.
Um erro semelhante é ouvido diversas vezes na televisão quando se diz por exemplo "o espaço de tempo que..." em vez de "o intervalo de tempo que..."
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