28.5.07

25ª HORA

Fulano & Sicrano
Por Joaquim Letria
FULANO FICOU RADIANTE com o recorde do desemprego de Sócrates. Não porque seja do bota abaixo. Está convencido de que deste meio milhão de desempregados vai brincar com muitos.
Fulano está para os pobrezinhos como os juízes estão para as leis. Os juízes dizem: “Não fomos nós que as fizemos, limitamo-nos a aplicá-las”. Fulano diz: “Não fui eu que os meti no desemprego! Limito-me a brincar com eles!”.
Sicrano é outro que tal. Dá informações aos pedintes como um serviço de assistência social devia ser capaz. Desbobina moradas onde podem dormir, receber comida quente ou um cabaz de compras, tomar banho e lavar a roupa.
“Não lhes dou peixe. Ensino-os a pescar”, gaba-se Sicrano sempre que desfia o rosário do bom coração.
Fulano é mais truculento. Se lhe pedem umas moedas para comprarem um pão, ele diz logo:
“Não dou, pá! Não vais comer pão a esta hora!! Depois, não jantas!!!”
E ri-se como um alarve, este grandíssimo Schindler à portuguesa.
«24 horas» de 23 Mai 07

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