PENSAMENTO ÚNICO
Por Carlos Fiolhais
Uma das penas mais lúcidas da imprensa portuguesa de hoje é a de Manuel António Pina, que todos os dias escreve na última página do "Jornal de Notícias". Passei a comprar diariamente esse jornal por causa das crónicas dele. Ora leiam a [da passada] quarta-feira. Na muche!
Uma das penas mais lúcidas da imprensa portuguesa de hoje é a de Manuel António Pina, que todos os dias escreve na última página do "Jornal de Notícias". Passei a comprar diariamente esse jornal por causa das crónicas dele. Ora leiam a [da passada] quarta-feira. Na muche!
Pensamento único
Manuel António Pina
O Ministério da Educação tornou-se na vanguarda do regime de pensamento único entre nós. A ministra ainda não chegou ao ponto de dogmatizar a sua infalibilidade, mas não hesita em mostrar que não gosta de ser contrariada com opiniões diversas das suas.
Diálogo, no ME, só assentindo com a cabeça. Daí que a Associação dos Professores de Matemática se tenha, como diz o assessor de Imprensa de Maria de Lurdes Rodrigues, naturalmente "auto-excluído" da Comissão de Acompanhamento do Plano da Matemática quando sobre ele manifestou opinião diferente da da ministra. Porque uma questão tão simples como a do insucesso escolar na Matemática tem apenas uma solução, a da ministra.
O que acontece na DREN é só uma metástase do mesmo tumor autocrático. As notícias sobre o modo como a directora regional gere o seu quintalório são, por isso, uma "campanha sem precedentes". Não é a gestão de Margarida Moreira que não tem precedentes, são as notícias sobre ela. Mas o comunicado da DREN sobre a matéria é notável não só pela sua particular concepção da liberdade de imprensa mas também pelo não menos particular Português em vigor na DREN.
Não são só erros grosseiros de concordância, é a própria expressão. Para quando um exame de aferição de Língua Portuguesa na DREN?
«DE RERUM NATURA» - [PH]
Etiquetas: CF
2 Comments:
Peço licença para colocar aqui um comentário sobre o estado do Ensino, que não consegui deixar no Rerum Novarum :
«A discussão é interessante, ainda que venha com algum atraso. O mal há muito havia sido percebido, mas ninguém ou muito poucos se atreviam a denunciá-lo, fiando-se, porventura, na função reguladora - invisível - do Mercado. Agora, que ele frutificou em pleno, reina a desorientação. Mas há responsáveis desta situação. Procuremo-los, não para os queimarmos em qualquer fogueira, mas para os responsabilizarmos etica e politicamente, em lugar de os aturarmos de novo com a sua rábula, fazendo o mal e a caramunha, como se costuma dizer.
Quem, afinal, responde pelo estrondoso fracasso do nosso Ensino : Primário, Secundário e, também, grandemente, o Universitário, não só o Particular, mas também o Público?
Quantos milhares de jovens já se perderam para uma vida profissional competente, com toda esta mascarada escolar que temos passivamente tolerado, em nome de uma suposta modernização curricular, pedagógica, etc., sempre mutante, mas sempre rebaixadora dos normais padrões de exigência, até tornar o Ensino um pesado sistema altamente ineficiente, incapacitante, mas, apesar disso, insuportavelmente oneroso ?
Para fabricar diplomados ignorantes, profissionalmente impreparados, poderíamos, certamente, ter concebido um Sistema muito menos oneroso. Quem é, afinal, responsável pelo presente descalabro educativo ? Que País resultará deste caldo cultural?».
Na "mouche" e não na muche!
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