4.6.07

Pode fazer-se humor com a pobreza?

A pergunta, nomeadamente relacionada com anedotas, pode colocar-se de outra forma: «Pode fazer-se humor com tudo?».
A resposta é «Depende».
A loucura e a morte, p. ex., são situações dramáticas em extremo, o que não impede que se contem anedotas de malucos ou em que S. Pedro é a personagem principal.
Tudo depende, pois, de quem as conta, de quem as ouve, do contexto, da forma, da intenção... Enfim, de muita coisa.
No seguimento da crónica de António Barreto aqui ficam, pois, alguns exemplos de humor (real ou pretenso) em torno do assunto «Pobreza»:

O desenho de cima, publicado no «ALMANACH BERTRAND» de 1925, sofre de uma pecha que era muito frequente nessa publicação: a colocação de legendas-títulos em anedotas ilustradas traduzidas e que, no original, as não tinham. A ideia era explicar as anedotas - o que é sempre tonto, porque uma anedota que precisa de ser explicada não tem graça - ou, tendo-a, perde-a de imediato. Noutros casos (como sucede com esta «Mendiga descarada»), o editor inventou uma legenda de mau-gosto e que, muito provavelmente, não tem nada a ver com a intenção do autor.

Nestas duas, é feita a associação pobre/ladrão, porventura frequente no espírito de muita gente em 1931, o ano de publicação em Portugal.

Vagabundos, sem-abrigo e pedintes são, a par das varinas, uma constante na obra de Stuart de Carvalhais, que alternava desenhos de denúncia da miséria com outros de humor-ligeiramente-negro, como este, mas em que estava sempre implícita uma grande ternura pelas personagens retratadas.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito bom, este post, até por aparecer como comentário ao texto anterior.

4 de junho de 2007 às 13:02  

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