Os "Verdeufémios" e os "artistas" das Avenidas-Novas
Por C. Medina Ribeiro
TODA A DISCUSSÃO em torno dos "verdeufémios" teve, pelo menos, uma vantagem:
Ficámos a saber que há certos crimes (que têm o patusco nome de "semi-públicos") que só têm consequências para quem os pratica se forem objecto de queixa das suas vítimas.
É estranho, parece injusto (nomeadamente porque o receio de represálias pode ser determinante), mas é mesmo assim - e foi a percepção, agora, dessa realidade que me fez entender o que se passou comigo há um par de anos:
Foi quando me apercebi de que era possível que, à vista de toda a gente, jovens assaltassem quiosques dos CTT, cabines telefónicas e parquímetros impunemente - cenas essas a que assisti por cinco vezes (nos Restauradores e nas Avenidas Novas) e em plena hora-de-ponta, duas das quais mesmo nas barbas de agentes da PSP e da Polícia Municipal!
Revoltado e intrigado pela inacção destes, resolvi, a certa altura, abordar um - que me pareceu mais pachola - e perguntar-lhe a razão de tanta passividade. E o homem, com aquele ar fatigado de quem já disse a mesma coisa mil vezes, explicou-me:
O mais que podiam fazer era abordar os larápios e identificá-los - eventualmente na esquadra, se houvesse possibilidade de os levar até lá.
Em seguida, e como as empresas lesadas não apresentavam queixa, os jovens apenas tinham, como punição, esse curto intervalo forçado na sua actividade - que decerto aproveitavam para um bem merecido repouso...
Na altura, ficou tudo dito. Agora, ficou tudo percebido.
Texto publicado no «ABRUPTO e também no «Público» em 24 Ago 07 ».
Ver [aqui] uma referência ao Zé do Boné, um dos esforçados jovens que ajudam a EMEL a arranjar desculpas para os prejuízos que sistematicamente apresenta.
Etiquetas: CMR
8 Comments:
Pois, por estranho que pareça, parece que é mesmo assim!
Se um polícia vir alguém a vandalizar um carro pode, quando muito, tentar identificar o artista. Na melhor das hipóteses, se conseguir (!!) e se estiver para se incomodar (o que duvido), poderá detê-lo.
Mas depois nada sucede se, por medo de represálias, p.ex., o dono do carro não apresentar queixa!
Abençoado país, que tais legisladores tem!
Duarte R.
Pois, mas o ideal era que esse carro fosse o do Miguel Portas.
Não pode ser. A lei tem que prever estes casos e punir, porque senão é a rebaldaria total.
O «ABRUPTO» (http://abrupto.blogspot.com) tem publicado (e continua a fazê-lo) muita informação sobre o assunto.
Hoje, trancreve um documento dos "eco-tontos", publicado na Internet, em que estes classificam a operação de destruição como tendo sido uma mera COLHEITA...
Curiosidade:
1-ANTES da bronca, o site do GAIA dizia isto:
--
DIA DE ACÇÃO CONTRA OS TRANSGÉNICOS - 17 Agosto - NÃO À COEXISTÊNCIA, SIM À RESISTÊNCIA!
17 de Agosto tem lugar um dia de acção contra os transgénicos, no âmbito do Ecotopia, um dos maiores encontros de activismo pelo ambiente da Europa. (...) O GAIA apoia a acção do Movimento Verde Eufemia, por considerar o uso de desobediência civil e acção directa não violenta uma estratégia válida na luta pelos direitos sociais e ambientais da população.
_________
2 - DEPOIS da bronca, esse texto foi substituído por este:
O GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental) e a EYFA (European Youth For Action), organizações coordenadoras do ECOTOPIA 2007 em Aljezur, desmentem qualquer envolvimento na acção promovida pelo Movimento VERDE EUFÉMIA no passado dia 17 em Silves. A Organização do evento desconhecia a ocorrência da acção, sendo por isso desresponsabilizados pela sua ocorrência nem pela mobilização d@s manifestantes.
Não é só o PS que, de vez em quando, dá tiros no pé.
O BE, por intermédio do seu dirigente Miguel Portas (por sinal euro-deputado!) comprometeu, pelo menos enquanto as pessoas tiverem alguma memória, a credibilidade do partido a que pertence.
O mais que pode acontecer aos jovens é terem de pagar os estragos.
Sabendo-se as verbas que movimentam essas organizações internacionais(embora não se sabendo tão bem as suas origens), vê-se que a acção publicitária de Silves custou uma bagatela - além de que não vai sair dos bolsos de quem, directamente, a levou a cabo.
Embora romanceada, a realidade mostrada no livro «Estado de Pânico», de Michael Crichton, explica muito sobre o assunto.
«No comunicado, o movimento Verde Eufémia justifica a acção praticada na Herdade da Lameira, em Silves: "Infelizmente esta acção é o que é necessário para despoletar uma discussão sobre os riscos ambientais, sociais e de saúde trazidos pelos transgénicos".»
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=254944&idselect=10&idCanal=10&p=200
Enviar um comentário
<< Home