Como habitualmente sucede aos sábados, aqui fica o post-aberto para quem o quiser utilizar.
NOTA: Este cartoon foi desenhado por José Abrantes para ilustrar algumas das histórias de Verão da série «Salvador, o Consultor», publicadas na revista Valor e que podem ser lidas [aqui].
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sexta-feira, 17 de Agosto de 2007
A Ana está doente. Uma dormência facial parecida com paralisia.Esteve mais de cinco horas na urgência do Garcia de Orta, ontem, 16/8/07. Mandaram-na para casa. Que não tinha nada. Talvez um problema de dentes. Fomos hoje de manhã ao dentista. O problema não é daí. Talvez consultar um reurologista particular. Fomos ao nosso médico habitual, que mandou, imediatamente, deitar fora a receita da neurologista do hospital. Eram, apenas, comprimidos que se dão a idosos para dormirem 48 horas seguidas e não chatearem... Finalmente está medicada, porque uma dentista diagnosticou-a melhor do que a neurologista do hospital. Assim vai a saúde neste país! A Ana fala com a língua entaramelada e eu estou de nervos em franja. Uma porra! Quem me dera no tempo em que tinha poder de escrever para os jornais! Os senhores do poder deveriam ser proibidos de ir a médicos particulares! Deveriam ser obrigados a frequentar os serviços públicos. Talvez aprendessem o que é o "país real"! Puta que os pariu!
A Sabedoria Popular e as Notícias da Semana
Dos vários apontamentos e notícias da semana que passou há três factos que, não sendo os mais marcantes da semana, não deixam de transmitir alguma perplexidade.
No Correio da Manhã de 13/08/2007 existe um artigo de opinião do redactor João Vaz (aqui) que revela existir ainda um longo caminho a percorrer face à mentalidade das pessoas que, com excesso de zelo, trabalham nos vários organismos do Estado. O artigo em causa dá um exemplo de um senhor que não tendo levado uma fotocópia do seu BI para pedir uma segunda via da carta de condução, pediu ao funcionário que o atendeu que lhe tirasse a referida fotocópia, para não ter que se deslocar a uma casa que o fizesse, perdendo assim mais tempo. O funcionário recusou e o senhor indignou-se.
Há muito tempo que se diz que “quem muito espera, desespera” e o senhor, desesperado, pediu o livro de reclamações. Preencheu a queixa e qual não é o seu espanto (e também o meu), quando o mesmo funcionário lhe pediu, o B.I., para lhe tirar uma fotocópia para juntar à reclamação.
Está bom de ver: há regras, são para cumprir! E se se tirava aquela fotocópia, então toda a gente ia pedir uma fotocópia... Claro que digitalizar o documento está fora de questão... porque isso seria demasiado simplex, apesar de eu com esta história ter ficado simplesmente “perplex”.
No mesmo jornal, e no mesmo dia, é notícia de capa (por Rui Arala Chaves) que já foi regulamentada pelos ministérios competentes a distribuição de seringas nos meios prisionais (aqui). Se bem que esta medida já não é de agora, há que ter em conta (ainda) uma ou outra consideração. O regulamento mantém, segundo a notícia, “a proibição da posse e consumo de estupefacientes, descritos como «actos ilícitos»”. Mais: o mesmo artigo adianta que “O uso do material de injecção e o consumo de drogas são «exclusiva responsabilidade» do recluso”. O mesmo regulamento indica, segundo o Correio da Manhã, que o recluso deverá referir, nas vistorias às celas, “a posse e localização do material de injecção, sob pena de apreensão”.
Ora, há muito tempo que se diz que “há quem dê com uma mão e tire com a outra”, mas este regulamento leva as coisas para outro nível, de tão ambígua que é a situação. Para ilustrar, segue-se um hipotético diálogo entre um hipotético recluso toxicodependente e um hipotético guarda prisional, em dois momentos diferentes.
- Bom dia, Sr. Guarda, lindo dia, hein? – disse o recluso.
- Bom dia, amigo. Então o que o traz por cá? – indagou o guarda.
- Era uma seringa, se faz favor... – respondeu, timidamente, o recluso.
- Ora, pois aqui tem... Bom proveito lhe faça, mas olhe que é proíbido drogar-se! – advertiu o guarda, indagando-se sobre o que iria fazer o preso com a seringa.
- Não se preocupe, Sr. Guarda. É para fazer bolinhas de sabão, com o sabonete líquido que a minha mana me trouxe na visita de Sábado à tarde – retorquiu o recluso.
Mais tarde, a seguir ao almoço...
- Revista diária! Toda a gente para fora das celas – grita o guarda prisional.
- Boa tarde, Sr. Guarda. O meu material de injecção, que me foi dado de manhã, está em cima da cama, sobre a almofada – diz, confiante, o recluso – Estou-lhe a dizer-lhe para evitar que mo apreenda.
- Material de injecção? Mas a seringa não era para fazer bolinhas de sabão??? Como assim, material de injecção? – pergunta o guarda, desconfiado.
- Era... era... O Sr. Guarda acha que eu me ando a drogar? – diz, visivelmente constrangido, o recluso.
- Não, claro que não! Que parvoíce... Alguma vez alguém conseguia meter droga dentro da prisão? – responde o guarda, virando as costas e encolhendo os ombros, ao mesmo tempo que tranca a cela - Estes reclusos têm cada uma...
Esta notícia é especialmente importante se considerarmos que os governantes são os mesmos que acabaram com a (até então) lei do aborto, advogando que, se há uma lei que criminaliza as mulheres pelo aborto, ou se cumpre, ou mais vale acabar com ela.
Se bem que se possa concordar que, havendo droga nas prisões, deve impedir-se a propagação de doenças infecto-contagiosas, também se deve considerar esta medida, no mínimo, ambígua.
É que, não se havendo esgotado todas as possibilidades, como por exemplo, o tratamento do toxicodependente (compulsivo ou voluntário) e sem tentar impedir que a droga entre nas prisões, não parece muito lógico encolher os ombros e oferecer uma pistola ao suicida, só porque ele já tem as balas...
Ontem vi na SIC e na TVI imagens que me deixaram aterrorizado. Aterrorizado, porque, em boa medida, vi em primeira mão um fenómeno importado, acabado de chegar a Portugal: o Eco-Terrorismo.
Cerca de 100 meninos e meninas, com lenços e máscaras na cara, “ceifaram” (nas palavras deles) ou “destruiram” (nas minhas palavras) um campo de milho transgénico que era o único sustento de uma família. O agricultor, dono da plantação (devidamente legalizada e com todas licenças exigidas), perante o olhar impávido e sereno da GNR que, a custo, tentava apaziguar a situação, perguntava aos jornalistas, entre lágrimas mal secas, o que é que ia fazer agora à sua vida.
Um dos meninos, em tom de gozo, ainda empunhou uma maçaroca de milho, como de se um microfone se tratasse, imitando os jornalistas, enquanto entrevistavam outro agricultor, que num acto de apoio, foi socorrer o vizinho.
Um representante do movimento disse à Lusa que estavam “a exercer o direito à resistência segundo o artigo 21º da Constituição da República Portuguesa”.
Sobre os transgénicos pouco tenho a dizer. Falta-me, apesar de tudo o que já li, informação. Provavelmente, aos que destruíram um ano de sustento a uma família, faltará também essa informação, até porque os estudos existentes não sustentam que as plantações de milho transgénico sejam prejudiciais para o sistema ecológico, se feitas dentro das regras impostas pela União Europeia, como era o caso.
Acerca dos governantes e das suas reacções, uma palavra sobre Macário Correia: li na edição on-line do Sol (aqui) que estava preocupado com a existência da plantação, mas nada vi sobre a sua condenação pública a um acto de destruição de propriedade privada, num estado de direito. Propriedade essa que era, provavelmente, de alguém que um dia votou nele.
Sobre estes meninos, há pouco mais a dizer. A juventude tem ideais muito fortes, sem dúvida. Mas os fins não justificam os meios. E não preciso de me refugiar na Constituição para dizer que um dia esses ecologistas de trazer por casa podem cortar o cabelo, fazer a barba e ganhar bom senso, e nesse mesmo dia pode ser que alguém, vindo do nada, por impulso ou por simples estupidez, lhes destrua aquilo que tanto trabalho lhes deu a criar. E aí talvez pensem que, como se diz, “a nossa liberdade acaba onde a dos outros começa”.
Um dia na praia de S. João / Caparica vi um grupo de “crianças” rondando os 15 anos que se riam das “graças” que certo espertalhão dizia. Fiquei convicto que aquilo era só de para impressionar os amigos e as meninas. Apurei os sentidos para perceber a razão de tanta risota. Afinal as piadas eram dirigidas para um rapazito que mostrava traços evidentes de algum autismo e tinha medo de entrar na água. Estava acompanhado pelos pais e a sua idade devia rondar a média do grupo que falo. Os pais estavam desesperados. Já não chegava a dificuldade diária em lidar com o problema do filho e ainda estavam a ser bombardeados por tais bestialidades num momento que deveria de ser de relaxo e paz.
Saltou-me a tampa. Aproximei-me. Passei a “muralha “ do semicírculo que faziam e interpelei o espertalhão:
- Olha lá! Por acaso o s teus neurónios também foram de férias? Já percebeste que o que estás a fazer é de um completa imaturidade e criancice para não dizer estupidez?
- Qu’é que queres ó palhaço?
- Só ficares calado já era bom.
- P’ó cara…
Nem chegou a acabar. As costas dele bateram no chão e os seus calções de banho ficaram na minha mão. Os amigos dele só se riam. Ele levanta-se com uma mão a tapar as partes íntimas e a outra a tentar chegar aos calções:
- Agora ficas aí… e nem tentes chegar aqui pois podes ficar com a cara um pouco diferente.
Fui entregar os calções ao pai do rapazito que era o alvo da chacota:
- Faça com isto o que lhe apetecer.
O pai olhou para mim. Riu-se. Agradeceu. Olhou para o prevaricador, que estava de cócoras tentado esconder-se, e disse-lhe:
- Espero que cresças o suficiente para perceberes o quanto estás errado. – E atirou os calções na sua direcção.
Eu voltei para perto das pessoas com quem estava.
Senti-me muito bem nesse dia e nos outros seguintes.
… E porque foi isto? Alguém falou em estupidez levado a cabo por gente que só pensa com a ponta dos dedos numa consola e que foram levados à certa por alguma cabeça que sabia bem o que queria.
E.. porque alguém falou em liberdade e os seus limites...
Qualquer comentário ao post e aos comentários seria redundante.
Apenas uma pergunta: aquele grupo de vândalos não tem coisas mais interessantes e mais importantes para fazer? De notar que tenho sérias reservas sobre os transgénicos, mas não pode ser assim que as coisas se resolvem.
Uma freira desmaiou e levaram-na para o hospital.
Como não havia lugar nas outras enfermarias, mandaram-na ser atendida na maternidade.
Quando ela acordou, perguntou:
- "Onde é que eu estou?"
Ao que lhe responderam:
- "Está na maternidade..."
A freira fica estupefacta e diz:
- "Aí louvado seja Deus, que já nem no dedo se pode confiar!!!
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Dois velhinhos conversam num asilo:
- Macedo, eu tenho 83 anos e estou cheio de dores e problemas.
Você deve ter mais ou menos a minha idade. Como é que se sente?
- Como um recém-nascido.
- Como um recém-nascido?!
Sim. Sem cabelo, sem dentes e acho que acabei de mijar nas calças.
Num certo dia, um empresário viajava pelo interior. Ao ver um peão tocando umas vacas, parou para lhe fazer algumas perguntas:
- Acha que você poderia me passar umas informações?
- Claro, sô!
- As vacas dão muito leite?
- Qual que o senhor quer saber: as maiáda ou as marrom?
- Pode ser as malhadas.
- Dá uns 12 litro por dia!
- E as marrons?
- Também uns 12 litro por dia!
O empresário pensou um pouco e logo tornou a perguntar:
- Elas comem o que?
- Qual? As maiáda ou as marrom?
- Sei lá, pode ser as marrons!
- As marrom come pasto e sal.
- Hum! E as malhadas?
- Também come pasto e sal!
O empresário, sem conseguir esconder a irritação:
- Escuta aqui, meu amigo! Por que toda vez que eu te pergunto alguma coisa
sobre as vacas
você me diz se quero saber das malhadas ou das marrons, sendo que é tudo a
mesma resposta?
E o matuto responde:
- É que as maiáda são minha!
- E as marrons?
- Também!
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Os dois caipiras se encontram no ponto de ônibus em Cocalinho para uma
pescaria.
- Então cumpade, tá animado? Pergunta o primeiro.
- Eu tô, home!
- Ô cumpade, pro mode quê tá levano esses dois embornal?
- É que tô levano uma pingazinha, cumpade.
- Pinga, cumpade? Nóis num tinha acertado que num ia bebê mais?!
- Cumpade, é que pode aparece uma cobra e pica a gente. Aí nóis
desinfeta com a pinga e toma uns gole que é pra mode num sinti a dô.
- É... e na outra sacola, o que qui tá levano?
- É a cobra, cumpade. Pode num tê lá...
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Uma pesquisadora do IBGE bate à porta de um sitiozinho perdido no interior.
- Essa terra dá mandioca?
- Não, senhora. - responde o roceiro.
- Dá batata?
- Também não, senhora!
- Dá feijão?
- Nunca deu!
- Arroz?
- De jeito nenhum!
- Milho?
- Nem brincando!
- Quer dizer que por aqui não adianta plantar nada?
- Ah! ... Se plantar é diferente!
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