FESTIVAL DE MAGIA
Por Carlos Fiolhais
TEM ESTADO A DECORRER em Coimbra o 11.º Festival Internacional de Magia, organizado pela empresa do mágico Luís de Matos e com o patrocínio da Câmara Municipal do político Carlos Encarnação. Depois da "capital da cultura" (um evento onde se delapidou o dinheiro dos contribuintes sem que nada de duradouro ficasse) agora Coimbra quer ser a "capital da magia" (de novo a esbanjar o nosso dinheiro, agora felizmente em menor escala). Numa cidade em que a cultura tem sido alvo do mais completo ostracismo (por exemplo, o único grande teatro da cidade não é apoiado pela Câmara) e onde há necessidades bem prementes noutros campos (por exemplo, há praças públicas que são autêntico mato), é absolutamente escandaloso que a magia seja privilegiada. E que sirva de meio de promoção política ao presidente. Não há dúvida que os políticos, qualquer que seja o partido, gostam muito de ilusionismo. Gostava o anterior presidente socialista Manuel Machado, que andava ao lado do mágico, e gosta o actual presidente social-democrata Carlos Encarnação (o responsável único pela descultura da Câmara), que anda ao lado do mágico. Foi este político que declarou há dias, ao lado do mágico:
"O que precisamos em Portugal é de algum tipo de magia, porque a vida tem sido muito difícil para nós."
Não, caro doutor Encarnação, precisamos é de cultura, aliada à educação e à ciência. Isto não vai lá com truques de magia!
«DE RERUM NATURA»-[PH]
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