A "troupe" dos estudiosos
«Expresso» de 10 Nov 07
MUITO SE TEM FALADO, ultimamente, dos desastres e dos crimes rodoviários, a que quase todos continuam a chamar "acidentes" - uma designação tonta e desculpabilizadora, pois o que se passa nas nossas estradas e ruas pouco ou nada tem de "acidental".
Entretanto, de que é que se está à espera para internar os condutores loucos e com tendências suicidas? E para meter na cadeia os assassinos? E para explicar aos peões que a sua segurança também depende de si?
Entretanto, de que é que se está à espera para internar os condutores loucos e com tendências suicidas? E para meter na cadeia os assassinos? E para explicar aos peões que a sua segurança também depende de si?
Mas isto são desabafos, meras perguntas retóricas. Para que fossem mais do que isso, seria preciso, primeiro, empandeirar a caterva de pândegos que, ano após ano, quando confrontados com as suas (ir)responsabilidades, mais não sabem dizer do que "o assunto está a ser estudado"...
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4 Comments:
E além de pouco ou nada fazerem, ainda criticam os que fazem, como é o caso da ACA-m. Escrevi exactamente sobre isso aqui (tem mais um parágrafo e um vídeo muito elucidativo acerca da problemática).
"Segundo as últimas notícias e em resposta às últimas críticas levantadas pela ACA-m ao Ministério da Administração Interna, o Dr. Ascenso Simões, Secretário de Estado da Protecção Civil, diz que lamenta que a associação não tenha gasto na íntegra os apoios que recebeu do Estado.
Gostaria de lembrar, antes de mais, que prevenir a sinistralidade rodoviária é uma função inerente ao Estado, nomeadamente do Ministério da Administração Interna (M.A.I.). Não é função de qualquer cidadão ou associação. Deveria, por isso, o Dr. Ascenso Simões congratular-se por haver alguém (neste caso a ACA-m) disposto a ajudar o Estado nesta importante tarefa.
Deveria também congratular-se porque muitas pessoas que pertencem a esta associação dão a cara, o suor e o tempo por iniciativas que competem ao M.A.I, sem receber rigorosamente nada em troca, ao contrário do Sr. Dr. Secretário de Estado, que recebe, muito provavelmente, um chorudo salário para o fazer (ou não).
Deveria congratular-se porque, sem gastar na íntegra a verba que lhe foi atribuída, a ACA-m tem conseguido fazer tanto para alertar os cidadãos portugueses para o tema da sinistralidade rodoviária.
Comparativamente, fez muitíssimo mais a ACA-m sem gastar a verba que lhe foi atribuída do que o M.A.I. com o todo o dinheiro colocado à sua disposição por todos nós, contribuintes deste país. Com intervenção pública, com variadas acções de sensibilização, com entrevistas, etc.
Esta atitude demagógica do Dr. Ascenso Simões, permitam-me opinar, tem, como é óbvio, várias leituras. A primeira é que esta afirmação é um golpe baixo. É desviar as atenções do que interessa, apontando o dedo numa direcção enquanto se esconde a responsabilidade: não é por a A-CAm não ter gasto todas as verbas disponíveis que a sinistralidade rodoviária está como está. É por culpa dos organismos competentes. A segunda leitura é que o M.A.I. tenta, mais uma vez, "meter no seu lugar" a ACA-m, como já tinham feito em 06/09/2007.
A terceira leitura é que para o Dr. Ascenso Simões a eficácia se mede em Euros. Ficaria o Dr. Ascenso Simões mais feliz se a ACA-m tivesse gasto toda a verba disponível sem ter feito metade do trabalho que fez? Fica a pergunta no ar. E já agora lanço outra: e o M.A.I., o que tem feito? Dinheiro gasto não é sinónimo de trabalho feito, caso contrário, a julgar pelos gastos do MAI, não haveria acidentes em Portugal."
Desviar as atenções do essencial é uma "arte"...
A situação referida na 1ª notícia é recorrente e revoltante.
O que é que se passa?
Será que os juízes são pouco sensíveis a este tipo de crimes?
Ou será que se limitam-se a cumprir a lei - e, sendo assim, é o legislador que pactua com o criminoso?
Este post, com algumas alterações, deu origem a uma "carta para imprensa", que veio a ser publicada no PÚBLICO e no GLOBAL em 15 Nov 07:
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A "troupe" dos estudiosos
Muito se tem falado, ultimamente, dos desastres e dos crimes rodoviários, a que alguns continuam a chamar "acidentes" - uma designação tonta e desculpabilizadora, pois o que se passa nada tem de "acidental".
Ora veja-se: quando, em 1973, eu obtive a minha carta de condução, fui dado como apto a conduzir - mesmo um Ferrari! - apesar de nunca ter guiado a mais de 40km/h, nem com chuva, nem de noite, nem com piso oleoso, nem em autoestrada... - o mesmo sucedendo, trinta anos depois!, com o meu filho. Então o que é que se espera de um sistema destes, se não que despeje nas nossas estradas - e com uma arma mortífera nas mãos! - milhares de pessoas impreparadas para conduzir?
Entretanto, de que é que se está à espera para internar os condutores loucos e suicidas? E para meter na cadeia os assassinos? Claro que se trata de perguntas retóricas pois, para que isso alguma vez se fizesse, seria preciso empandeirar, primeiro, a caterva de burocratas que, ano após ano, quando confrontados com as suas responsabilidades, mais não sabem dizer do que "o assunto está a ser estudado".
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