Marte
Por Nuno Crato
FOI EM 1894, durante um período em que Marte estava mais brilhante do que é usual — em oposição —, que o romancista britânico H.G. Wells teve a ideia de escrever “A Guerra dos Mundos”. Numa ocasião semelhante, em 1877, o astrónomo italiano Schiaparelli observara sulcos em Marte, e alguns especularam tratar-se de obra de seres inteligentes. Na imaginação de Wells, os marcianos construtores de canais enviaram as suas máquinas de destruição para o nosso planeta e a guerra dos mundos começou.
A história tem sido repetidamente contada — em livros, na rádio e em filmes. É o que acontece com as boas histórias. Contudo, poucos olham para a inspiração de Wells. E quem quiser perceber um pouco melhor esta referência cultural tem nas próximas semanas uma óptima oportunidade para o fazer. O planeta vermelho está a subir de brilho, indo atingir um máximo em meados de Dezembro. Por essa altura será o objecto mais brilhante da noite, a seguir à Lua e apenas de madrugada suplantado por Vénus. Nada é mais fácil do que encontrá-lo. Basta olhar para o céu de leste ao princípio da noite e ver um ponto de luz fixa, avermelhada e muito brilhante. À sua direita e muito abaixo contrasta em alvura a estrela Sírio, a mais brilhante do céu, agora ultrapassada pelo planeta do deus da guerra.
Estes períodos de especial brilho acontecem intervalados de 780 dias, que é o tempo que Marte e a Terra demoram a juntar-se de novo na mesma posição relativa. Neste caso em oposição, a conjuntura em que o Sol, a Terra e Marte estão alinhados, com o nosso planeta de permeio. É então que Marte está mais perto de nós e mais frontalmente iluminado.
O espectáculo vale a pena. Inspira cientistas e escritores.
«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 1 Dez 07 (adapt.)Etiquetas: NC
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