Sacavém atómica

Por Joaquim Letria

PENSAVA EU que os pobres agentes da PSP forçados a reforçar os seus magros proventos com serviços gratificados estavam a tinir das discotecas, bares e boîtes, que lhes pagam tarde e a más horas.

Podem estar a tinir desse lado, mas quem também lhes deve e não lhes paga é o reactor atómico de Sacavém, o tal que tem a luz azul mais bonita do mundo e que apresenta cartas de cientistas estrangeiros a dizer que os vizinhos podem dormir descansados.

Pois a PSP, cujos agentes ali vigiam nas suas horas e dias de folga, diz que não senhor, o reactor do Instituto Tecnológico e Nuclear é perigoso “por estar em instalações com pouca vigilância e sem segurança”.

O director do ITN explica-se: não tem dinheiro e a PSP é seis vezes mais cara do que a GNR. Além da PSP, ainda tem de pagar a uma empresa de segurança privada mais a videovigilância e o sistema de alarme permanente. Já uma vez aqui escrevi sobre este reactor nuclear que herdámos do fascismo. A questão, agora, é saber se a PSP não o desactiva por ordem do ministro da Administração Interna para tranquilizar os americanos, que são mais importantes do que a vizinhança.

«24 Horas» de 7 de Dezembro de 2007