3.4.08

Indisciplina escolar ou insurreição juvenil?

Por C. Barroco Esperança
LI NOS JORNAIS que Cavaco Silva, chegado de Moçambique, viu o vídeo com as imagens de violência numa escola e, segundo fonte de Belém, «ficou profundamente chocado» decidindo chamar o Procurador-geral da República a fim de tomar medidas para inverter a situação.
Que estranho país o nosso! Que falta de sentido de proporções! Que exagero! Não foi o Maio francês de 68, foi o Março português de 2008 em versão paroquial, numa sala de aula.
Já quase tudo foi dito sobre o lamentável caso de indisciplina acontecido numa turma do 9.º ano de escolaridade.
Também vi o vídeo cuja repetição, até à náusea, pelos canais televisivos pode ter efeitos desastrosos sobre os adolescentes do País e ser devastador para a aluna de 15 anos, para o infeliz «realizador» e para a professora a quem coube uma turma de selvagens com rudimentar educação e excesso de atrevimento.
No entanto, por mais que pense no filme (pela gravação disponível) não vejo que tipo de crime tenha acontecido nem adivinho a sanção que o Código Penal lhe reserve.
Se um acto de indisciplina escolar, que a professora só comunicou depois do alarido público, que o Conselho Directivo puniu – e bem –, com a transferência do Fellini amador e da actriz principal, é motivo para que o Chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas chame o PGR «a fim de coordenar as medidas para inverter a situação», sou obrigado a concluir que, perante assaltos à mão armada, torna-se urgente solicitar a intervenção da NATO.

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