11.4.08

A Quadratura do Circo

Zero à esquerda de nada é zero?
Por Pedro Barroso
O MEDINA HOJE vai matar-me. Mas não resisto.
Com efeito, o grande mentor, autor, colaborador, webmaster e Curador-Mor deste nosso ultra-lido e tão politicamente visitado Sorumbático é - além do saboroso ex-colunista que todos lembram num ex-Expresso, que Deus teve… - uma personalidade de grande amor pelas lógicas matemáticas e pelas charadas algébricas.
Também a mim sempre me deslumbraram e seduziram, mas pela total impossibilidade mental de as resolver a contento, ou abordar sequer. Com efeito, os meus poucos neurónios residentes recusam-se ao mínimo esforço sempre que as leio; entram em choque ideológico, encavalitam-se, engranitam e tropeçam num espectáculo triste de se ver, pouco recomendável, até.
Basta-me ler o enunciado; ao fazê-lo, atravesso várias fases, todas muito difíceis. E do estigmatismo simples, passo ao soco violento no estômago, para cair finalmente na náusea e no pânico, em poucos mas aflitivos momentos de total repúdio e alergia cerebral que me chegam a provocar colapsos graves.
Confesso que me faltaria tudo para resolver tais lógicas questões, viradas para o malabarismo matemático. Domínios decerto sedutores, mas que deixo cuidadosamente para meu homónimo e intelectualmente indicado filho, ele próprio família do grande Sebastião e Silva, e, talvez daí, tão dotado de apropriada aptidão. Que não foi do pai que recebeu, seguramente…
São estas charadas tipo o pavio da vela arde três vezes mais depressa que a lâmpada e o comboio norte-sul desloca-se ao dobro da velocidade do burro que não pode passar a ponte sozinho. No fim, invariavelmente, surge a inevitável pergunta: - qual dos dois taxistas se chama Francisco. Qual das velas é azul? Qual a hora de chegada do burro a Campanhã? E o que comeu ao almoço o condutor do comboio?
Enigmas eternos que nunca - perplexa e tristemente o digo…- saberei resolver…
-oOo-
Ora vem isto a propósito de nada. Ou antes, do conceito de nada. Vazio elementar mas matematicamente válido.
Nada é antes de mais, um conceito; algures entre o infinitamente nada e o simples nada.
Um deles, o infinitamente nada - num desafio matemático só comparável a pausa que seria um silêncio eterno para um músico - surge como se fosse uma espécie de Convento de Mafra. Sem grande propósito, nem razão, só porque apeteceu. Mas magnifico, capital do V Império, aristocrático, imponente, figura de Estado, etc. Ele é para todos os efeitos infinitamente nada. É preciso categoria!
Ao outro nada sobra-lhe a função de ser, nesse caso, apenas mais um prosaico zero. Isto é, coisa realmente nenhuma.
Digo isto para comparar Sócrates com, ao que parece, coisa nenhuma.
O homem é de esquerda, diz o programa político. O Partido de origem. O Socialismo em geral teoriza sobre uma sociedade subordinada ao bem-estar de todos, ao conforto possível, à prevenção de males e falências, ao combate à pobreza, à necessária redistribuição equitativa de riqueza e benesses sociais. Supostamente, o socialismo iguala. Nivela. Vela. Tranquiliza. Emenda injustiças. Tutela e protege.
Qual Robin Wood moderno, ser socialista é, ou deveria ser, roubar aos ricos para dar aos mais pobres, num maniqueísmo simplista e de pouca consistência que parecia estar em extinção.
Mas não. Continua a haver cada vez mais.
Tudo. O maniqueísmo, os pobres, os ricos e o abismo.
Só o modo de o comentar - e putativamente combater - é que cada vez se tornou mais intrigante.
O problema já se põe há muito tempo. É que todos os Partidos se atrapalham, integram, justificam e autodefinem num conceito quiçá serôdio, de esquerda e direita. Acantonam-se. Este engarrafamento começa no CDS que é de centro democrático e social.
Está mal. Centro?! Ao acontecer isto, automaticamente, engarrafa-se o conceito de esquerda.
E vamos por aí fora. Por isso, já não espanta que - com a sua rabugice habitual e a ironia cáustica, mas papuça, que o caracteriza…- o Jardim da Madeira se proclame, afinal, do grande Partido de esquerda na ilha! E sorria, imperial, puxando de um charuto.
Há, com efeito, um efeito perverso nos conceitos e na manipulação genética, digamos assim, da Esquerda e da Direita. Que, embora provindo de conceitos divergentes de sociedade, nascem de um mesmo ponto central virtual - ainda hoje indefinido e controverso - donde se afastaram cada qual em seu rumo divergente, como os comboios das charadas do Medina.
Ora sendo a Terra aparentemente arredondada, nesse caso um ponto de partida transformado em trajecto e prolongado eternamente irá conduzir matematicamente a um ponto de regresso, sito na - exactamente por isso chamada - Gare do Infinito.
Complexo? Nada mesmo! Pelo menos comparado com as charadas do burro do José, do João, do Manel, da Maria e da ponte que tem de ser atravessada…
Vejamos as hipóteses.
Preocupa-se o PSD com a falta de um líder forte. Tem razão; este parece mais asmático que carismático. Fazia falta darem umas bombadas no homem, caramba! Assim não vai lá, já todos percebemos. Aquela ida a Alqueva… patética! O que é aquilo?!
Mas será o partido do táxi de Portas a solução de esquerda, perdão, de direita?!
Será o velho PCP o futuro da grande esquerda, ainda com os camaradas, bandeiras, foices, martelos e tudo?!
Ou talvez o BE do arco-íris, com aquela senhora de óculos, pequenina e magrinha, sempre muito zangada com toda a gente, e as exemplares prédicas do preclaríssimo e acutilante, quase sacerdotal Louçã?!
Ou então será que ainda há algum PS de esquerda escondido na manga para suceder a este PS de direita?!
Ah! Se não tivesse há tanto tempo esta velha costela libertária que me vacina e me defende era agora que eu ficaria deveras confundido!
Muitos socialistas defendem já a impopularidade do Governo, porque existiam medidas de implementação urgente que havia que tomar. Falam de sacrifícios e controle necessário. Exaltam a ASAE e a fiscalidade da minúcia.
Outros saíram zangaram-se e lamentaram já mil vezes o seu voto. Outros ainda, consideram eles próprios este governo socialista o mais à direita de sempre. E outros Partidos atacam, com linguagem de esquerda, a esquerda que haveria de o ser e parece não ser.
É demais. Ficamos desorientados.
Confesso. Não sei o que sobra à esquerda desta esquerda; ou, ao invés agora, o que existirá ainda à direita desta esquerda. Não sei.
-oOo-
Sinto o tal estigmatismo e suores frios percorrerem-me. Balanço e enjoo. Vivo numa charada de ilógica i-matemática in-algébrica e indecifrável. Estas coisas preocupam-me e tiram-me o sono.
Menos por menos ainda dá mais? Um zero à esquerda de nada ainda é zero? Não sei. E à direita?
Tenho de perguntar ao Medina. Ele é engenheiro. Dos que são mesmo. Ele deve saber.

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3 Comments:

Blogger Blondewithaphd said...

Que direi eu, pobre Blonde mono-neural?!

(O tal do Robin dos Bosques não é Robin Hood? Minor details nothing more!)

11 de abril de 2008 às 18:49  
Blogger Pedro Barroso said...

...vê!? Muito confuso mesmo, cara e erudita loira cheia de estudos:)
Eu avisei.
Acontece q esse caramelo tambem nao ajuda nada, pois usa um hood no wood, isto é, vive nos wood com aquele ridiculo hood na cabeça.
Entramos na charada e aí fico, como disse, impotente e alarve.
Mas claro q está cheia de razão. Obrigado pela atenção. A culpa disto é do Medina, claro.

11 de abril de 2008 às 19:54  
Blogger Blondewithaphd said...

Pena é que os estudos ainda deixem o pobre neurónio mais confuso;)

É além dos collants verdes lá tinha o homem de usar o hood, que não era vermelho, como o das meninas que vão para a floresta, mas... , e desgraçadamente, ... verde! Devia ser tipo camuflagem para o verde dos... woods!

11 de abril de 2008 às 20:05  

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