Preconceitos acerca dos preconceitos
HÁ ALGUM TEMPO, houve quem se lembrasse de fazer uma experiência curiosa para esclarecer uma dúvida de cariz antropológico: confrontados com uma elegante senhorita em dificuldades (ela tinha de subir uma escadaria arrastando um pesado carrinho de compras), será que os cavalheiros que passavam a ajudariam espontaneamente?
Bem... uns sim, outros não - e até aí não haveria novidade. Por isso, o experimentador propôs-se ir mais longe: nuns casos, a senhora disfarçava-se de grávida, e noutros não.
E a questão era: o que prevaleceria, então, no (suposto) espírito machista? O "impulso humanitário" (de ajudar a senhora por estar grávida) ou, pelo contrário, o "impulso sexual", dando preferência à "fêmea eventualmente disponível"?
Depois de umas tantas cenas filmadas do género "apanhados", o sociólogo-de-trazer-por-casa concluía pela segunda hipótese: a maioria dos "machos" só ajudava a senhora não-grávida pois, mesmo inconscientemente, lá achava que poderia obter uma recompensa "sexual" - nem que fosse apenas imaginária.
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Claro que alguns desses estudos-da-treta até podem ser engraçados e bons motivos para conversa-de-chacha. O pior é quando são feitos a sério e as intenções são, no mínimo, esquisitas - como é o caso do vídeo que Jorge Oliveira acaba de nos enviar [v. aqui].
Mesmo que, no limite do absurdo, fosse uma manipulação acerca de uma manipulação, valeria a pena vê-lo para nos fazer reflectir acerca da velha afirmação «uma imagem vale mais do que mil palavras».
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7 Comments:
Uma imagem vale mais que mil palavras? Isso era dantes e mesmo assim!... Quantas fotografias célebres estão hoje desmascaradas? E quantas levantam dúvidas? Com "filmes" a coisa não melhora, antes pelo contrário.
O livro «Sol Nascente», de Michael Crichton, é em torno dos primórdios da manipulação digital:
A obra é antiga (1992), e colocava uma realidade nova para a época:
Enquanto numa foto clássica se pode detectar, quase sempre, a eventual manipulação (ao microscópio, etc), com bits isso não é possível.
Se bem me lembro: no fim, a manipulação é desmascarada porque quem a fez esqueceu-se de manipular a imagem reflectida no espelho.
E há ainda as reais, mas falsas. O exemplo é o do célebre beijo do casal de namorados, na libertação de Paris, que foi encenada, mas de que só se soube recentemente.
Isto é grave porque não se restringe ao caso destes patetinhas que tiveram o azar de ser apanhados com a boca na botija. O princípio subjacente a este tipo de manipulações aplica-se em várias outras circunstâncias.
Por exemplo, no conflito israelo-palestino, praticamente só passam nas televisões as destruições provocadas pelos israelitas. As mortes e estragos provocados pelos palestinos do lado de Israel são ignorados. Quando se verificou o recente conflito entre Israel e os terroristas instalados no sul do do Líbano, as televisões só passavam imagens da devastação provocada pela resposta israelita. A certa altura houve oportunidade de verificar que a mulher árabe, de mãos na cabeça, a chorar a destruição da sua casa, em cenários distintos, era sempre a mesma. Mas os estragos do lado de Israel, bombardeada diariamente com dezenas de rockets, esses nunca apareciam nos noticiários.
E com o famoso aquecimento global, os critérios são os mesmos. Só passam as notícias que favorecem a tese dos fanáticos do aquecimento. As outras são ignoradas tanto quanto possível. Alguém se apercebeu de que nevou no sul de Inglaterra (pelo menos de Bristol recebi a notícia em directo) no fim-de-semana passado, algo que é bastante invulgar?
Alguém leu, nalgum jornal português, ou viu nalgum canal de televisão, a carta aberta de uma centena de cientistas ao secretário geral das Nações Unidas e contestar as teses do IPCC, durante a recente conferência de Bali? Onde estavam os nossos diários e semanários que a si próprios se intitulam “de referência” ?
É evidente que tudo isto, por mais que se procure disfarçar e assobiar para o lado, tem um sinal e uma ideologia por detrás : socialismo e obsessão anti-americana, passe a redundância.
Infelizmente a manipulação de imagens e factos acontece diariamente e nos mais diversos sectores. Sem ser adepto de "futebol" ou "futboys" vejo, talvez por não ser parte da querela, o empolamento que se dá às más notícias relacionadas com o Porto e se omitem deliberadamente as que dizem respeito ao Benfica.
Sim, a forma mais fácil de manipular notícias é omiti-las.
A outra forma, tem a ver com o relevo que se lhes dá (ou não dá).
No ano em que o Boavista ganhou o campeonato (e, no seguinte, em que foi 2.º), as notícias "desportivas" eram sobre tudo menos sobre isso!
Quando o FCP ganhou a Taça Intercontinental, a notícia de capa d' «A Bola», na terça-feira seguinte, foi o apedrejamento da camioneta do SLB...
Talvez para compensar, o Apito Dourado também esteve sempre ausente da imprensa dita desportiva.
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