Qualidade
Por João Paulo Guerra
O PSD anda preocupado com a “qualidade da democracia” e um deputado do PS diz que “há bruxedo” no gabinete de Jaime Gama. Acham isto normal?
NUM DEBATE REALIZADO HÁ DIAS em Lisboa, representantes dos três principais partidos situacionistas concordaram que é difícil, ou mesmo impossível, que os partidos se auto-reformem. Não admira que representantes credenciados do PS, PSD e CDS concordem sobre este item, uma vez que concordam em quase tudo. Mas em relação à possibilidade de regeneração da vida política é ainda mais natural que os pilares da degradação da qualidade da democracia se entendam para defender que não é possível mudar coisa alguma. Afinal, mudar alguma coisa significaria mudá-los a eles próprios, às benesses que se atribuem, à forma de governação distante da cidadania e ao conteúdo das políticas contra os cidadãos. Os organizadores do debate sabiam o que faziam ao convocar apenas os pregadores do costume, os que ocupam todas as cátedras, do Parlamento aos conselhos de administração, dos cadeirões do Estado aos pequenos ecrãs, monopolizando o discurso, defendendo as mesmas políticas embora para clientelas diversas, preconizando as mesmas receitas para os eternos sacrificados.
Lá para o final do debate, à maneira de conclusão, antes de cavaquearem um pouco em informal confraternização, os predicantes apresentaram como marca do destino, fatal e sem solução, a degradação da qualidade cívica e da confiança dos cidadãos. E lá foram às respectivas vidinhas que, por sinal, são todas elas de faustoso estadão.
De maneira que as arengas do PSD sobre qualidade da democracia ou do PS sobre bruxaria são meras graçolas sem graça. O que constitui uma modalidade trágica de humor.
«DE» de 7 Abr 08 - c.a.a.
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2 Comments:
Quando o tema é este, nunca resisto a dar uma olhadela na foto que se vê [aqui]...
" Afinal, mudar alguma coisa significaria mud�-los a eles pr�prios, �s benesses que se atribuem, � forma de governa�o distante da cidadania e ao conte�do das pol�ticas contra os cidad�o."
Mas este tamb�m � um discurso recorrente que o cidad�o comum costuma simplificar: s�o sempre os mesmos a comer(-nos).
Onde est�o os outros?
Os outros dizem sempre o mesmo.
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