Indiana Jones
A REVISTA “NEW SCIENTIST” relatava recentemente uma discussão curiosa. Queixam-se alguns arqueólogos da maneira como a sua profissão é retratada na ficção e no cinema. Na realidade, os verdadeiros investigadores não passam a vida em aventuras violentas, disputando peças arqueológicas em locais misteriosos. Ao contrário do que transparece, por exemplo, no filme “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, assim como noutros da mesma série, os arqueólogos passam anos e anos estudando e catalogando peças, dirigindo escavações e recuperando ruínas obscuras. Os tesouros são poucos e as perseguições também. As grandes descobertas são extremamente raras e o trabalho rotineiro é a regra. O herói Indy é pois uma personagem que não faz jus ao trabalho dos verdadeiros investigadores do passado.
Outros arqueólogos, contudo, dizem que os filmes de Indiana Jones têm atraído muitos jovens para a sua actividade, existindo um interesse redobrado pelas carreiras de investigação histórica. Contrapõem os primeiros dizendo que não vale a pena enganar os jovens e que os que são motivados pelas aventuras cinematográficas não estão certamente interessados na verdadeira arqueologia.
Estas discussões são quase tão velhas como o mundo, mas contrapõem duas realidades diferentes. Uma coisa são os sonhos de infância; outra as realidades da juventude adulta. Uma coisa são os motivos, felizmente algo idealistas e românticos, que levam muitos jovens a escolher carreiras científicas; outra são as realidades do trabalho.
Muitos jovens mudam enquanto aprendem. Não vale a pena levar tudo demasiado a sério. E há ainda adultos, como eu, que gostam de Indiana Jones.
«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 12 de Junho de 2008
Etiquetas: NC
2 Comments:
Se a profissão fosse excitante, cheia de aventuras e mulheres bonitas e o filme a mostrasse aborrecida e desinteressante talvez ficassem contentes!
Adultíssimo que sou, também aprecio o Indiana Jones, embora ainda não tenha tido oportunidade de ver o último filme a que se refere o post.
Também aprecio os artigos publicados no «Expresso», bem os livros do prof. Nuno Crato. Ainda há dias terminei a leitura do "A Matemática das Coisas" e, confesso, que tive que reler o início do "Alice e Bob", até me aperceber de que a mensagem só podia ter sido metida no cofre logo no primeiro envio, pois não resulta, imediatamente da leitura, que assim tinha sido.
"A Espiral Dourada", lido há ceca de 2 anos, é de "leitura obrigatória" e foi objecto de circulação por amigos e familiares.
Venham mais.
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