No 10 de Julho de 2008

Por Antunes Ferreira

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, 10 de Julho de 2008, parte da tarde. Discute-se o estado da Nação. O secretário-geral do PCP insurge-se contra a minúscula taxa «Robin dos Bosques» que o Governo quer implementar. Sócrates responde afirmando que os 25% são o valor máximo estipulado pela EU. Jerónimo quer 50 ou 60%. De acordo com os comunistas, as gasolineiras estão-se marimbando para uma tal ínfima percentagem. Logo é preciso, tal como o fazia o herói da floresta de Sheringam, roubar muitíssimo aos ricos, para dar muito aos pobres.

No mesmo coincidente 10 de Julho, o Manchester United insurge-se contra as afirmações do boss da FIFA. Pelos vistos, os contratos com os jogadores decorrem de acordo entre as partes. Voluntária e livremente alcançado. Daí que a «escravidão» denunciada pelo Sr. Blatter, não o é para o clube britânico. No centro do furacão está Cristiano Ronaldo. Protagonista de um verdadeiro folhetim. De um lado, a agremiação de Sir Alex Ferguson; do outro, os merengues, isto é, o Real Madrid. Cada um com truques mais baixos do que o outro. Por motivo do melhor jogador do Mundo – que é Português.

A Justiça desportiva está pelas ruas da amargura. Ainda no estranhíssimo 10 de Julho, os recursos dos recursos das deliberações resultantes de deliberações anteriores pululam. O Povo, com tão pouco pão e tamanho circo, nem percebe o nível miserável a que se chegou nos chamados poderes judiciais do futebol. Como também não entende a prepotência de um tal Sr. Valentim Loureiro, que usa o título de major. E as suas declarações prepotentes e inconvenientes. Pergunta-se por aí: mas o tipo não é arguido no famigerado Apito? É. Mas, que tem a ver o cu com as calças?

Maddie desapareceu ou morreu? Passaram os dias, passaram as semanas, passaram os meses e não se saiu da cepa torta. Sempre no fatídico 10 de Julho, a PJ confessa que não conseguiu muito, para além da convicção que a menina terá morrido. Como? Por culpa de quem? Pelo descuido de quem? Pela incompetência de quem? A Scotland Yard ficou-se, outrossim, pelas meias tintas. Arquiva-se ou não se arquiva o processo? A amenidade do clima deste triste País não justifica tudo. Mas, parece.

Entre dúvidas e interrogações, entre descrenças e desânimos, entre acusações e retaliações vamos vivendo. Para variar… insultando - na manhã do desgraçado 10 de Julho - o nosso primeiro por ter um irmão operado na Galiza, para transplantação de um pulmão. Poça. Exagerei. Invectivando António, o irmão, por ter ido para a Galiza – e por tal não ser possível ao comum cidadão. E o mano José por ter permitido (e quiçá levado) que o irmão tivesse ido para a Galiza. E a Mãe dos Sócrates por ter tais filhos mancomunados em transplantes e pulmões. Só faltou dizer que o Toino tinha sido infectado pelo fumo dos cigarros do Zé.

Chega de 10 de Julho do ano da graça de 2008. Em 2009 há outro 10 de Julho. Mas, felizmente, não será de 2008. Águas passadas não movem moinhos.