9.8.08

Afinal era só para aparecer na TV

Por Ferreira Fernandes.

COINCIDÊNCIA: ontem, um festival de cinema em Lisboa passou o filme Ônibus 174. Um sequestro real de um autocarro no Rio de Janeiro, em 2000, que acabou com a morte de Sandro, o bandido, e de uma refém.
No documentário, um sociólogo explica a acção de Sandro: ele lutava "contra a invisibilidade"... A sociedade não liga aos bandidos e estes estrebucham para dar nas vistas, topam? Na verdade, a razão de Sandro é bem mais prosaica: ele quer roubar.
Uma boa polícia (como a portuguesa, anteontem) trata os bandidos como deve ser: como cidadãos de segunda. Sendo cidadãos, respeita-os: fala com eles durante horas (apesar de estarem a cometer um crime). Mas, porque são de segunda, respeita mais os de primeira, que são inocentes: se a vida destes periga, a polícia deve fazer tudo (até matar os de segunda) para os defender. Estas coisas são sempre dramas.
Quanto aos sociólogos desculpadores (eles são um tipo), carregam uma culpa: eles fazem mal a todos, sobretudo aos bandidos.
«DN» de 9 de Agosto de 2008 - c.a.a.

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5 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

No BLASFÉMIAS, João Miranda insurge-se agora contra o facto de 97% dos inquiridos estarem de acordo com a actuação da polícia (ao disparar contra os sequestradores).

Mas o que está a suceder é uma espécie de “descarga emocional” de uma sociedade FARTA ATÉ À PONTA DOS CABELOS de ver criminosos mandados em paz pelos juízes, de ministros a dizer que “agredir magistrados em pleno tribunal são casos pontuais”, de que “a culpa é do governo anterior”, de que “noutros países é pior”, de que “as estatísticas mostram que a criminalidade está a diminuir”, etc.

Os acontecimento do BES criaram a ideia (porventura falsa, mas generalizada) de que «Até à data, qualquer pessoa sabia que podia assaltar um banco impunemente. A partir de agora, “eles” vão pensar duas vezes!».
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Nos últimos anos, tenho falado com polícias (de trânsito, municipais e de giro). Na sua maioria estão desmotivados - e quanto mais velhos são maior é o seu desencanto e frustração.

O que todos me dizem é que, actualmente, os direitos dos agressores são mais importantes do que os das suas vítimas, estando
aqueles mais protegidos do que deviam estar:

Ou porque são mandados em paz, ou porque as suas infracções prescrevem, ou porque as vítimas não se queixam, etc.

E isso - dizem… - tanto é verdade para o automobilista que continua a estacionar em cima do passeio (porque sabe que nunca será incomodado - e, mesmo que multado, bastará não pagar) como para o carteirista que todos conhecem mas que continua a “picar o ponto” com a regularidade de um bom e dedicado funcionário…

9 de agosto de 2008 às 14:04  
Blogger Unknown said...

Bastava a refém ter ficado petrificada com o medo para que hoje todos os comentários fossem diferentes.

Faz-me lembrar a roleta russa.

Eu vi uma bala atravessar o vidro vinda de dentro, e se ela lá tivesse ficado?

9 de agosto de 2008 às 18:18  
Blogger rff said...

A polícia merece também os seus momentos de glória pois tem sido muito mal tratada. A bem da segurança pública.....Agora, é necessário ter cuidado com as generalizações....Nem todos os brasileiros são assim. E em Portugal há sempre essa tentação de exagerar....

Saúde

9 de agosto de 2008 às 19:26  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

RFF

Espero bem que a acção das autoridades não tenha nada a ver com a nacionalidade dos assaltantes!

9 de agosto de 2008 às 19:32  
Blogger Mar Arável said...

Neste país estamos todos sob suspeita

até a polícia

9 de agosto de 2008 às 20:09  

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