8.8.08

Ora porque será?!

HOJE, NO BLASFÉMIAS (blogue que leio sempre com atenção), João Miranda publica vários posts criticando o facto de a polícia ter alvejado os dois assaltantes do BES, matando um deles e ferido gravemente o outro.
Pode estar cheio de razão em termos formais, mas palpita-me que a reacção ‘popular’ no sentido da aprovação da acção da polícia está intimamente relacionada com a impunidade sistemática (ou, no mínimo, com a sua desvalorização) com que a criminalidade - mesmo a grave - tem vindo a ser tratada nos últimos tempos.
De facto, o sentimento generalizado do «Chiça! Até que enfim!» pode ser perigoso e condenável - mas, goste-se ou não, é inevitável.

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7 Comments:

Blogger Jorge Oliveira said...

Não sabemos se este assalto poderia ter tido um desfecho diferente, em que se evitasse a morte de, pelo menos, um dos assaltantes.

Todavia, a argumentação do Blasfémias, que invoca o sentimento que levou à abolição da pena de morte em Portugal, esquece que os portugueses, nos tempos que correm, estão a ficar fartos de ser gozados por ladrões, por políticos (passe a redundância) que obrigam os polícias a ser demasiado brandos e por juízes que põem cá fora os ladrões com demasiada facilidade.

Ora, diz a História, que os portugueses quando se fartam, podem ser muito brutos. Ao ponto de matar, ou de aprovar que alguém mate por eles. Como foi o caso.

Era bom não perder a História de vista. Sobretudo, era conveniente evitar precipitações no julgamento da opinião dos portugueses acerca deste caso.

8 de agosto de 2008 às 15:19  
Blogger rc said...

Concordo com o comentário de Jorge Oliveira, que segue a ideia deixada pelo CMR.

Os politicos tendem a tomar o descontentamento dos portugueses, pelo normal fado lusitano dos dias comuns. Subestimam sentimentos muito maiores que quando chegam a um ponto, como em qualquer lugar, geram uma ruptura.

A ruptura neste caso é de facto as pessoas acharem bem os assaltantes terem sido mortos.

É acharem que só assim se fez justiça, doutro modo, cumpririam pena ligeira e poucos anos depois, voltariam ao activo.

Este acontecimento é especialmente oportuno, porque o Governo estava a tentar reduzir as prisões preventivas a um sistema de dormidas e pequenos almoços (pagos por nós!) para criminosso que poderiam durante o dia prosseguir com as suas lides ilegais...

8 de agosto de 2008 às 15:49  
Blogger Incógnita said...

Perturba-me a opinião generalizada de que a operação policial foi um sucesso. Sempre que se perdem vidas humanas, isso significa que alguém fracassou. Observando os factos, a polícia foi a única a derramar sangue. Enfim, são as mentalidades que temos: ainda não se admitem pólos intermédios entre o bom e o mau, o santo e o pecador.
Reconheço, no entanto, que a polícia agiu da melhor forma que podia e que sabia. Resta esperar que em situações futuras os negociadores possam fazer um melhor trabalho.

8 de agosto de 2008 às 15:59  
Blogger C. Alexandra said...

O que sabemos não é suficiente para tirar determinadas conclusões. Será mesmo que o desfecho poderia ser menos trágico?

Este é o tipo de assaltos que costumamos ver nos filmes. Aí já se sabe que o desfecho será em princípio favorável a todos. Mas estamos a lidar com a realidade.

Aqueles assaltantes optaram de livre vontade por apontar uma arma a pessoas reais.

E se tivesse sido uma dessas pessoas, um funcionário do BES, a ter perdido a vida às mãos de um assaltante? Teria sido um resultado melhor?

Também sou contra a pena de morte. Mas não concordo com o João Miranda quando refere que «Existem por isso boas razões para que o uso de snipers no mínimo seja escrutinada por autoridades independentes.» Não acho que uma qualquer entidade independente tenha melhores capacidades do que as forças policiais para tratar dete tipo de assunto.

São as forças policiais que lidam com este tipo de situações no dia-a-dia, situações para as quais receberam treino e com as quais se habituaram a conviver. A grande probabilidade de se cometerem erros de avaliação existe sempre nestas situações, seja tomada por quem for, isto não se trata de um calmo e moroso processo judicial trata-se de uma situação súbida que exige repostas rápidas, sob pena de se perderem vidas (as vidas das pessoas a quem lhes foi apontada uma arma, que a qualquer momento poderá ser disparada).

Uma das principais funções do estado e não menos importante que a justiça, é assegurar a segurança.

8 de agosto de 2008 às 18:07  
Blogger Alhosvedrense said...

CMR,
Hoje o Blasfémias parece o Arrastão... até julguei que me tinha enganado...
Sou contra a pena de morte e a 'Lei de Talião'... mas também acho que a violência está num nível nunca visto...ainda ontem, um amigo meu, foi apanhado num tiroteio entre a Policia e um grupo de bandidos, após terem assaltado o LIDL de Setúbal.. se algum inocente for alvejado é infinitamente mais gravoso do que se um destes bandidos for alvejado... eles é que procuram a violência...
Esta acção de ontem seguramente obrigará a bandidagem a pensar duas vezes... afinal a Polícia também pode disparar a matar! deles...

8 de agosto de 2008 às 18:33  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Diz Carina:

«Uma das principais funções do estado e não menos importante que a justiça, é assegurar a segurança».

Sim, e isso é de tal forma verdade que os Estados nasceram, precisamente, devido à necessidade de os povos se proverem de SEGURANÇA e JUSTIÇA.

E é por isso que os cidadãos ficam em pânico quando vêem esses 2 pilares do Estado a fraquejar:
Polícias sem meios (e/ou desmotivadas) e tribunais ineficazes.

Melhor, só o autêntico DOIS-EM-UM que são os assaltos a tribunais ou as agressões a juízes...

Pior, só os (ir)responsáveis que vêm depois dizer que "são casos pontuais", que "lá fora é pior", que "a culpa é do governo anterior", etc.

Não há pachorra!

8 de agosto de 2008 às 18:48  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O chamado «Ponto de vista de Sírius» (que permite que um problema seja analisado a frio, com a imparcialidade e a racionalidade que a distanciação permite) é praticamente impossível neste caso - e por uma razão muito simples:

Quantos portugueses há que não foram já assaltados (ou não estiveram próximos de situações dessas)?

Quem, chegando a casa e encontrando ainda os ladrões lá dentro, não teve vontade de lhes dar um tiro - fazendo-o, se pudesse?
Confesso a minha culpa: eu já tive...

9 de agosto de 2008 às 15:11  

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