4.8.08

O choque da realidade

Em cima: Notícia do Público de hoje
Em baixo: veículo eléctrico da P. Municipal de Lisboa: a circular na R. Augusta e a ser carregado numa tomada standard

QUANDO, recentemente, Sócrates anunciou o carro eléctrico, cometeu a gaffe de dizer que o mesmo ia ter redução de impostos, desconhecendo que, em 2007, o seu governo decidira que esses veículos, pura e simplesmente, estariam totalmente isentos - o que mostra como certas coisas parecem feitas numa base voluntarista, em cima do joelho, mais para o espectáculo do que para a realidade (como o VIA-CTT e os seus 10 milhões de endereços de e-mail que ninguém sabe onde páram).
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Salvo melhor opinião, o anúncio do carro eléctrico, nos moldes em que foi feito, configura o que se chama «dar um passo maior do que a perna», pois o futuro próximo dos automóveis desse tipo não passa ainda pela possibilidade - p. ex. - de ir de Lisboa ao Porto, porque a ideia de encher o país com milhares de postos de carregamento (ou substituição) de baterias não é viável, nem técnica nem economicamente, nos próximos anos:
Primeiro, porque a tecnologia ainda está longe de estar madura; depois, por falta de massa-crítica. Ou seja: nenhuma empresa vai meter dinheiro numa aventura dessas - e ponto final.
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Salvo melhor opinião - repito... -, ainda vai ser preciso, durante uns bons anos, amadurecer hábitos e tecnologias à custa de frotas locais (como veículos das companhias das águas, electricidade, gás; correios, polícias, aeroportos, bases militares, grandes superfícies comerciais e industriais, frotas de distribuição, estaleiros, estafetas urbanas, etc.) - um processo moroso que não se coaduna com a política-espectáculo.
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Actualização: em alguns blogues, o tema tem sido discutido em temos de Benfica-Sporting. Ou seja: quer os autores dos textos, quer quem os comenta, exprimem as suas opiniões em função do que pensam acerca de Sócrates e do seu Governo - e não em função do assunto em si mesmo.
É pena que assim seja. Mas, pensando bem, seria de esperar outra coisa, quando assuntos sérios (como a Ota e o Acordo Ortográfico) foram (mal)tratados - também e quase sempre -, dessa forma tão primária?

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