31.10.08

O casamento

- O que se passa é que vocês são todas umas galdérias!
A senhora, emplumada por uma estola de raposa prateada, abriu a boca esborratada de batôn pela comezaina, fez com ela um círculo perfeito, esbugalhou os olhos e disse:
- Oh!
O silêncio ampliou três vezes o redondo daquele «oh!».
Mas ninguém disse mais nada, e foi no meio de estarrecido silêncio que, pálido e muito digno, de fraque e segurando luvas amarelas de pele de porco, o noivo abalou porta fora.
Atrás deixou apenas destroços: a noiva, de branco até aos pés mas sem grinalda, soluçava. O pai da noiva desapertava os colchetes do vestido da desmaiada esposa, que amparava. As convidadas agarravam as tresmalhadas crias, lustrosas de veludos e meias de renda e sapatinhos de polimento. Os homens erguiam os ombros em ignorante interrogação, apertando os lábios em sinal de estupefacção.
(...)
Texto integral [aqui]; esta e as Histórias anteriores estão também no blogue do autor, Histórias de Chorar por Mais

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2 Comments:

Blogger ... said...

sugestão de leitura
http://avarinhamagicadevalentimloureiro.blogspot.com/2008/10/crnica-de-lus-pedro-nunes-acupunctura.html

31 de outubro de 2008 às 19:50  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Sim, a literatura portuguesa faz chorar tout court.

1 de novembro de 2008 às 06:21  

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