Os que hão-de guiar-te à vitória
Por Nuno Brederode Santos
O CDS NÃO CUIDA dos seus maiores, nem rega a sua árvore genealógica. Recusou o centrismo de Freitas do Amaral, desautorizou o institucionalismo que Adriano Moreira nem teve tempo para fixar na mira, desprezou o neoliberalismo de Lucas Pires, para - sempre empurrado pelos ventos eleitorais - vir aterrar nas mãos de Manuel Monteiro e Paulo Portas. Este acabaria por escorraçar aquele, em espasmos intestinais onde, vistos os factos de fora, a ideologia não meteu prego nem estopa. Nenhum dos idos é saudoso nessa casa da Família Adams sita no Largo do Caldas.
Monteiro, desabrigado, encetou uma aventura pessoal de contornos difíceis de prever e impossíveis de descrever: após sucessivos desaires (que culminaram nas autárquicas de Lisboa), anunciara recentemente a disponibilidade da sua Nova Democracia para desaparecer, a bem de uma qualquer inovação da direita para 2009, mas a aplicação de duas multas pela Comissão Nacional de Eleições deu-lhe agora o pretexto dourado para reconverter esse horizonte cinzento numa odisseia em technicolor - e, por isso, anunciou, esta semana, que não paga as multas e que o PND está pronto para o martirológio da extinção, mas não pactuará com a infâmia da perseguição que lhe é movida.
(...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: NBS
9 Comments:
Bravo ! O NBS desta vez não fala apenas do PSD. Refere 6 vezes o PSD e 7 vezes o CDS. Claro que do PS, PCP e outros partidos, nada, como de costume.
O que eu gostava de ler um dia destes, era um textozinho acerca do PS. Por exemplo, sobre aquelas histórias das malas de dinheiro do Rui Mateus, de Rosado Correia e de outros ilustres trapaceiros do PS, um tema que se justifica, agora que o governo, com aquela habilidadezinha no Orçamento de Estado, queria fazer renascer as malinhas de dinheiro a que o partido estava habituado.
É pedir muito, caro Brederode? Não está cansado de escrever acerca dos pecados do PSD?
Julgo que onde J.O escreve, logo no início, «Refere 6 vezes o PSD (...)» deve ser «PND»
Não, não, Medina, eu contei. Foi só meter o texto no Word e aplicar o find. Apenas me esqueci do PND, mas daqui envio já as minhas desculpas ao respectivo secretário-geral, ou lá que é.
Aproveito a oportunidade para solicitar os teus bons ofícios junto do NBS.
Jorge,
Se bem percebo, sugeres que use os meus bons ofícios para que alguém (que é um militante histórico de um partido) escreva num jornal diário crónicas onde (pelo menos de vez em quando...) ataque o seu próprio partido.
Eu também gostava, mas essa não é, precisamente, a tarefa dos seus opositores?!
O que pretendes não equivaleria ao general que, no decorrer de uma batalha, quisesse que os inimigos disparassem contra ambos os lados (porventura com o argumento de que devem ser 'imparciais e equidistantes')?
Mas um militante de um partido não tem nenhuma obrigação de ser um comentador independente, equidistante, etc.
Antes pelo contrário: a sua militância leva-o a usar o seu engenho e arte (neste caso a escrita) a defender os seus e a atacar os adversários. Compete a estes fazerem o inverso.
Ah, o Brederode Santos é militante do PS ! Então, de facto, não pode falar sobre as malas de dinheiro do PS.
Por sinal, recordo-me muito bem de ver o Mário Soares na TV a dizer, quando interrogado acerca do livro de Rui Mateus : "sobre esse assunto, nem mais uma palavra".
Um amigo que leu estes comentários enviou-me a seguinte transcrição do livro de Rui Mateus :
«Em 1979 e 1981 viriam delegações iraquianas aos III e IV Congressos do PS e, em 1980, Francisco Ramos da Costa, acompanhado de Fernando Medeiros do Departamento Internacional seriam recebidos em Bagdad com todas as honras.
Em Julho de 1981 o director do Portugal Hoje participaria numa conferência anti-sionista naquele país. Seria ele que, como resultado dos seus contactos, insistiria para que Mário Soares fosse àquele país. O seu jornal começara a ter dificuldades financeiras e, segundo ele, uma delegação chefiada por Mário Soares poderia em Bagdad encontrar o "tesouro de Ali-Bábá".
A Comissão Permanente achou que deveria ser eu e não Mário Soares a ir àquele país que estava em plena guerra com o Irão, à frente de uma missão que integrava o gestor do PS, Menano do Amaral, e o administrador do Portugal Hoje.
(...) Era portador de uma carta de Mário Soares para Saddam Hussein em que afirmava estar "convencido que a visita de alto nível do Partido Socialista ao Iraque nessa ocasião (iria) fortemente contribuir para um relacionamento mais profundo entre os nossos dois partidos" e esperava que essa visita pudesse "ser seguida por uma outra de alto nível do Partido Árabe Socialista Baath a Portugal e conduzir a uma profunda cooperação entre os nossos dois países e em todas as áreas onde os nossos dois partidos e os nossos dois países possam ter interesses mútuos".
Ficaríamos principescamente hospedados em enormes suites do hotel Melia e no segundo dia teríamos um encontro com o então Primeiro Ministro Tarek Aziz, a quem eu entregaria a carta para o presidente Saddam Hussein."
(...) Evidentemente que a assistência económica ao Portugal Hoje seria colocada por Edmundo Pedro. Mas esta só seria iniciada, através do embaixador daquele país em Lisboa, após a visita de uma delegação do partido Baath que Mário Soares receberia na Rua da Emenda no dia 26 de Janeiro de 1982.»
Jorge,
NBS não só é militante do PS, como julgo que esteve num lugar dirigente (não sei se ainda está).
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Mas ainda bem que falas do livro do Rui Mateus, que aqui tenho comigo.
De facto, o livro "sumiu"; só é encontrável em alfarrabistas e, mesmo assim, dificilmente.
Depois de muito procurar, eu comprei dois, e tenho-me interrogado:
Porque é que os opositores do PS não tratam de o reeditar ou, pelo menos, divulgar?
Estão, se os principais beneficiados no que o livro "revela" não falam dele,
espera-se que sejam os prejudicados (ou os seus partidários) a fazê-lo?!
Com que lógica?
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Já agora:
A última vez que vi alguém divulgar esse livro foi no blogue «Do Portugal Profundo», onde eu mesmo ofereci um dos meus dois exemplares, há poucos dias, num passatempo muito concorrido...
Não foi só o livro de Rui Mateus que sumiu. Foi também o livro “Portugal amordaçado”, da autoria de Mário Soares. Embora por motivos distintos, em comum está o facto de não convir nada a Mário Soares que esses livros estejam à disposição do público.
E por isso, independentemente de haver ou não iniciativas de outrem para a divulgação desses livros – que de facto não há - a verdade é que uma situação como esta devia fazer meditar, com muita apreensão, qualquer democrata decente, qualquer intelectual que se preze, qualquer pessoa que tenha um mínimo de respeito pelo valor da liberdade, no sentido de se interrogar se vive numa democracia normal, ou numa democracia tutelada por um partido, o socialista obviamente, e por um clã, o de Soares também obviamente, que condicionam desta forma a publicação de livros e, pior ainda, a circulação de informação na comunicação social.
No meu entender não vivemos numa democracia normal. E todos quantos andam para aqui a fingir que são intelectuais, produzindo peças de oratória cheias de filigrana, destinadas a criticar partidos que até podem ser merecedores dessas críticas, mas que esquecem e branqueiam os métodos e atitudes daqueles que são os verdadeiros responsáveis pela democracia manhosa que temos em Portugal, pois esses não me merecem respeito nenhum.
Já agora. Acabei de fazer um zapping e aí estão eles : três canais da televisão nacional e três personalidades do partido Socialista em directo. O que vale, para evitar o vómito, são os canais estrangeiros.
Jorge,
Quanto ao «Portugal Amordaçado», tenho aqui um exemplar.
Se o quiseres divulgar, empresto-to e podes usá-lo à vontade.
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