9.11.08

Bafio antidemocrático

Por Alfredo Barroso
O PROBLEMA desta ministra da Educação, para além do óbvio autismo que a imobiliza e a suspende no tempo, é o seu profundo desprezo pelos professores, pelos sindicatos, pelos partidos políticos e pelo debate democrático. Em suma: por todos os que a contestam.
Quem a viu, ontem, nas televisões, a chispar ódio, a vomitar ressentimento e a destilar rancor por todos os poros, percebeu sem dificuldade que há nela algo de salazarento, como que um cheiro a bafio antidemocrático que nos faz recuar várias décadas, até ao tempo da outra senhora, em que prevalecia a ditadura do «quero, posso e mando».
O engº Sócrates que se ponha a pau. A manifesta incompetência política da drª Manuela Ferreira Leite é uma coisa, que pode favorecê-lo eleitoralmente. Outra, bem diferente, é a intolerável prepotência política da drª Maria de Lurdes Rodrigues, que pode estragar-lhe os cálculos eleitorais e, sobretudo, tramar o PS, lançando-o pelas ruas da amargura.
NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão também no seu blogue Traço Grosso.

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12 Comments:

Blogger Fartinho da Silva said...

Se José Pinto de Sousa não deixar cair este estranho personagem, cairá com ela...

9 de novembro de 2008 às 13:17  
Blogger Rui Fonseca said...

"...(a) drª Maria de Lurdes Rodrigues, que pode estragar-lhe os cálculos eleitorais e, sobretudo, tramar o PS, lançando-o pelas ruas da amargura"

Este é um exemplo acabado de calculismo político. Se a ministra está ou não a fazer o que deve, é um aspecto secundário. O importante é, segundo AB, que a senhora ministra não faça perder ao PS as próximas eleições.

Esteja AB descansado que, depois desta borrasca, o PS verá aumentada a sua popularidade.

Muito à custa da teimosia daqueles que fazem o que entendem dever ser feito. Apareceu agora alguém determinado. Que só não tem feito mais porque vive rodeada de ameaças.

Não conheço a senhora ministra, nunca a vi sequer pessoalmente, mas admiro-lhe a determinação num país que continua a reger-se pela
cumplicidade nas transgressões generalizadas a que chamamos brandos costumes.

Até agora não houve um único ministro da educação que fosse capaz de agradar aos professores e alunos, mesmo sendo mole.

Resultado: o sistema de ensino nunca deixou de piorar. É mais do que tempo para dizer, sem mas nem meio mas, que é tempo de separar o trigo do joio.

9 de novembro de 2008 às 15:44  
Blogger Fartinho da Silva said...

"Resultado: o sistema de ensino nunca deixou de piorar. É mais do que tempo para dizer, sem mas nem meio mas, que é tempo de separar o trigo do joio."

Sim. E daí? O Rui Fonseca escreve, escreve, escreve e... nada! Não diz nada, rigorosamente... nada!

Concorda, porque... sim!

Muda, porque... sim!

Não sabe, mas... concorda!

Eu e a empresa onde trabalho adoraríamos clientes como o caro Rui Fonseca, estou mesmo a imaginar:

"Sim, a vossa solução é a melhor do mundo e arredores!"

"Não precisa explicar nada, eu concordo em absoluto"!

9 de novembro de 2008 às 16:33  
Blogger odete pinto said...

Eu devo ter visto outra ministra, em várias tv?s.

"Quem a viu, ontem, nas televisões, a chispar ódio, a vomitar ressentimento e a destilar rancor por todos os poros, percebeu sem dificuldade que há nela algo de salazarento, como que um cheiro a bafio antidemocrático que nos faz recuar várias décadas, até ao tempo da outra senhora, em que prevalecia a ditadura do «quero, posso e mando» .

Esta, não foi com certeza absoluta.

9 de novembro de 2008 às 18:18  
Blogger Jorge Oliveira said...

Esta ministra, de facto, chispa ódio, vomita ressentimento e destila rancor. É verdade. Até custa olhar para ela.

Mas será que a senhora era mesmo assim antes de integrar um governo liderado por José Sócrates?

Vi há dias, na televisão, uma sessão do Parlamento em que Teixeira dos Santos, de pé, na bancada do Governo, exercitava a sua já recorrente grosseria contra um deputado do CDS. Sentado ao lado dele José Sócrates incentivava Teixeira dos Santos, dando-lhe umas dicas a meia voz. Não consegui perceber tudo o que Sócrates dizia, mas ainda deu para entender a palavra “rumores” que Teixeira dos Santos de imediato integrou na sua alocução. A equipa funciona.

O deputado do CDS, coitado, encolhia-se, com um sorriso comprometido, arrasado pela desbragada acusação de irresponsável que o Ministro das Finanças lhe dirigia. Acontece que se tratava do deputado negro do CDS, o que deve ter dado um jeitão a Teixeira dos Santos para mostrar que não é nada racista. Tanto ofende brancos como negros.

Todavia, o que verdadeiramente me impressionou foi a expressão rancorosa de Sócrates enquanto soprava as dicas a Teixeira dos Santos.

Este Primeiro Ministro não é uma pessoa normal. Só pode ser ele a origem das demonstrações de ódio, ressentimento e má educação que alguns dos ministros destilam nas suas declarações e intervenções públicas.

O que não os desculpa, evidentemente, porque nem todos os ministros revelam esse comportamente seguidista, mas ter um chefe autoritário com um espírito rancoroso como Sócrates demonstra ter, não ajuda nada.

9 de novembro de 2008 às 18:40  
Blogger António Viriato said...

A aparente firmeza desta senhora esconde o vazio de ideias e a fraude no plano educativo.

Ela só se empenha em processos burocráticos e administrativos : Estatuto do Aluno, do Professor, Processos de Avaliação, Estatísticas de Aproveitamento Escolar, etc., etc. Ou seja, não passa de uma Oficial de Secretaria, muito façanhuda, muito convicta das suas fantasias administrativas e apostada em burocratizar ad nauseam a nobre função de Educar.

Quando os Professores se consomem nas tarefas administrativo-burocráticas, pouco lhes sobra para o essencial da sua Profissão. O resultado é a irritação, a frustração e a desmotivação dos principais agentes da educação dos jovens portugueses, já penalizados por reformas fanatasiosas que tornam o Ensino numa diversão, num mero passatempo, no qual se aprende cada vez menos, com Computador ou sem ele.

Chegar um estudante ao fim do 9º ano e às vezes mais longe ainda, sem saber redigir uma simples carta na língua materna, sem dominar as principais operações da Aritmética, sem noção de pertença a uma Comunidade, por ignorância completa da sua História, como da do resto do Mundo, cuja geografia igualmente se ignora, o mesmo se podendo dizer das demais disciplinas escolares, representa um falhanço rotundo, indesfarçável e indesculpável de qualquer Regime Político, intitule-se ele o que se intitular : moderno, tecnológico, socialista, mais ou menos democrático, etc., e tal.

Esta Ministra apenas exibe uma fachada de autoridade inútil, absurda e, no final, absolutamente vã, porque ao serviço de um completo embuste.

Sócrates, mestre em Propaganda, ainda lhe dá cobertura, porque delira com bonecos e estatísticas animadas, exibidos em sessões contínuas de Power-Point.

Mas todos os embustes acabam por ter um fim e o de Sócrates Primeiro-Ministro não andará longe, espera-se, a bem da sanidade do País, a mental e a outra.

Uma palavra de louvor a Alfredo Barroso que tem conseguido eximir-se à vergonha geral que cobre, no presente, a face da maioria da família socialista.

Um dia todos terão de prestar contas, quanto mais não seja, em consciência, por tamanha deserção cultural, política, intelectual, ideológica, etc., como se queira considerar.

Mário Soares tampouco se salvará, apesar da sua militante campanha anti-neo-liberal, apenas desenvolvida contra os seus intérpretes externos, absolvendo, por constante omissão, toda a prática política do Governo do seu companheiro Sócrates.

9 de novembro de 2008 às 22:32  
Anonymous Anónimo said...

Se o resultado das acções patéticas, sem nexo e de um grau extremamente elevado de burrice da Ministra da Educação resultar na queda do governo de Socrates direi que ela conseguiu fazer durante o seu mandato uma boa acção por Portugal e bato palmas de pé.

10 de novembro de 2008 às 02:26  
Blogger Ricardo M Santos said...

Texto escrito na Sexta-feira, Junho 06, 2008

O medo da rua

Desde putos que somos habituados a ter medo da rua. Ouvimos, vezes sem conta, o prudente "não vás para a rua" saído da boca dos nossos pais. É coisa recente, com uns 40 anos ou 50 anos. Até então, não havia muito a temer nas ruas, porque os automóveis eram poucos as estradas ainda menos, muitas o acesso a elas estava politicamente vedado.

Hoje já não é assim. A rua exige cuidados quando a atravessamos, às vezes nem a passadeira nos safa.

Santana Lopes estendeu uma passadeira que permitiu a Sócrates atravessar as eleições com uma maioria absoluta que lhe deixou um enorme campo de manobra. De mão dada com a Imprensa, Sócrates foi fazendo e desfazendo o que bem entendeu, da forma que melhor quis, deixando apenas a alternativa da rua para a contestação.

Sócrates não tem medo das ruas. Tendo em conta o seu passado político, não sei se alguma vez teve.


Ontem, nas ruas, perto de 250.000 pessoas manifestaram-se.
Para Sócrates, podiam até ter sido 1.000.000.

A constante desvalorização do governo em relação às manifestações não cansa os portugueses. Acredito que lhes dá mais força. Mas é um caminho perigoso.

Desvalorizar as formas democráticas de descontentamento contra seja o que for, é empurrar quem protesta para outros modos menos convencionais, até que sejam ouvidos e respeitados por quem tem o dever de respeitar quem representam.

A luta continua!

10 de novembro de 2008 às 10:38  
Blogger JOSÉ LUIZ FERREIRA said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10 de novembro de 2008 às 10:50  
Blogger JOSÉ LUIZ FERREIRA said...

Peço o favor de retirarem o meu ultimo comentário. Não me importo que se chegue através dele ao blog que assino com o meu nome verdadeiro, mas o vosso sistema permite que as pessoas tenham acesso a outros blogues meus que assino com pseudónimo e que não quero que associem ao primeiro.
Obrigado.

10 de novembro de 2008 às 10:55  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

M. L.,

OK, o seu comentário foi apagado.
Mas essa acção pode ser executada pelo autor do mesmo.

Possivelemnte terá de fazer "refresh", aparecendo depois o ícone de um caixote-do-lixo nas mensagens que publicou.
Em seguida, bastará clicar no ícone correspondente ao comentário que pretende eliminar.

10 de novembro de 2008 às 11:00  
Blogger Sepúlveda said...

Política de avaliação de alunos é meramente para boas estatísticas. Zero exigência para elevar as médias nacionais e para que eles não fiquem traumatizados. Que moral é a de se querer exigência em avaliação de professores?
E para quando a avaliação dos políticos? Ou a facilidade de voto electrónico para democratizar mais as decisões eleitorais e combater a abstenção?
Só se aprende é a fazer jogadas propagandísticas.

10 de novembro de 2008 às 14:26  

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