A Quadratura do Circo - Carta Aberta a Carlos Queiroz
Por Pedro Barroso
Carlos,
Meu querido e bom amigo
Eu avisei-te a tempo. Não ouviste.
Isto do Futebol depende de toda a tua ciência e de todo o teu estudo, mas também da inspiração do momento e da cabeça fria. A dos dirigentes, do público e dos jogadores. Coisa que, como sabes, há muito pouco em tal mundo à parte. E ainda doutra coisa terrivelmente pragmática - as bolas que entram ou não nas balizas do adversário.
Que, por sua vez, também é feito de gente, e, por isso, também está a viver o mesmo drama.
Devo ter sido o único português, segundo lembro, que te disse - em tempos de colegas na Escola de S. João do Estoril, lembras-te? - que te dedicasses a alguma matéria mais pura e inocente, mais cientifica e menos humoral, mais pedagógica e menos brutal.
- Futebol, Carlos!? – disse eu – tu vais-te especializar em futebol?!
De facto. Bom aluno e estudioso, podias ter sido um investigador da Fisiologia do esforço, da Metodologia do Treino físico, das virtualidades psicossomáticas por influência do anel gama no tecido muscular estriado, dos mecanismos do gesto ao pensamento e vice-versa. Coisas assim, que este povo não entende. Quer golos. Obviamente.
(...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: PB
3 Comments:
Dado que o tema da crónica de hoje do autor-convidado João Paulo Guerra é o mesmo que o abordado na de Pedro Barroso, fica aqui, em 'comentário', e não em 'post' próprio, como habitualmente.
De qualquer forma, os comentários que, eventualmente, venha a ter serão reencaminhados para o autor.
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ORA BOLA
Portugal e os portugueses, muito dados a alternar estados de euforia e de depressão, acordaram quinta-feira em estado de choque.
Não é que as novidades e os danos directos e/ou colaterais da crise significassem alguma coisa para o comum dos nativos. O que aconteceu foi que a Pátria saiu humilhada pelos brasileiros do campo da bola e da honra. E foi uma imensa comitiva de Lisboa a Brasília, a propósito não se sabe bem de quê, para regressar com um encaixe de seis a dois. É daquelas marcas que levaram os brasileiros, em tempos, a dizer que em Portugal se jogava futebol com uma bola quadrada. A generalidade dos nativos pensara que esses tempos tinham passado mas agora vai começando a concluir que o futuro ainda não chegou.
Ou dito de outra maneira: uma andorinha não faz a Primavera assim como um atleta excepcional não faz uma equipa de excepção. Mais ainda se o atleta nem sempre é excepcional e está rodeado de novos portugueses de conveniência. Os portugueses sempre foram acolhedores e não terão nada contra a naturalização de imigrantes. Só não entenderão, provavelmente, porque é que a alguns candidatos à naturalização se lhes exige que saibam História de Portugal e às vedetas da bola nem se lhes pede que cantem o Hino.
Portugal nunca foi propriamente grande no futebol. Obteve uma ou outra classificação de jeito, coincidindo com a existência de salvadores da Pátria. Agora tem andado a querer ganhar algo que se veja em torno de Cristiano Ronaldo mas os tempos são outros. De maneira que o chamado futebol português tem sido uma sucessão de frustrações e as selecções regressam a casa sem os canecos encomendados pelo poder político.
Dava mesmo jeito. E assim como assim, acenar com uma Taça sai mais barato que prometer saúde, educação e trabalho para o povo.
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[João Paulo Guerra, «DE» de 21 Nov 08]
O futebol joga-se com os pés, mas ganha-se com a cabeça. Os nossos jogadores têm pouca cabeça. E Carlos Queirós é demasiado português suave para lhes meter alguma coisa lá dentro.
Aquela de o Ronaldo ser o Capitão não me cabe na tola. Cadê um dos outros, mencionados no artigo?
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