4.12.08

BPN – Estilhaços do escândalo

Por C. Barroco Esperança
ENQUANTO SE ALINHAVAM partidariamente os ataques ao governador do Banco de Portugal percebia-se o desespero dos que julgam que a melhor defesa é o ataque e assumem que a responsabilidade individual de um crime se transforma em labéu para um partido.
Até Paulo Portas, esquecido do caso da Moderna, do peso da falência da Amostra e dos sucessivos desacertos fiscais, ressurgiu, justiceiro, na pele de antigo anti-cavaquista do Independente, agora como algoz do governador do Banco de Portugal, vendo a janela de oportunidades que o fogo sobre o PSD abre para o seu insignificante partido.
Por muitos ministros e altos dignitários do PSD que sejam condenados (se algum dia o forem) ou estejam sobre suspeita, não é o partido que está em causa, são as pessoas que, devendo ser referências éticas, se comportam como elementos de uma vulgar associação de malfeitores.
Aliás, se alguma virtude indiscutível se pode atribuir à actual líder do PSD é a couraça contra qualquer conduta venal. MFL goza, como poucos, de um capital de honestidade que, neste momento, poderia ser letal para o PSD desperdiçar.
Pese o que atrás ficou dito, é de facto assustador ver os coelhos que saem da cartola do maior escândalo financeiro de sempre, em Portugal. Estão lá ministros emblemáticos do cavaquismo, figurantes de primeiro plano da R. A. da Madeira e a nata de sucessivas direcções do PSD.
Seja qual for o número e a responsabilidade dos autores dos crimes, se se apurarem, só estão em causa comportamentos desviantes de alguns protagonistas e não o partido a que pertencem e, muito menos, os partidos a que não pertencem.
NOTA: Esta e outras crónicas do mesmo autor encontram-se no blogue Ponte Europa.

Etiquetas: