Entre o tu e o vossemecê
Por A.M. Galopim de Carvalho
COMO QUASE TODA A GENTE, trato por tu os colegas, amigos e familiares, da minha faixa etária e, ainda, quase sempre, os mais novos, numa tradição cultural trazida do berço. E foi o que aconteceu com a maioria dos meus alunos. Sei, por experiência própria, que esse tratamento representa, para eles, uma aproximação recebida com agrado. No meu tempo de aluno, na Faculdade, só o saudoso Prof. Germano Sacarrão nos dava o tu, e isso derretia a barreira, grande ou pequena, que sempre existe entre o docente e o discente. É como que o professor a aceitar o aluno no seio da sua família, o que, em meu entender, é bom para ambos.
Aos mais velhos dou sempre senhoria e aos da minha geração, trato-os pelos seus nomes. Não aprecio o você, sobretudo, quando me é dirigido por um desconhecido. Tolero-o sempre que é pronunciado por pessoas simples, vindas de regiões onde essa forma de relacionamento é tão legítima como o vossemecê da minha gente. Detesto-o e reajo mal se o você sai da boca de um estranho de posição socioprofissional elevada, como, por exemplo, um médico ou um juiz. Choca-me ver e ouvir, nas reportagens dos telejornais, o ou a jovem jornalista tratarem por você os entrevistados, sobretudo se estes são mais velhos. Competiria aos responsáveis das redacções, providenciar no sentido de corrigir uma tal deselegância.
(...)
Texto integral [aqui]
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2 Comments:
Concordo plenamente.
Este apontamento é apenas a ponta do "iceberg" da falta de educação e de valores que mina a sociedade portuguesa desde 1974.
Caro professor, votos de um Santo Natal para si e para os que lhe são caros.
Pois na minha terra diz-se:"você na minha terra é besta".
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