O MAIS RECENTE livro de José Saramago é divertido e interessante. Li-o de uma enfiada. No entanto, quando tropecei na 4ª palavra da 9ª linha da página 227 fiquei perplexo!
Que diabo! Tratar-se-á de uma gralha?! Ou não?
Quem decifra o mistério - a troco, p. ex., de um livro policial da colecção Vampiro?
NOTA: o livro é inspirado num acontecimento verídico: a viagem, em 1551, de Lisboa a Viena, de um elefante indiano enviado por D. João III. Uma semelhante, em 1513, levou um outro elefante a Roma, ao papa Leão X, a mando de D. Manuel I. Algumas páginas da crónica escrita por Damião de Góis, que referem a segunda, podem ser lidas [aqui].
11 Comments:
Como parece que está difícil, o prémio sobe para 2 livros (da mesma colecção)...
Gralha não será com certeza. A única gralha nas obras de Saramago está na "História do Cerco de Lisboa" e essa, foi lá posta propositadamente. Aqui o autor quer dizer tão só, "dura", "crua" realidade. Penso eu que ainda só li até à página 80.
Desculpem o duplicado. Não é trocadilho.
Carlos Ponte,
(Eu apaguei o duplicado)
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Neste livro, há 2 pequeníssimas falhas de revisão: são hífens duplicados (como o que se pode ver na 6ª linha da pág. 230).
Não têm qualquer importância, mas mostra como podem suceder.
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A 1ª edição de «O Ano da Morte de Ricardo Reis» (salvo erro) tinha também um erro que foi corrigido nas seguintes:
A posição da proa dos barcos ancorados no Tejo estava ao contrário.
Então aqui vai a frase em causa:
«No fundo, há que reconhecer que a história não é apenas selectiva, é também discriminatória, só colhe da vida o que lhe interessa como material socialmente tido por histórico e despreza todo o resto, precisamente onde talvez poderia ser encontrada a verdadeira explicação dos factos, das coisas, da puta realidade».
Resumindo e concluindo:
Como, de facto, não é nada provável que seja gralha (puRa em vez de puTa), pergunto:
Alguém se opõe a que os livros policiais sejam enviados a Carlos Ponte?
São eles, e tendo em conta o tema:
«Crime no Jardim Zoológico» (de Carter Dickson) e «A Fera tem de Morrer» (de Nicholas Blake).
Nada a opor...
OK, os livros já seguiram.
A propósito da 2ª viagem relatada, de um elefante ao Papa Leão X, existe um excelente livro de Lawrence Norfolk, com o título "O Rinoceronte do Papa". Alguém me pode exlpicar se é gralha, liberdade ficcional...
Nestas ofertas de D. Manuel ao papa, houve também um rinoceronte, imortalizado por A. Durer, e que morreu na viagem
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«Dürer desenhou um rinoceronte sem nunca na vida ter visto um rinoceronte. O episódio vem relatado na História de Lisboa, de Dejanirah Couto, e conta-se rapidamente.
O rei português D. Manuel I (1469-1521) gostava de fazer alarde do exotismo encontrado pelos navegadores portugueses no estrangeiro, chegando mesmo a ter por hábito exibir-se nas ruas acompanhado por um cortejo luxuoso que abria com cinco elefantes indianos, seguidos de um animal pouco conhecido e de aparência surpreendente que Afonso de Albuquerque lhe enviara: um rinoceronte.
Este rinoceronte enchia D. Manuel de orgulho. São conhecidos relatos de um certo combate que deveria ter-se realizado entre o rinoceronte e um elefante, se este último, assim que apenas avistou o primeiro, não tivesse desatado a correr, absolutamente descontrolado, desde o Palácio da Ribeira até ao Rossio, espezinhando aqueles que ousaram intervir. Por altura da partida de uma embaixada de Tristão da Cunha a Roma, D. Manuel, querendo a todo o custo impressionar o Papa, decidiu que tão maravilhoso animal tinha de fazer parte da comitiva.
Preso por uma corrente de ferro dourada e com uma coleira de veludo enfeitada de cravos e rosas, o rinoceronte embarcou com destino ao porto de Génova. A viagem, contudo, não correu tão bem como era desejado: o navio naufragou devido a uma tempestade.
O afogamento do animal não se revelou, porém, suficiente para desanimar totalmente a embaixada portuguesa. Segundo Damião de Góis, o corpo do animal foi recolhido junto à costa e empalhado. O Papa teve, assim, oportunidade de observar o que restava dele. Mesmo morto, o rinoceronte terá impressionado todos os presentes».
J'agora mais uma dica: no admirável "O Império dos Pardais" de João Paulo Oliveira a Costa, que aconselho vivamente, está uma descrição bastante pormenorizada do rinoceronte indiano de D. Manuel - o "ganda" - com relato da dita luta, etc.
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