13.1.09

O discreto treinador da equipa-maravilha de Moçambique que venceu o Mundo em Montreux (1958)

Por Carlos Pinto Coelho
De repente, o meu tio Armando era um herói. Fazem ideia do que é ter 14 anos de idade e um tio herói? Pois eu conto.
ESTAVA-SE NA LOURENÇO MARQUES dos anos 50. O irmão de minha mãe Sara chamava-se Armando de Lima Abreu e vivia lá em casa, longe da sua mulher e filha, que tinham ficado em Oeiras. Muito magro, alto, aloirado, de nariz delgado onde se encaixavam uns óculos de aros finos, era o homem mais calmo que jamais conheci. Falava em voz branda, sorria com facilidade e tinha paciência para mim. Eu gostava do tio Armando.
Pois o tio Armando trabalhava no Sindicato, era lá escriturário, acho eu, que era muito miúdo para saber dessas coisas. Sei que o via sair todas as manhãs cedinho, a tomar o autocarro da carreira 3 que ia da Polana para a Baixa e o deixava mais adiante, na Pinheiro Chagas, que era onde ficava o S.N.E.C.I. (Sindicato Nacional dos Empregados do Comércio e Indústria).
(...)
Texto integral [aqui]

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6 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Nessa altura, tinha eu 10 anos, toda a gente ouvia os relatos destes jogos de hóquei-em-patins.
A loucura era semalhante àquela com que hoje se seguem os jogos da selecção de futebol.

Lembro-me perfeitamente da maioria dos jogadores da foto, e - até - deste jogo que o CPC refere!

13 de janeiro de 2009 às 12:47  
Blogger cristina said...

Um texto muito terno.
Uma grande saudade...

13 de janeiro de 2009 às 12:51  
Blogger pedro oliveira said...

Como é lógico não me lembro destes jogadores porque nem nascido era(1971),mas lembro-me bem que nos finais dos anos 70 e inicio dos anos 80 uma das brincadeiras mais importantes para nós era fazer de uma vassoura um stick e fazemos torneios de hóquei,muito por culpa das vitórias nessa altura da selecção portuguesa.

PO
Vilaforte

13 de janeiro de 2009 às 17:31  
Blogger António Viriato said...

Também para mim esta historieta é uma memória muito grata.

Na altura tinha seis anos e já seguia, com os meus Pais, a febre do Hóquei em Patins, ouvindo os relatos em directo, de Montreux e de todos os lados do Mundo, incluindo os que vinham da Argentina e do Brasil, que nos obrigavam a ficar acordados até às 2 e 3 da madrugada.

Por vezes, deixávamo-nos adormecer, mas de manhã lá vinha a notícia, quase sempre feliz, porque, então, raramente perdíamos.

Esse cinco maravilhoso, com Moreira, Vaz Guedes, Fernando Adrião, Velasco e Bouçós mereceria um Quadro de Ouro para perpetuar a sua e a nossa grandeza, num tempo em que todos éramos pequenos.

Saúdo a inicitiva de trazer esta memória ao mundo frenético, mas muito desmiolado da Internet.

13 de janeiro de 2009 às 22:07  
Blogger Carlos Laborde Basto said...

Ao ler esta história o tempo voltou para trás! Era 1958 e estamos no Pavilhão dos Desportos em Lisboa com a bancada apinhada mas nìtidamente dividida em duas zonas por uma 'terra de ninguem'; os de lá 'da metrópole' e nós de cá 'ultramarinos'. Eu de Moçambique estava acompanhado por dois tios de Angola, atrás eram de Nampula junto a uma família vindos da Guiné e à nossa frente eram portugueses vindos do Congo. Entram o Adriano e o Bouçós e o aplauso, berros e assobios foi estrondoso e ensurdecedor. O jogo no campo foi rápido, vigoroso sob o incessante rolar de patins e os estalos das 'sticadas' que enchiam aquele espaço tão tenso que explodia com dois tons nítidos; de delírio numa metade das bancadas e de desespero e raiva na outra metade! Apesar dos ânimos carregados e de algumas altercações bravias sobreviveu-se o pingue-pongue de extremos de exuberância e ansiedade. Ganhámos! A saída o nosso magote tentava reviver momentos mas só conseguia gesticular entre grunhidos e trejeitos porque voz não havia. Fomos celebrar para um restaurante junto ao Coliseu e a recordação ficou para sempre.

Obrigado Tio Armando!

15 de janeiro de 2009 às 18:32  
Blogger Unknown said...

Até eu, então também com 14 anos, andei a treinar hóquei em patins no 1º de Maio (quero dizer: a aprender a andar de patins, porque tantos trambolhões dei que nunca cheguei a jogar...). Mudei para o basquete e aí ainda cheguei a jogar uma vez. Mas foi só.
Gostei muito de relembrar aquela malta (os miúdos do teu tio Armando) e veio-me à memória uma cena canalha que se passou comigo - tinha eu precisamente 14 anos. Foi no casamento do Carneiro (era jogador de hóquei do Ferroviário) e estavam lá todos, ou quase. Eu era miúdo e estava a jogar matraquilhos no Ferroviário - mesmo em frente do ginásio, onde se celebrou a boda - quando o Carneiro me viu e me convidou a entrar na festa e divertir-me. Só que o meu "divertimento" foi meter-me nos copos. Trabalhava lá no Ferroviário um empregado de mesa do bar e do salão de jogos, já velhote - nunca soube o nome dele pois era conhecido e tratado por madala - e comecei por pedir-lhe um whisky. Depressa lhe tomei o gosto e a ordem já era: Ó madala traz-me um duplo com soda (os duplos eram servidos num copo de água...) ... e apanhei a maior piela da minha vida.
Desta, 100 anos que eu viva, não posso esquecer-me!
E já que evoquei o nome duma das canções mais lindas que conheço, lembrei-me de outro acontecimento igualmente importante (desta vez com sinal muito positivo):
Tinha eu precisamente 14 anos (como esse ano de 1958 foi fértil!), quando me estreei como artista em Lourenço Marques.
Não me lembro quem foi o responsável, mas o certo é que participei num programa da Orquestra de Variedades - dirigida pelo maestro Artur Fonseca - radiodifundido para toda a província de Moçambique cantando - imagine-se!!! - a GRANADA.
Lembras-te Carlos?
Só alguns anos mais tarde é que me "vinculei" ao Rádio Clube de Moçambique: inicialmente, com 17 anos, no Teatro radiofónico - com a tua mãe - e só no ano seguinte, então já com 18, nas Orquestras de Variedades e Típica, como artista amador (com o Aníbal Coelho, o Carlos Guilherme ...).
Bons tempos.
Obrigado Carlos, por me criares esta oportunidade de relembrar o passado. O mesmo é dizer por reviver.

18 de janeiro de 2009 às 00:54  

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