8.1.09

Paranóia ou receios justificados?

UMA LEITORA, em comentário(s) colocado(s) [aqui], levanta uma questão interessante relacionada com a crónica Sócrates e a Liberdade e com o site-meter que se vê em rodapé. No entanto, dado que o texto comentado já tem mais de um ano, achei que era preferível chamar o assunto para um post próprio - este -, colocá-lo à discussão, e até premiar o melhor comentário que venha a ser feito até às 20h de 12 Jan 09, segunda-feira.
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Actualização (12 Jan 09/20h50m): como não foi possível mobilizar atempadamente os elementos do júri, o prémio será atribuído por votação dos leitores, a decorrer [aqui] até às 20h do dia 14 p.f. Nesse mesmo endereço pode ver-se, também, a capa do livro-prémio.
Actualização (14 Jan 09/20h10m): a votação deu: 1-0-11-0-1, pelo que o passatempo foi ganho por Alex HAL. Obrigado a todos!

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12 Comments:

Blogger pedro oliveira said...

Quando se assume a autoria de um blog de cara destapada, esperamos que do lado dos comentadores também aconteça o mesmo, se bem que o que esteja em causa sejam as ideias e não as pessoas.Como tal é normal aceitarmos,também tenho um blog,comentários com nicks.Ao aceitarmos comentários estamos a assumir a responsabilidade da edição dos mesmos para que sejam lidos por outras pessoas, se por ventura pessoas externas ao blog se sentirem melindradas ou ofendidas com o conteúdo dos comentários têm o direito de saber quem se esconde no nick e aí é nossa obrigação fornecer o IP a quem o pede, normalmente por ordem judicial.Como tal é prefeitamente normal que o sorumbático guarde os IP's de quem comenta.

Muio Provavelmente o autor do texto desconhecia este "pormaior", mas que não vejo grande relacionamento com a questão, uma vez que só através de queixa crime é que os editores são "forçados" a "dar" o IP do comentário "xpto", diferente é a panóplia de informação nossa que está disponivel a muita gente sem quaiquer restrições .

Pedro oliveira
http://vilaforte.blogs.sapo.pt

8 de janeiro de 2009 às 11:34  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pedro Oliveira,

O «Sorumbático», pelo facto de ter muitos colaboradores, cresceu muito, pelo que foi desdobrado em vários outros (uma espécie de rebentos...).

É o caso do «Humor Antigo» (anedotas do Almanaque Bertrand), do «Histórias de Chorar por Mais» (do J. Letria), do «Sopas de Pedra» (do Prof. Galopim) e do «Jacarandá» (de A. Barreto).

Sou eu que trato de todos esses "filhos do Sorumbático", e escolhi, para cada um, site-meters ao acaso, entre os muitos que por aí se encontram.
(Já agora: o «Sorumbático» já teve outros 3, que eliminei porque davam origem a irritantes 'pop-ups').

Estou pronto a substituir o actual por outro menos intrusivo. Para mim 'é igual ao litro', pois só o uso para ver se há muitos ou poucos leitores e - como sabe - aproveitar números engraçados (como o 666666) para promover passatempos ou - melhor ainda! -aproveitar para fazer almoçaradas comemorativas.

É por isso que o 'processo de intenções' da leitora é injusto e irritante.

NOTA: a média de idades dos contribuidores do blogue anda pelos 62 anos, e é tudo gente que tem muito mais que fazer do que andar à caça de IP e outras picuinhices.

8 de janeiro de 2009 às 12:08  
Blogger Luis Palma said...

Convém esclarecer que a relação indivíduo/IP não é directa e intemporal. O IP só identifica um indíviduo, num dado momento. Porque na maioria dos casos a atribuição dos IPs, pelas operadoras, é dinâmico. Mesmo no caso de IPs fixos, a identificação do indivíduo não é linear, porque na maioria dos casos os IPs fixos são usados por empresas com o objectivo de, com recurso a sub-redes internas(com IPs internos), partilhar um e só um IP público (externo).
Em suma, para, a partir de um IP, identificar um indivíduo, a operadora tem de consultar nos seus registos a quem foi atribuido esse IP e em que dia e hora.
É óbvio que essa informação só será disponibilizada por ordem judicial (não vejo outra hipótese).

/Lp

8 de janeiro de 2009 às 12:35  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Na lista de "filhos/rebentos do Sorumbático", que também giro, esqueci-me de referir o «Traço Grosso», de Alfredo Barroso.
-

Já agora:
Qualquer dia, o site-meter do Sorumbático vai precisar de mais um dígito pelo que, o mais tardar nessa altura, será substituído.
Aceitam-se, pois, sugestões!

8 de janeiro de 2009 às 12:42  
Blogger Carlos Antunes said...

Com todo o respeito pela Fátima Rolo Duarte e a sua preocupação, a verdade é que me parece que acaba por ser apenas uma pequena vontade de confronto saudável.
Havendo sites pela internet fora (que não vou mencionar, como devem imaginar) através dos quais se podem obter dados que vão até ao número de contribuinte de cada um de nós, precisando-se para isso apenas do primeiro e último nome de um dado indivíduo - e alguma paciência para o escrutínio entre os vários "Pedro Ventura" (um exemplo ao acaso, tenham em atenção) que por esse Portugal existem; não me parece realmente preocupante que um blog acabe por, acidentalmente, registar os IPs dos seus visitantes.
Muita outra informação deixamos nós abandonada "por aí" e que nem nos preocupamos.

Mas não culpo a Fátima por nada, acho que o Sorumbático incentiva por vontade própria esta contestação, esta vontade pensante de enfrentar as realidades (mesmo que virtuais) do dia a dia!
Portanto, continue-se!

8 de janeiro de 2009 às 12:49  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Já agora, apenas uma 'dica' que pode ajudar à confusão:

Em tempos que já lá vão (1995/96), tive uma ligação "Telepac".
A instalação que era preciso fazer indicava que a empresa me atribuía um IP diferente ('dinâmico', julgo que era o nome) de cada vez que eu me ligava.

Além disso, estive a reparar que, no site-meter do Sorumbático, quando se procura o IP, o último número, dos 4 que o compõem, não aparece visível. (O mais recente é, p. ex.: 195.23.53.#).

8 de janeiro de 2009 às 12:58  
Blogger Luís Bonito said...

Tentei perceber a que se refere a leitora Fátima Rolo Duarte (FRD).
Penso que se está a referir ao Google Analytics(?).
Não tenho nenhum blog mas já me explicaram que os blogs têm uma ferramenta (opcional, ao que parece)- o Google Analytics (GA), que lhe permite ter muita informação estatística sobre quem visita o blogue: endereço IP, região geográfica do utilizador, browser, definições gráficas, etc. Muita informação parece exagerada e desnecessária.
Quando acedo ao gmail em webmail, noto que antes de entrar também corre um programa com esse nome.
Mas pelo que li na net acho que o GA é anónimo. Pode dar as tais indicações acima referidas mas não indica dados pessoais do utilizador. Posso estar enganado, até porque, como já disse, nunca tive nenhum blog.
De qualquer modo um bom servidor de internet deve fornecer endereço de IP dinâmicos, a não ser que se pretenda um fixo por outras razões.
Acho que a FRD emitiu o comentário na base de que todos os bloggers utilizam o tal programa Google Analytics.
E acredito que assim não seja.
Será que se deveria analisar se programas como o GA violam a nossa lei sobre dados pessoais e se assim for proibi-lo em Portugal?
Acho que não. Seria um exagero.
Mais grave é tudo o que se pode saber da nossa vida privada e sobre os nossos hábitos através da utilização dos cartões, ou no futuro através do tal chip no carro, etc.
Aprendi nas matérias sobre segurança nas comunicações que a cada um só deve ser dada a informação que precisa. Mais não.
Essa máxima deveria ser também utilizada nos dados pessoais.
Mas não é isso que se passa. Em quase todos os actos da nossa vida, incrições de contas bancárias, clubes, cartões de clientes, edp, finanças, etc., quantas vezes nos deparamos com perguntas em excesso e sobre coisas que nada deveriam ter a ver com o assunto.
É realmente um exagero, em prol do marketing e de outras razões, o que tentam saber de nós.
Sobre a pergunta:"Paranóia ou receios justificados? ", acho que nem uma nem outra resposta.
O comentário resultou de uma assunção que não considero real.
Mas é com desagrado e muitas reticências que vejo as gerações mais jovens “abrirem-se” demasiado na net. Os clubes de todo o género que proliferam (Hi5, etc.) e onde muita gente insere dados pessoais, de forma totalmente néscia e acrítica, são uma forma grave de tornar a net um lugar propício ao roubo de identidades e dar golpes.
O que já nem é novidade, porque já aconteceu.

8 de janeiro de 2009 às 13:55  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Ah! E ainda me esqueci de referir um outro blogue que giro.
Trata-se do chamado «Blogue Auxiliar», para textos longos, e onde também meti um site-meterzito...

8 de janeiro de 2009 às 16:10  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Como FRD voltou ao assunto no 'post' do ano passado, pedi - lá - aos leitores que passem a comentar o assunto aqui.

9 de janeiro de 2009 às 10:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Já agora, uma curiosidade:
Quem for ao 'sitemeter' ver quem está em linha, encontra lá um cibernauta ligado à Netvisão.
Sou eu, e deram-me hoje o IP

«217.129.255.#»

O curioso é que, apesar de estar em Lagos, diz - e insiste! - que estou em Faro (mais concretamente em Estômbar)!. Que diabo! Se é para espiolhar, ao menos que o façam como deve ser!

9 de janeiro de 2009 às 12:45  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Já agora, uma curiosidade (enchi-me de pachorra e andei a pequisar datas):

A. Barreto começou a enviar as suas crónicas para eu afixar neste blogue no dia 7 Out 2007.

Nessa altura, em vez de um site-meter, havia dois: um da marca 'Bravenet' e outro da 'Webstat4U'.

Em finais de Fevereiro de 2008, acabaram ambos por ser retirados, no seguimento de problemas com pop-ups reportados por leitores.
Nessa altura, foi metido o actual.

Evidentemente, quem conhece minimamente a actividade de A. Barreto, sabe que ele tem muito mais que fazer do que andar a espiolhar site-meters e a ver o que cada um deles faz ou deixa de fazer!

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Mas não quero deixar de citar uma famosa afirmação de Freud:

«Quando Pedro fala de Paulo, fico a saber mais acerca de Pedro do que acerca de Paulo»

11 de janeiro de 2009 às 18:34  
Blogger carlos ponte said...

Nos finais do séc. XVIII, talvez preocupado pela insegurança crescente, o jurista e pensador britânico Jeremy Bentham, concebeu uma estrutura de forma circular, comportando vários andares, a que deu o nome de Panopticon, que funcionaria como a prisão ideal. Na periferia dos círculos situavam-se as celas totalmente abertas para o interior. Na parte central existia uma torre de vigilância onde os guardas podiam ver os presos sem que estes os vissem. A cela não oferecia ao preso qualquer possibilidade de se esconder: o seu mais insignificante interstício era devassado pelo alcance visual dos guardas. Além do trabalho de vigilância poder ser desempenhado por um número diminuto de guardas, este sistema criaria no preso a sensação que estava permanentemente sob vigilância, mesmo que isso não fosse verdade. Em última análise, seria o preso a controlar os seus actos.
John Twelve Hawks é um autor esquivo. Seja por feitio, seja por imposição de markting, continua a viver na redoma. Em 2005 escreveu um livro inquietante: “O Viajante”. Baseado no conceito de Panopticon, ainda que virtual, Hawks, retrata em "O Viajante" um mundo onde todos os cidadãos estão permanentemente sob vigilância, a menos que consigam viver fora da “rede”, e isso, é de uma dificuldade extrema e só ao alcance de alguns, poucos, iniciados. Potentes computadores recebem informação das mais díspares proveniências e conseguem tratá-la em tempo real, de tal modo que, teoricamente, qualquer cidadão estaria em cada momento, ao “alcance” da “irmandade”. “O mundo exterior continuava a parecer igual, mas os fantasmas podiam ver as torres e as paredes ocultas do Panopticon virtual.” É uma história perturbadora.
Num julgamento mediático que se vai eternizando nos tribunais portugueses, os passos de um dos arguidos foram fielmente reconstituídos pelo acesso a registos de telemóveis, cartões de crédito, portagens de auto-estrada e imagens vídeo captadas por câmaras que expõem todos os nossos passos à inconfessável curiosidade alheia.
Contando com as capacidades inimagináveis dos dispositivos electrónicos que aí vêm e com a inata propensão do homem para vigiar o “inimigo”, bem podemos dizer que todos nós, ordeiramente, vamos ocupando a nossa cela neste tenebroso Ponopticon virtual que vai crescendo à nossa volta. Voltando à citada obra de Hawks, a dado passo, o viajante Gabriel, por assim dizer um guardião daqueles que escolhiam viver fora da “rede”, desabafa: “- As pessoas querem acreditar que há uma ilha tropical ou uma gruta nas montanhas onde se podem esconder, mas hoje em dia isso já não é verdade. Quer gostemos, quer não, estamos todos ligados”.
O inquietante da história é que, depois de a ler, damos por nós a pensar que esse mundo, um mundo de uma opressiva vigilância, afinal, não está já tão longe como à primeira vista poderia parecer: já vivemos nele!

11 de janeiro de 2009 às 19:45  

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