9.1.09

Quente, quente... Frio, frio...

SE HÁ UMA VAGA de calor, não nos livramos das parangonas a garantir que «Aí está a prova do aquecimento global!». Se, como agora, há outra de frio, calam-se esses, e vêm outros perguntar «Então onde é que está esse 'vosso' aquecimento?».
O tema presta-se a exercícios de humor (como esta anedota, respigada do DE RERUM NATURA), mas o assunto das 'alterações climáticas' (mais ou menos reais e mais ou menos provocadas pelo Homem) é sério e merece um pouco mais. Ou não?

10 Comments:

Blogger Ricardo Sardo said...

Sem dúvida! Já li posts em alguns blogues a gozarem com a situação e o alegado aquecimento global, ignorando que este pode causar descidas das temperaturas em certas regiões do planeta, apesar da subida generalizada.
Cumprimentos.

9 de janeiro de 2009 às 17:29  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Sim.
Imagine-se uma sala onde há um bloco de gelo no chão. À parte as zonas próximas deste, a temperatura pode ser, p. ex. 20º

Se a temperatura da sala subir, o gelo derreterá, e a água líquida, espalhando-se, vai fazer baixar (e muito!) a temperatura do resto do chão da sala.

Não digo que isso esteja a (ou vá) suceder, mas, devido ao mesmo fenómeno, uma evenual fusão de gelo polar iria fazer arrefecer zonas a latitudes mais baixas (mais quentes).
Isso é tão evidente que nem sequer chega a ser Física Elementar.

9 de janeiro de 2009 às 17:39  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

...e há ainda um aspecto:

Quando se alerta (com ou sem razão - agora não discuto isso) para as "alterações climáticas", o que se diz é que a estações, em países como o nosso, passarão a ser mais extremas.
Ou seja: dado que estamos no Inverno, o facto de ele ser "mais extremo", até está de acoro com isso...

Mas, neste assunto, a generalidade das pessoas importa-se pouco com a lógica.

9 de janeiro de 2009 às 20:03  
Blogger Luís Bonifácio said...

Para mim o aquecimento global é treta, e apenas fundamento a minha opinião no facto de uma parte da comunidade cientifica se ter colocado numa posição dogmática, ostracizando a outra parte.

Já tive a oportunidde de ter visto ao vivo o Sr. Gore. Aquilo é apenas uma mera pregação evangélica, só faltou pedir o dázimo.

E quanto aos chulos do Quercus, dou um prémio (como o Amigo Medina faz) a quem me nomear um, e um único membro desta seita que não tenha interesses económicos nas "energias alternativas".

9 de janeiro de 2009 às 23:21  
Blogger ferreira said...

ignorando que este pode causar descidas das temperaturas em certas regiões do planeta, apesar da subida generalizada.

O que o Ricardo S parece ignorar é que há 12 anos consecutivos que a temperatura tem vindo a descer.
Atendendo às flutuações climáticas ao longo dos séculos, e à falta de de um período suficientemente longo de registos, não podemos afirmar coisa nenhuma.
Há registos históricos de que certas zonas já foram mais quentes (em Inglaterra já se plantou vinha)
e o seu contrário.

Não percebo o exemplo do bloco de gelo do Carlos, apenas digo que "ao aumentar a temperatura da sala" estamos a aumentar a temperatura global da sala.
Eu acrescentaria outro exemplo: se tivermos uma sala fechada, a uma temperatura de, digamos 20º, e metermos lá um frigorífico a trabalhar com a porta aberta, a temperatura "global" da sala aumenta, embora fique mais baixa que a média à frente e mais alta atrás.

10 de janeiro de 2009 às 00:26  
Blogger Táxi Pluvioso said...

O frio prejudica o tamanho da... virilidade.

10 de janeiro de 2009 às 05:28  
Blogger Jorge Oliveira said...

Medina : o teu exemplo do bloco de gelo dentro da sala não é muito feliz.

Dentro de uma sala a 20 ºC o gelo derrete sem ser necessário aquecer mais a sala.

E gelo a derreter nos polos é o que podemos observar todos os anos, durante o Verão respectivo, sem que os trópicos entrem – exagerando - numa glaciação.

Na verdade, nada disso tem a ver com o planeta Terra, que é tudo menos uma sala fechada e está permanentemente a receber energia do Sol.

O ar que se encontra na região polar, quando em contacto com a superfície gelada, ou próximo disso, obviamente arrefece, torna-se mais denso, aproxima-se da superfície, e devido ao movimento de rotação da Terra algumas massas desse ar acabam por se destacar, organizadas numa espécie de “bolachas” irregulares, com alguns milhares de quilómetros de diâmetro e um ou dois quilómetros de espessura, que são ejectadas, de forma aleatória, em direcção aos trópicos.

São os AMP, os Anticiclones Móveis Polares. Há anos que nos nossos boletins meteorológicos se ouve falar do anticiclone dos Açores, sem que raramente se perceba de onde provem tal anticiclone.

Mas o facto de o ar, no interior de um AMP, ser mais frio do que o ar que roda em torno dele e por cima dele, não implica que a região do planeta sob um AMP arrefeça obrigatoriamente.

No seio de um AMP o ar é sempre mais denso e a pressão mais elevada. Trata-se, portanto, de uma massa de ar melhor condutora de calor.

Se um AMP, ou vários, como acontece nas aglutinações anticiclónicas, se mantiver estacionário sobre uma dada região, o que se nota facilmente porque o vento quase desaparece, podem observar-se duas situações.

No Verão, quando o solo está mais quente, porque recebe uma maior quantidade de radiação solar, o estacionamento de um ou mais AMP sobre uma região permite que o calor do solo se transmita mais facilmente ao ar que se encontra por cima. Se essa estacionaridade se prolongar no tempo, pode daí resultar uma onda de calor. Claro que a onde de calor se vai atenuando à medida que o ar aquece, se torna menos denso e sobe, acabando por desconjuntar o AMP.

No Inverno, quando o solo está mais frio, porque recebe uma menor quantidade de radiação solar, mais se acentuam as baixas temperaturas do ar que se encontra sobre a região onde estaciona o AMP, podendo daí resultar uma vaga de frio.

O segundo caso é o que está a acontecer agora no Hemisfério Norte. O Árctico está muito frio e ejecta AMP com temperaturas muito baixas, que se aglutinam sobre vastas regiões do Hemisfério, reforçando o efeito de um solo frio.

A circulação geral da atmosfera, em que a ejecção aleatória de formações como os AMP a partir dos polos tem um papel preponderante, constitui a base de uma teoria exposta há alguns anos pelo Prof. Marcel Leroux, recentemente falecido, e explica muito melhor a evolução do tempo e o condicionamento do clima do que as fantasias do global warming.

10 de janeiro de 2009 às 07:53  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

No exemplo que dei, cometi uma incorrecção ao recorrer à expressão "temperatura global" (da sala).
O que nela há (como na Terra) são zonas a muitas temperaturas diferentes.

O gelo estará a menos de 0ºC, a sua superfície em fusão estará a 0ºC, e no resto da sala haverá outras temperaturas diferentes, maiores.
O gelo irá derreter lentamente, mas se uma eventual fonte de calor adicional for introduzida, a sua fusão poderá ser acelerada.

A distribuição de temperaturas alterar-se-á (como já iria suceder, mas agora mais depressa), e enquanto não ficar uniforme haverá, simultaneamente, zonas frias que aquecem e outras mais quentes que arrefecem.

Uma formiga esperta que, longe do gelo, seja apanhada pela água fria, também estranhará: «Então ligaram o aquecimento... e arrefeceu?».
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Quanto ao frigorífico com a porta aberta, é verdade (e até fez parte de uma "pergunta de algibeira" em tempos aqui colocada).
No entanto, o que aquece é a tal temperatura global da sala onde o frigorífico está.
Mas, se não houver uniformização das temperaturas na sala, o que sobe é a quantidade de calor existente nela - havendo, ao mesmo tempo, zonas em que a temperatura sobe (na zona do irradiador, atrás do aparelho) e outras em que desce (na parte da frente).

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No que toca à Terra, essa ideia de "global" é uma das falhas na discussão, hoje em dia completamente distorcida (oumanipulada?) por interesses gigantescos:

Das respectivas indústrias com interesses opostos (petróleo, gás, carvão, nuclear, eólica, solar, etc)e geopolíticos (veja-se a guerra do Iraque, o actual conflito do gás, etc).

Somos joguetes de todos eles, enquanto nos entretemos a chamar aldrabões uns aos outros...

10 de janeiro de 2009 às 12:31  
Blogger Sepúlveda said...

Gostava de partilhar convosco um blog muito interessante, especialmente para quem não o coinheça.
http://mitos-climaticos.blogspot.com/

Parece-me que a questão essencial do aquecimento global é se se deve ao Homem ou não. Só está ao alcance do Homem travá-lo no primeiro caso, que é o que os interessados querem que se pense.
Caso não se deva ao Homem, será parte de um ciclo natural do planeta, como a pequena idade do gelo do séc. XIX ou os vários períodos quentes (medieval ou dos Romanos) semelhantes ao actual (mas mais quentes), não sendo controlável por nós.
Tanto assim é que todos os cenários de aquecimento global são baseados em modelos de computador que nos apresentarão apenas aquilo que desejarmos com base no que programarmos, facilitando o embuste (assim como se fabrica resultados estatísticos influenciando a maneira como se os analisa).
Já agora, recomendo a leitura do livro "A ficção científica de Al Gore" onde podemos abrir os olhos para a possibilidade de estarmos a ser bem enganados pelos "verdinhos" (e não me refiro a marcianos) com grande "excesso zelo".

É claro que por outro lado, é conveniente para o nosso país depender menos de energias "fósseis" provenientes do estrangeiro. Mas continuamos a insistir em energias renováveis que só são competitivas por serem subsidiadas ou incentivadas com "benefícios" fiscais.

11 de janeiro de 2009 às 13:47  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A entrada de Al Gore nesta discussão teve um aspecto contraproducente:

Dada a sua condição de democrata e quase-presidente dos EUA, aparece com contaponto a Bush, republicano, presidente do mesmo país.

Isso ajudou ao enviezar da discussão sobre o clima, provocando alinhamentos em função das preferências político-partidárias.

É assim que vemos, em geral, a esquerda a jurar que a Terra aquece, e a direita a garantir que não.

Quando um debate - que devia ser científico e sério - passa a ser balizado por critérios desses, não vamos longe.

11 de janeiro de 2009 às 14:02  

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