2.2.09

O Preço Certo... - Passatempo com prémio

Notícia do Público [aqui]
COMO já se percebeu pela imagem e pelo título do post, será atribuído um exemplar do livro cuja capa aqui se vê ao melhor comentário que venha a ser escrito - até às 20h de 5 Fev 09 - sobre o fenómeno da incompetência, nomeadamente a que se manifesta em organismos públicos - pois, além de ser a mais difícil de extirpar, é a que prejudica maior número de pessoas.
Actualização (5 Fev 09/22h56m): O júri decidiu atribuir o prémio a Tuga_Man e menções honrosas (pois, neste caso, só há um livro para oferecer) a Rui Carlos e a Mister_P. Obrigado a todos/as.

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12 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Aqui vão, então, duas "dicas" que, embora não sejam novas (pois já foram referidas neste blogue) podem ajudar a lançar a discussão:

1ª - HÁ ALGUM tempo, Saldanha Sanches disse, na SIC, o seguinte (e cito de memória): «Se há dívidas fiscais que prescrevem, é porque há quem se encarregue de fazer com que isso suceda». Quando lhe perguntei se podia transcrever essas palavras, respondeu: «Sim; e pode acrescentar que, até há algum tempo, isso era uma actividade muito rendosa».
2ª - CONHECI um administrador de uma grande empresa que costumava dizer que «uma das características dos gestores incompetentes é que poupam nos tostões como se fossem milhões, ao mesmo tempo que desperdiçam milhões como se fossem tostões».

2 de fevereiro de 2009 às 13:28  
Blogger Carlos Antunes said...

Ser incompetente (ou pelo menos profundamente preguiçoso) é a prerrogativa nacional com que temos de contar sempre a priori.
Vai daí que estes erros de palmatória já sejam corriqueiros e apareçam na primeira página apenas para que os portugueses possam passar os olhos pela parvoíce e seguir em frente depois de mais uma risada ou abanar de cabeça.
O problema é que há uns outros portugueses que entretanto superaram a sua incompetência para se aproveitaram dos "buracos" que a incompetência dos restantes gera.

2 de fevereiro de 2009 às 15:36  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Anote-se esta:

Durante muito tempo, no prédio onde moro metade dos fogos esteve devoluto. Hoje em dia, alguns ainda assim estão.

Imagine-se agora as consequências de o correio se enganar e meter numa dessas caixas de correio correspondência que não é para lá.

Como se sabe, isso é mais do que frequente, e ainda há dias se encontrou, numa delas, uma declaração de uma companhia de seguros (para o IRS) que o destinatário (de um outro prédio) não recebeu a tempo.
E não há desculpas com a má letra, pois o endereço é "de computador".

Um amigo meu, vítima de incompetências dessas com excessiva frequência, recusa-se a reclamar porque - diz ele - «seria chato para o funcionário dos CTT, que até parece um gajo porreiro»!!

2 de fevereiro de 2009 às 17:12  
Blogger Carlos Antunes said...

Ui, os CTT...
Isso dá pano para mangas, dado que os CTT encontraram um nicho que lhes "desculpa" a incompetência.
Eles são uma empresa privada totalmente pertencente ao Estado.
Logo, não são Funcionários Públicos, pelo que reclamar deles é uma impossibilidade, mas é ao Estado que eles prestam contas...
Cada um se diverte mais que o outro neste jogo de parvoíce!
E encomendas a desaparecer são mais que muitas!

2 de fevereiro de 2009 às 17:37  
Blogger R. da Cunha said...

São os impostos não cobrados, por desleixo ou por buracos legais, bem explorados pelos advogados e fiscalistas ao serviço das empresas, são os desleixos ou incompetências das contrapartidas nos grandes negócios internacionais, etc. etc.
Quanto a desleixos de outra natureza, como os CTT, isso faz parte da nossa cultura. Já tenho recebido correspondência destinada a endereços de ruas vizinhas! Quem não tem mais exemplos a dar? Dou eu um: há meses foi-me apresentada um factura de água de consumo doméstico de valor superior a 4000 euros.Ia-me dando a solipanta. E-mails, telefonemas e a solução parecia-me difícil de encontrar. Disse aos Serviços que ia cancelar a autorização de débito na minha conta bancária, o que fiz, e lá aceitaram a leitura do contador que eu próprio fiz. Soube posteriormente que a contagem feita pelo empregado estava errada, coisa que inicialmente não queriam admitir.

2 de fevereiro de 2009 às 18:29  
Blogger Pedro said...

Para mim o mais recente erro de gestão foi o BPN.
O BPN não é vítima da crise financeira global. É vítima dos erros de gestão, dos negócios ruinosos deste banco peculiar, construído através de uma rede de empresários de média e grande dimensões do país real e que tinha interesses desde o consórcio do SIRESP a hospitais e aos vinhos das caves da Murganheira.

O império do BPN e da sua casa-mãe, a SLN, foi desenvolvido por Oliveira e Costa, um banqueiro que no final da década de 80 foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que teve um poder quase discricionário na máquina do Fisco e que conheceu alguns dos futuros accionistas do banco com os célebres perdões fiscais. O BPN e a SLN também contribuíram para a fortuna de Dias Loureiro, uma vez que o grupo comprou uma empresa da qual o ex-ministro foi administrador. O conselheiro de Estado chegou a ser vice-presidente do BPN.

Feita a intervenção no banco, é também importante apurar responsabilidades criminais. E ninguém vai preso? A culpa costuma morrer solteira em Portugal, quando há ricos e poderosos envolvidos. Cabe ao PGR e aos tribunais contrariarem essa tradição. Os cidadãos e os contribuintes merecem.
Há e já agora vamos ver se o TGV e a nova ponte sobre o Tejo não vão ter erros de gestão.

2 de fevereiro de 2009 às 18:53  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Um pequeno apontamento fotográfico relacionado com os CTT de Lagos:

http://sorumbatico-longos.blogspot.com/2009/02/recentemente-em-lagos-dirigi-me-uma.html

2 de fevereiro de 2009 às 19:42  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Aqui vai mais uma "deixa", desta vez a propósito de uma empresa que conheci muito bem:

«(...) um médico pode ser muito bom na sua especialidade e péssimo como Ministro da Saúde ou mesmo como administrador de uma unidade hospitalar - o Princípio de Peter explica isso muito bem, e continua perfeitamente actual.

Mas também não se pode cair na ideia inversa, a de que um gestor pode gerir qualquer coisa, mesmo sem ter um mínimo de conhecimentos do assunto. Depende dos casos.

Conheci, em tempos, uma empresa de engenharia que foi próspera e respeitada, durante dezenas de anos, enquanto foi dirigida por engenheiros séniores.
Mas a descredibilização rapidamente lhe bateu à porta - passe o eufemismo... - quando mudou de mãos e os novos accionistas acharam que gestores que tivessem sido bem sucedidos noutras empresas do grupo (mas de ramos completamente diferentes) seriam capazes de, naquela outra, fazer o mesmo. Não foi bem assim...»

(Publicado no ABRUPTO)

3 de fevereiro de 2009 às 15:47  
Blogger Ana said...

Incompetência é um "estado de graça" para a maioria das pessoas. Existe incompetência em todos os sectores, quer porque as pessoas se encontram insatisfeitas com o trabalho que desempenham, quer porque são mesmo incompetentes...
Mas onde julgo mais se manifestar é na função pública, porque não há um controlo directo, como na actividade empresarial (digamos mais pequena, porque se for numa empresa grande, a incompetência manifesta-se tal e qual).
Pessoas que demoram dias a fazer um trabalho que demora horas, pessoas que não abrem sequer os emails, quanto mais pensar em responder, pessoas que estão sempre mal encaradas no atendimento ao público, pessoas que não cumprem o horário de trabalho, pessoas que não fazem metade das coisas que lhes compete, pessoas que estão à espera que o colega do lado lhes faça o serviço...
Enfim um mundo de incompetentes!
E depois querem que haja produtividade no nosso país?
Se as mentalidades dos trabalhadores e das pessoas que estão por detrás deles não mudarem? Quem mudará? Aqueles que se esforçam verdadeiramente?

4 de fevereiro de 2009 às 21:02  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Enviado poe e-mail por Rui CarloS:

__

«Neste caso chamar-lhe um acto de incompetência, parece, demasiado
fácil ou seja, demasiado evidente.

E digo parece porque, realmente, neste caso o que creio que há é, em
princípio, falta de comunicação.

Agora sim, porque será que houve essa falha de comunicação? Por
incompetência, por negligência, ou "porque sim"?

Parece, insisto, precipitado afirmar que há incompetência.

Há demasiadas interrogações, para uma afirmação tão peremptória.

E, a Administração brinda-nos, por vezes, com incongruências.

Claro que estamos de acordo que o resultado, esse sim, indiscutível; a
"perda" para muitos e o "ganho" para algumas entidades, de 35 milhões»

5 de fevereiro de 2009 às 18:49  
Blogger mister p said...

O inventor
Faz agora 20 anos conheci o "inventor do monte".
Chegado por cunha e sem habilitações específicas a um sector de serviço ao público, o fulano tratou de imediato de "melhorar" o serviço prestado:
Com o apoio do director de serviços, passou a definir novo horário para ir a despacho. Esta nobre medida originou em pouco tempo a acumulação de processos a seu encargo pelo que, quando ía a despacho, o director lhe solicitava informação da premência de cada um. Passou a ser indispensável o seu aconselhamento. E era ver um corropio de utentes a perguntar-lhe o andamento do serviço, a pedir-lhe o favor de acelerar os mais urgentes, que ele retirava do monte, analisava cuidadosamente e decidia se colocava ou não "em cima" do monte. Passou a ter muito trabalho... e de responsabilidade.
Logo veio a constatação do aumento de serviço e a necessidade de pôr outro funcionário sob as suas ordens. O que (claro!) criou dois montes de serviço e mais trabalho, vindo lógicamente a constatar-se novo aumento de serviço.
A sua função foi sendo elogiada pelo "acompanhamento" que dava aos processos e foi reconhecido técnicamente pelos colegas e superiores.
Ainda hoje lá está. Após mestrado "a condizer" é agora funcionário superior. E consta que vai a Sub-director e talvez a Director (é só questão de o seu partido mexer uns cordelinhos...)
Ah!,... a quantidade de processos, ainda hoje, não parece ter aumentado muito mas são muito melhor avaliados!!!

5 de fevereiro de 2009 às 19:58  
Blogger mariazita said...

Perante a crise instalada, o país pergunta: "quem é o culpado?". Bom, para responder a esta questão, o país deveria procurar um espelho. A raiz deste problema está nos “chefões” de portugal. Não, não estou a falar do filósofo Sócrates! Estou a referir-me ao ADN mais íntimo dos portugueses: o porreirismo.
Portugal é o único país do mundo que inventou uma expressão - 'o gajo porreiro' - com o objectivo de transformar vícios em virtudes. O porreirismo muda o nome às coisas. Por exemplo, nunca há incompetentes em Portugal; só temos coitadinhos. O professor porreiro é aquele que não marca trabalhos de casa. Ou seja, um professor que seria considerado desleixado em qualquer parte da Europa sobe à categoria de 'gajo porreiro' em Portugal. Com esta inversão de valores, os portugueses conseguem viver bem com a sua preguiça e incompetência, visto que estas são as virtudes do 'porreiraço'. Por outro lado, o porreirismo também transforma virtudes pessoais em pecados colectivos. Com muita facilidade, um indivíduo trabalhador desce ao estatuto de 'lacaio do chefe'. Na faculdade, o aluno aplicado que recusa a palhaçada dos trabalhos de grupo é encarado como 'alguém que quer ser melhor do que os outros'. Esta expressão, tão portuguesa, reflecte a perversão moral do porreirismo: uma virtude pessoal - o desejo de superação individual - passa à condição de defeito social.
O porreirismo impõe ainda outra regra: o espírito acrítico. Nesta terra, uma crítica profissional é considerada uma ofensa pessoal. 'Isto não ficou bem feito' é uma frase que os portugueses confundem com 'a tua mãe é uma galdéria'. Devido a esta estranha incapacidade auditiva, os ambientes de trabalho transformam-se em pântanos de incompetência. Os portugueses são incompetentes porque não toleram ser criticados. É assim na escola. É assim na faculdade. É assim nas empresas. É assim na crise.

5 de fevereiro de 2009 às 20:00  

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