O voto dos emigrantes - Passatempo com prémio
PS, PCP, BE e PEV pretendiam acabar com o voto por correspondência dos emigrantes nas eleições legislativas. Cavaco Silva não concorda, e explica detalhadamente porquê - v., p. ex., [aqui] ou [aqui].
Como o assunto é importante, aqui fica ele à discussão. Na imagem, vê-se a capa do livro-prémio destinado ao melhor comentário que venha a ser feito aqui até às 20h do próximo sábado, dia 7.
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Actualização (7 Fev 09/20h40m): consultados 2 elementos do júri, foi decidido premiar R. da Cunha e Alex-Hal. O primeiro dos dois que, em "comentário", escrever «Quero eu!» receberá o livro aqui indicado. O outro receberá um livro-surpresa. Isso deverá ser feito nas próximas 48h.
Etiquetas: CMR, Passatempos
13 Comments:
Aqui fica uma "dica/provocação":
Cavaco diz que acabar com o voto por correspondência aumentaria a abstenção.
É claro que sim, e é por isso que a ideia é boa!
Aliás, acho que até devia haver medidas para promover o voto em branco - que é aquele que eu tenciono, mais uma vez, usar.
Umas vezes pé-ante-pé, outras vezes a passos de gigante, os deputados "do povo" afastam-se de quem os elegeu e neles confiou. Agora nem sequer disfarçam.
A maioria dos emigrantes não se encontra recenseada e muitos que o estão, é na sua terra de origem. E, dos recenseados, a maioria abstem-se, por isso nem se podem queixar muito. Por outro lado, a verdade é que o voto por correspondência permite a fraude generalizada (não afirmo que a mesma se verifique). O que creio ser mais acertado é que os emigrantes reclamen condições para exercerem o seu direito de voto nos locais (ou próximos) onde residem. É caro? Pois será, mas parece-me o mais acertado. Também as campanhas que os partidos fazem pelas mais importantes colónias ficam caras, mas os candidatos vão lá.
Umas "dicas", antes de me ir deitar:
Então esses partidos conviveram bem com 30 anos de "fraudes"?
Então se há fraudes nos transportes públicos (gente sem bilhete), o que é que se faz: melhora-se o sistema, ou fecham-se as carreiras?
O que está em causa aqui não terá um efeito simbólico tremendo, de afastamento? Não ficarão os emigrantes a pensar (ainda mais!) que, por cá, só querem o dinheiro das suas remessas?
Numa altura em que, pelo mundo fora, se discute (e muitos usam) o voto electrónico (não presencial) vamos no caminho oposto(forçando o presencial)?
O que me parece é outra coisa:
Como os votos da emigração são, normalmente, da área da direita, a esquerda quer dificultá-los e a direita quer facilitá-los.
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Já agora: o meu filho, para votar, (dado que está recenseado em Lisboa e a trabalhar temporariamente em Lagos) vai ter de fazer (e por cada eleição!) 650 km.
Não seria lógico poder votar (mesmo que presencialmente) numa qualquer assembleia local?
Caro CMR,
Não curo de saber a quem aproveita o voto presencial. Concordo, porém, que devia ser faciliatado o voto. Aliás, creio que o único voto por correspondência só é válido para as legislativas, o mesmo não sucedendo para as Europeias, Autárquicas e Presidenciais. Pois venha o cartão de voto!
Nota: não falei em fraudes, mas em possibilidade de fraudes.
Pela lei agora vetada eu terei que viajar 3 horas (ou mais) de carro para votar (e depois mais 3 horas para regressar).
Um coisa é ter o direito a votar e essa votação estar disponível de modo acessível. Outra é, com base em eventuais fraudes, (e como o Carlos muito bem referiu nenhum partido se queixou até agora), tornar o voto tão inacessível que é quase como outro modo de retirar o tal direito fundamental.
Parece-me que no fundo a questão é sempre a mesma: as pessoas gostam de alterar as regras dos jogos a seu favor.
Se não, veja-se a posição (pró e contra) dos diversos partidos.
Não se percebe porque é que não implementam o voto electrónico. Assim, as probabilidades de fraudes seriam muito poucas.
Um sistema bem montado que iria facilitar o direito ao voto de milhares de cidadãos que se vêm obrigados a deslocar muitos quilómetros. Cidadãos que se encontram hospitalizados no dia de voto. Cidadãos que têm muitas dificuldades de mobilização. Variadíssimas situações impeditivas deixariam de o ser.
Porque é que tal ainda não é feito?
Sugiro a leitura do livro "Inforfobia" do Eng. Medina Ribeiro.
1- O que é curioso é que o próprio programa do PS prevê a implementação (no futuro) do Voto Electrónico!
2 - Leia-se o Editorial de hoje do DN, um jornal insuspeito de estar ligado à Oposição...:
«As eleições têm de ser muito mais fáceis
A decisão do Presidente da República de vetar a alteração da Lei Eleitoral para a Assembleia da República no voto dos emigrantes foi no sentido de evitar aquilo que seria um recuo face ao que os países mais desenvolvidos têm implementado na gestão da democracia. É verdade que os emigrantes já estão obrigados ao voto presencial nas eleições presidenciais e nas europeias, só que nesses dois casos existe um círculo nacional único. Nas eleições legislativas há dois círculos para os portugueses que residem no estrangeiro: Europa e Fora da Europa. No total, os emigrantes elegem quatro deputados - que em muitos casos podem ser decisivos e ter uma palavra a dizer na formação de uma maioria absoluta - que devem preocupar-se com os problemas da diáspora.
Impor o voto presencial aos emigrantes nas legislativas era esquecer que este Governo reduziu em muito o número de consulados espalhados pelo mundo e era ainda ignorar que o sistema poderia evoluir para o voto electrónico. Porque essa será a reforma de futuro: facilitar os votos e as eleições, aumentar a participação política e reduzir a abstenção».
Quando vemos que são muitas vezes os emigrantes que mais se preocupam com este país, que pela própria condição de distância se interessam e se envolvem ainda mais do que nós que o vivemos (ou sofremos) a cada dia, é inconcebível pensar que o seu voto viesse a ser desconsiderado e eliminado da maneira que teria sido.
A possibilidade de fraude vem agora à mente dos que outrora beneficiaram dos votos dos emigrantes.
É medo, então, que rege esta proposta?
O medo de perder a maioria absoluta que tanto pedem?
Eu confesso, sempre votei.
Da primeira vez que lá fui - calhou mesmo bem, ainda tinha os 18 anos frescos - votei branco.
Estava-me a "cagar" para aqueles símbolos com o quadrado branco ao lado.
Para mim era tudo a mesma canalhada e diziam-me tanto como um compêndio de doenças exóticas.
Hoje continuo a "não me importar" (mudam-se as idades, mudam-se os verbos) com esta gente, mesmo que me importe os resultados das suas políticas.
Só se for lá para a Junta ou para a Câmara é que voto com interesse, que já sei que o candidato que mora na minha rua lá vai arranjando os esgotos.
Os emigrantes, pelo contrário, ainda vêem o país como um todo, preocupam-se, pensam, sentem este rectângulo na ponta da Europa.
Retirem-lhe os votos e então com que ficamos?
Mais dia menos dia ficamos com os votos somente dos próprios candidatos, pois aos emigrantes retiram os votos e aos portugueses só lhes aumentam a indiferença.
Depois é que vai ser divertido.
Sobre o voto electrónico, acho uma boa ideia, mas aconselho a que primeiro se veja e se ironize sobre o assunto com o filme O Homem do Ano.
Isto para evitar qualquer entrada de ânimo leve nesse sistema!
Aos nossos emigrantes só tenho a dizer que, no nosso belo País, muitos dos seus conterrâneos a única coisa que anseiam mesmo receber e não por correspondência, é mesmo as poupançazinhas dos anos de suor e trabalho!
Não tarda nada para poderem votar, serão incentivados a colocar o voto, em branco claro, juntamente com a poupança em algum offshore…
Não é por acaso que está medida "dificultadora do voto" é sugerida pela esquerda e combatida pela direita.
Há um aspecto muito importante de que, nestes casos, se evita falar, mas que todos os políticos e analistas conhecem bem:
As dificuldades de voto favorecem a esquerda, pois os seus adeptos são muito mais militantes.
A abstenção dos simpatizantes e militantes do PCP e de BE, p. ex., é baixíssima.
Essa discussão aparece sempre que há eleições que podem ser marcadas em alturas de férias, pontes, etc.
Na Itália, onde o voto é obrigatório, esse facto sempre foi relacionado com as vitórias, durante décadas, da Democracia Cristã. Se não fossem obrigados a votar, muitos cidadãos abstinham-se. E as classes mais propensas à abstenção são as mais acomodadas, as da burguesia que vota à direita ou ao centro.
O PS veio agora com esta (assim como a do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que há pouco tempo rejeitava) como tentativa de ganhar um par de deputados que lhe possam a garantir a maioria absoluta que vê escorregar por entre os dedos.
Quero eu!
Um abraço a todos!
PS - E até amanhã que vou ver o Revolutionary Road!
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