Os costumes rurais
Por Maria Filomena Mónica
O MUNDO MODERNO tem tendência para considerar o passado como um paraíso perdido. Os citadinos olham o campo, onde aliás raramente põem os pés, como se de uma Arcádia se tratasse: segundo eles, a vida rural é povoada por lindas pastoras, burrinhos fazendo toque-toque-toque e velhinhas a fiar na soleira da porta. Durante a minha infância, passei o tempo suficiente numa aldeia para saber que nada disto corresponde à realidade.
Há dias, fui a Lamego. Ao almoço, falou-se de «abafadores», uma personagem que desconhecia. Foi-me explicado que se tratava de umas pessoas chamadas para colocarem uma almofada sobre a cara de um velho, quando este estava a incomodar a família com os seus gemidos, ou, na melhor hipótese, quando se encontrava em processo de sofrimento. (...)
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5 Comments:
Esta notícia é de hoje, 27 Fev 09:
O crime chocou a população da pequena aldeia de Arcozelo, em Vila Verde.
Rosa Maria Fernandes, 38 anos, asfixiou até à morte a própria filha, recém-nascida, e enterrou o cadáver da criança no quintal. Fez tudo sozinha – e o caso só chegou anteontem à noite ao conhecimento das autoridades, através de denúncia anónima.
Convém não perder a perspectiva e portanto não esquecer que a infancia da MFM passou-se muito antes do tempo da outra senhora.
Atenção que se estamos a falar de costumes, devo relembrar que isso é uma fonte de direito. Talvez, à semelhança dos touros de morte de Barrancos, algumas localidades possam então disponibilizar o "aborto pós nascimento" e também o abafamento de velhos às suas populações.
O texto de MFM recordou-me um outro, lido fazia tempo e relido agora mesmo, antes de dedilhar este escrito. O texto em causa tem o título "O ALMA GRANDE" é um conto incluido no livro NOVOS CONTOS DA MONTANHA de Miguel Torga.
Leiam-no, vale a pena.
E quem não se lembra da "tecedora de anjos" do Crime do Padre Amaro?
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