Pântanos
Por João Paulo Guerra
O general Garcia Leandro, na qualidade de presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo - OSCOT, deu a entender que a criminalidade económica-financeira "eclodiu" no final do ano passado pelo que vai ser a grande revelação da terceira exposição do Observatório, depois de análises anteriores terem detectado e quantificado a criminalidade violenta e o crime contra o património.
A VERDADE É QUE A CRIMINALIDADE económico-financeira é tão antiga que é mesmo anterior à velha moda dos colarinhos brancos. Em Portugal é antiquíssima e hoje será difícil aos limnólogos localizarem as origens exactas do pântano português.
É verdade que quem primeiro falou no pântano foi o engenheiro António Guterres. Disse em 2001, depois de perder as autárquicas, que se ia embora para evitar o pântano. Mas se algumas pantanosas figuras vêm dos tempos de Guterres, não é menos verdade que se revelam hoje paludosas criaturas anteriormente empantanadas, se não com a fama pelo menos com largo proveito. O pântano é riquíssimo em nutrientes e tem muitas outras vantagens: não passa nem exige facturas, não cobra IVA, não faz retenções nem pagamentos por conta, é discreto, surdo e mudo, não deixa rasto e tem canais de drenagem para ‘off-shores' pelo sistema de vasos comunicantes.
Claro que a podridão não será boa vizinhança. Mas, por definição, podridão é o estado do que é podre. Diferente será o podre do que é Estado e esse nem sequer tem cheiro. Pelo menos, as polícias e o Ministério Público por mais que cheirem não farejam nada que se veja. Quando muito, detectam alguma ventosidade que se ouça. Mas nesse caso há sempre a hipótese de as escutas serem consideradas inconstitucionais.
«DE» de 11 de Fevereiro de 2009
NOTA (CMR): Acerca das «investigações que andam ou não andam», vale a pena ler o post de João Gonçalves «Tens para a troca?».
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2 Comments:
São os sinais claros da queda iminente da 3ª República!
Não tenho qualquer dúvida em afirmar que ou as elites assumem as suas responsabilidades e governam o país ou algo de muito grave acontecerá e mais depressa do que se julga! A revolta está latente, o desespero é evidente, a fome começa a apertar para muito mais gente do que aquela que alguma vez se pudesse imaginar, este governo atiçou portugueses contra portugueses e a justiça é completamente incapaz de prender quem comete crimes relacionados com o tráfico de influências, nepotismo e corrupção!
Este filme já toda a gente o conhece, foi assim na queda na Monarquia, foi assim na queda da 1ª República... e, escusado será ter que lembrar os acontecimentos que se sucederam...
Tenhamos esperança. Se a crise acabar com a economia, acaba-se também o crime...
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