Impostos e Imposturas
A PROPÓSITO da crónica anterior e da - mais uma vez - anunciada acção do Estado para identificar os donos de inúmeras propriedades espalhadas pelo país, aqui vos deixo o relato de uma experiência curiosa por que tive de passar.
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NO INÍCIO dos «anos 80», comprei uma pequena ruína nos arredores de Lisboa e fiz tudo o que tinha a fazer: paguei a sisa (e até por duas vezes, pois houve uma posterior avaliação das Finanças), fiz a escritura e o registo predial. Sendo uma propriedade de pouco valor, não estranhei o facto de nunca ter sido chamado a pagar Contribuição Autárquica.
No entanto, recentemente, os proprietários que não pagavam essa contribuição (mesmo os isentados, como era suposto ser o meu caso) foram intimados a declarar as suas propriedades nas Finanças - o que fiz, portanto, MAIS UMA VEZ. Como prémio do meu civismo, a partir desse dia passei a pagar IMI, o Imposto Municipal sobre Imóveis... Mas não me queixei pois, afinal de contas, havia milhões de casos como o meu e achei que, se cada um pagasse a sua parte (mesmo que fosse pouco), sempre ajudava a combater o malfadado défice.
Agora veja-se a cara com que fiquei quando soube recentemente que, devido ao grande número de propriedades não declaradas, e na impossibilidade de fazer cumprir a lei, o Estado desistiu dessa sua exigência...
A partir desse dia, as iniciais IMI passaram a significar, para mim, Imposto Municipal para Ingénuos.
"Público-Local" e "metro", 12 Jan 06; na foto: em 2002, após recuperação.
Etiquetas: CMR
3 Comments:
Ah! E já aqui tenho o aviso para pagar a prestação de Abril!
É inacreditável.
Que país este.(!?)
Ab
O Estado não aprendeu com os Bancos e financeiros. Ordenhar, persistente e progressivamente, a vaca conduz ao fim do sistema. Por isso, sou a favor do ar moderno, cada vez mais impostos, para ver no que isto vai dar.
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