20.6.09

Exames e Radicalismos

Por Filipe Oliveira

NOS ÚLTIMOS ANOS temos assistido a formidáveis avanços científicos com relevância para a Educação. (...)

Como a última avaliação internacional encomendada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia parece demonstrar, a grande maioria dos Centros de Investigação em Ciências da Educação portugueses parece não acompanhar estes progressos. Depois de amplamente denunciado, o discurso dito “eduquês” - caracterizado por um arrevesado discurso hermético pejado de termos obscuros sem significado tangível - tem-se vindo a esbater progressivamente. No seu lugar permanece uma doutrina vaga, fortemente ideológica, opinativa e recheada de falácias e argumentos incongruentes. É o retrato de uma comunidade fechada, auto-referenciada, distante da comunidade científica internacional e sem soluções para o Ensino pré-universitário português. Uma comunidade em que muitos se recusam liminarmente a dialogar com os especialistas das áreas a que se propõem ensinar a ensinar, apesar das suas manifestas fragilidades nesses campos.

Exemplo de tudo isto é a entrevista dada à revista Guia do Estudante por Leonor Santos, professora do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. O artigo descreve-a como uma especialista em avaliação desenvolvendo investigação nessa área há cerca de vinte anos.

Vejamos em que consistem as suas posições:

Do estudo e do não-estudo

À pergunta “Para que servem os exames?” Leonor Santos responde:

“A questão dos exames é uma polémica recorrente e há quem seja a favor e quem seja contra. Para mim, é muito mais importante discutir as razões que são apontadas com maior frequência para justificar a existência de exames.(…)”

É um início de entrevista algo enigmático. Será que Leonor Santos quer dizer que antes de se tomar uma posição sobre um determinado assunto há que medir os argumentos de um dos lados (o que seria de uma evidência desconcertante se fosse de ambos os lados)? Ou estará a querer dizer que mais importante do que tomar uma posição é discutir os diferentes argumentos envolvidos, à imagem de um médico a quem se pergunta se fumar faz mesmo mal e que responde “Bem mais importante do que dizer se faz mal é discutir por que algumas pessoas pensam que faz bem.”? (...)
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Texto integral [aqui]

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2 Comments:

Blogger Tiago Caliço said...

Caro Filipe Oliveira,

Na mouche!
Para usar uma técnica à la Leonor Santos, acrescentaria: Será que muitos dos especialistas portugueses em ciências da educacão não serão antes adventistas de ideologias educacionais?
Creio que muitas das falácias que Leonor Santos nos apresenta, comuns aliás em "especialistas" e "leigos" da avaliação, têm origem em algum desconhecimento (e às vezes preconceito) da psicometria e docimologia. Noções como fiabilidade, validade do construto, imparcialidade, exequibilidade e impacto parecem não fazer parte do 'jargão'. Mas sublinhar sempre os efeitos socialmente desejáveis (para alguns) sem se curar da consistência técnica dos instrumentos de avaliação parece ser o mote. No limite, este género de discurso apela a dados que se encaixem nas conclusões e nos métodos, não o oposto. Uma pressuposta 'igualdade', alavancada em testes que dêem uma 'patine' de seriedade a processos cientificamente insidicáveis. Por outro lado, confunde-se natureza e uso da avaliação. Os testes medem, só. Medem competências, conhecimentos, aptidões, aprendizagens (entendidas como variação em competência/proficiência), o que o nosso construto a avaliar for. O que se faz com eles é toda uma outra história. São lógicas (inter-)dependentes, mas distintas e que se sujeitam a heurísticas próprias: medir e depois decidir. Sem rigor no primeiro não há qualquer esperança de justiça para o segundo. E o rigor começa por ter as ideias claras em relação a objectos, processos e usos.

20 de junho de 2009 às 21:57  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Isso está tudo errado. Os portugueses são muito bons em tudo.

Até se viu nas eleições como não foram festejadas vitórias. O PSD compreendeu que o seu número de votantes desceu, que o povo queria penalizar Sócrates, mas que não vê a Sr.ª Leite como um bom substituto, logo votou em branco e nulo ou BE ou absteve-se. Fiquei bastante espantado pelos políticos de todos os partidos não terem reclamado vitória.

21 de junho de 2009 às 13:36  

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