16.7.09

Os votos dos mortos

Por Joaquim Letria

O PSD ANDA A QUERER dar cabo das férias ao simpático José Magalhães. Mas talvez com a ajuda de alguns funcionários diligentes e o esforço de certos profissionais, independentes e competentes, o nosso secretário de Estado ainda consiga fugir de Lisboa em Agosto.

O PSD chamou a atenção para o facto, fez um grande alarido, mas temos de reconhecer que tem toda a razão. É que os cadernos eleitorais estão martelados, em vésperas de eleições.

Para os nossos estimados leitores ficarem com uma ideia, basta dizer-lhes que há uma única pessoa com 614 registos, nas eleições para o Parlamento Europeu houve gente que votou mais do que uma vez, há 9600 nomes iguais e muitos mortos continuam vivinhos da costa nos cadernos eleitorais, além de se ter descoberto um eleitor com 136 anos de idade.

O relatório da Comissão Nacional da Protecção de Dados revela ainda que o sistema de gestão do recenseamento está ilegalmente no SEF, onde várias entidades podem alterar os dados e visitá-la sem registo!

Mas José Magalhães está feliz. Ele diz que este sistema é o fruto de 10 anos de trabalho e que quando era tudo em papel era muito pior.

Estou de acordo, desde que nas próximas eleições os mortos já não votem.

«24 horas» de 16 de Julho de 2009

NOTA (CMR): esta crónica era para ficar visível só ao fim da tarde, mas resolvi antecipar a sua afixação em homenagem ao autor de «As Memórias Póstumas de Brás Cubas».

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