17.8.09

Carne quebrada, nervo torto

Por A. M. Galopim de Carvalho

FOI UM TEMPO em que a única vacina era a que se dava contra a varíola, enfermidade grave, tantas vezes fatal, conhecida de toda a gente por bexigas, pois deixava os poucos que lhe sobreviviam marcados pelas inúmeras pequenas cicatrizes das vesículas pustulentas espalhadas por todo o corpo, particularmente visíveis no rosto.

Uma entorse num artelho ou num pulso resolvia-se, via de regra, com escaldões num alguidar com água e sal, quase a ferver. Aí se mergulhava o pé ou a mão, procurando resistir ao intenso calor o tempo considerado necessário. Por último, apertava-se a articulação com uma ligadura, no sentido de a imobilizar e reduzir o inchaço. Depois era esperar uns dias até o incómodo passar.

Nos casos mais difíceis de resolver por esta via, a minha mãe recorria a uma vizinha tida por muito virtuosa, para que ela “cosesse” o torcegão. Conheci a virtude desta senhora uma vez que torci um pé no sítio do tornozelo, teria eu uns oito ou nove anos. (...)

Texto integral [aqui]

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1 Comments:

Blogger R. da Cunha said...

Também eu miúdo fui objecto da cozidela, por causa do coxo

17 de agosto de 2009 às 18:10  

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