Maria Luísa
Por Joaquim Letria
HÁ MAIS DE 50 ANOS que deixei de ir à praia da Maria Luísa. Fui lá sempre por mar, pois aquela beleza única do litoral europeu, que recordo com muita saudade, não tinha acessos por terra. A praia chama-se ainda Maria Luísa por o pai desta senhora da família Pereira lhe ter dado o seu nome, em homenagem à filha estremecida. Nunca suspeitou ele que deixaria ligado o nome da sua menina a uma tragédia como a que ali ocorreu há dias.
Navegar até à Maria Luísa e aí fazer diversas pernoitas era um presente único para o miúdo que então eu era. Na praia da Maria Luísa, a escorregar pela falésia, havia o arraial da armação montada ao largo. O arraial era composto por meia dúzia de casinhas onde se abrigavam outros tantos pescadores e suas famílias, enquanto durasse a campanha no mar, animada por grandes cardumes de atum que cruzavam a costa, seguindo as correntes quentes e originando as ímpares touradas do mar que tanto animavam as vidas daqueles que viviam da rotina do levantar das redes.
Todos garantiam: ali, construir, nunca! A falésia só para ver afastada. Carros, só perto da estrada. E havia assim a certeza da praia Maria Luísa ser preservada pelos anos fora, de maneira muito diferente do que ali fizeram, indiferentes às consequências que sempre houve quem previsse.
HÁ MAIS DE 50 ANOS que deixei de ir à praia da Maria Luísa. Fui lá sempre por mar, pois aquela beleza única do litoral europeu, que recordo com muita saudade, não tinha acessos por terra. A praia chama-se ainda Maria Luísa por o pai desta senhora da família Pereira lhe ter dado o seu nome, em homenagem à filha estremecida. Nunca suspeitou ele que deixaria ligado o nome da sua menina a uma tragédia como a que ali ocorreu há dias.
Navegar até à Maria Luísa e aí fazer diversas pernoitas era um presente único para o miúdo que então eu era. Na praia da Maria Luísa, a escorregar pela falésia, havia o arraial da armação montada ao largo. O arraial era composto por meia dúzia de casinhas onde se abrigavam outros tantos pescadores e suas famílias, enquanto durasse a campanha no mar, animada por grandes cardumes de atum que cruzavam a costa, seguindo as correntes quentes e originando as ímpares touradas do mar que tanto animavam as vidas daqueles que viviam da rotina do levantar das redes.
Todos garantiam: ali, construir, nunca! A falésia só para ver afastada. Carros, só perto da estrada. E havia assim a certeza da praia Maria Luísa ser preservada pelos anos fora, de maneira muito diferente do que ali fizeram, indiferentes às consequências que sempre houve quem previsse.
«24 horas» de 27 de Agosto de 2009
Etiquetas: JL
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