24.9.09

Lima

Por João Paulo Guerra

Um amigo escrevia-me ontem ao fim da tarde: “Brevemente nas bancas o II volume das memórias de Fernando Lima: O meu tempo sem Cavaco Silva”.

A QUESTÃO É QUE SERÁ certamente um livro branco ou, melhor dizendo, em branco. Fernando Lima, sem Cavaco Silva, não terá assunto. A lealdade de Fernando Lima a Cavaco Silva atinge contornos de fidelidade - qualidades bem diversas - e ninguém admitirá que, mesmo no papel de bode expiatório, até mesmo humilhado e despedido - o que não será o caso -, alguma vez o ex-assessor de imprensa de Belém venha a abrir a boca sobre o que realmente se passou quanto às suspeitas de espionagem do Governo à Presidência. E, melhor que ninguém, Cavaco Silva sabe que Lima só fala do que é visto falar.

Fernando Lima acompanhou toda a vida política de Cavaco Silva nos últimos 24 anos, nas vitórias das maiorias absolutas, na derrota da primeira corrida presidencial, no regresso. Em 2004, quando se começava a desenhar a grelha de partida das presidenciais, Lima retomou enfim a carreira de jornalista, assumindo a direcção do Diário de Notícias, apesar do voto contra da redacção. Entretanto, Santana Lopes chegou à liderança do PPD e os santanistas fizeram a cama a Fernando Lima. Mas quando Cavaco Silva anunciou a candidatura a Belém, lá tinha, a seu lado, o homem de confiança.

Agora, uma inventona e o Diário de Notícias tramaram Fernando Lima. O caso tinha mais de um ano quando o DN entrou na história revelando a fonte do Público. Em Belém, seguramente que se sabia de tudo há muito. A questão foi a fonte do caso vir a lume nos jornais. Belém limou as arestas do caso das alegadas escutas. E Fernando Lima tramou-se porque um assessor tem sempre costas mais largas que qualquer assessorado.

«DE» de 23 de Setembro de 2009

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