24.9.09

O votinho do mexilhão - Passatempo com prémio

SUGERE-SE aos leitores a abordagem do tema do voto útil. Como 'dica', aqui fica uma metáfora, reciclando uma velha anedota:

Um indivíduo entra num snack-bar, consulta a lista, onde consta 'sanduíches de tubarão', e manda vir uma. Respondem-lhe que o melhor será escolher outra coisa, pois, embora possa pedir o que quiser, o patrão não vai gostar de encetar um tubarão só por causa de um cliente.
Pois bem; para que a história se adapte ao voto útil, há que lhe adicionar um parágrafo:
Perante o desagrado do freguês, o empregado sugere-lhe uma sanduíche de atum, que também é peixe: «E olhe que deve ser ainda melhor, visto que é o que muita gente pede».
NOTA: o passatempo termina às 20h de 27 Set 09, sendo o prémio (a atribuir ao melhor comentário) um exemplar do livro Mexilhão para a Ceia, cuja capa aqui se vê (ou, em alternativa, um livro de receitas - com mexilhão, por motivos que dispensam explicações).
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Actualização (28 Set 09/9h29m): depois de muito pensar, o júri decidiu atribuir a seguinte classificação: 1.º Musicólogo, porque foi direito à questão que se colocava, não se desviou dela e foi muito claro. Vai, pois, receber o livro indicado. 2-º Dana_Treller e Manuel Brás, ex-aequo - devido à originalidade das suas participações vão receber, cada um, um livro-surpresa. 3.º Maria, pelo extraordinário empenho manifestado no assunto, vai também receber um livro-surpresa. Têm 24h para escreverem para premiosdepassatempos@iol.pt indicando morada.

25 Comments:

Blogger Musicologo said...

O voto útil só faz sentido para os descrentes e para os estrategas. Quem não tem convicções políticas com ninguém, queira protestar ou ajudar vota útil. Agora quem se rege pelos seus princípios votará sempre no partido em que acredita, porque tem de acreditar que ele poderá ganhar.

Vamos reduzir isto ao caso dos partidos novos. Nenhuma sondagem lhes dá hipóteses de nada. Então a pensar assim ninguém votaria neles, porque serão sempre votos "inúteis". Que adianta votar num partido se ele nunca elegerá ninguém? Mas como poderá um partido eleger alguém se todos os eleitores pensarem da mesma maneira?...

Assim sendo, só se sai deste impasse se considerarmos que todos os votos são úteis (para o que quer que seja). Mesmo os votos que não elegem ninguém são úteis para aferir quantas pessoas estão realmente interessadas em determinado partido e podem emprestar-lhe uma dinâmica de vitória nas eleições consequentes.

Um exemplo prático: Nas europeias o MEP teve um resultado interessante que lhe permitiria eleger 1 deputado em Lisboa. Já o MMS não.

Isto poderá ter condicionado eleitores descontentes que queiram apostar num novo partido em votar MEP porque acreditam que assim o seu voto poderá contribuir para de facto elegerem alguém. Ao invés poderá desmotivar os votantes do MMS, "nesse não vale a pena, já se viu que não chegam lá".

Para esse efeito as sondagens são um grande condicionador já que decidem votos úteis: se a sondagem diz que partido X está próximo de determinado objectivo então vou ajudá-los porque vale a pena.

E quanto a mim é isso o voto útil: o voto condicionado por uma expectativa de um objectivo, em lugar de um voto no partido de convicção, mas que achamos que não fará diferença.

24 de setembro de 2009 às 16:21  
Blogger Maria said...

Voto útil? E qual é o voto útil? Votar num partido para que outro não ganhe? Votar do mal o menos? Lavar as mãos como Pilatos? Não votar no próprio partido para que outro ganhe? Será honesto?
Sempre votei num só partido, o PS.
A verdade é que nem sempre convencida, mas vencida. Desta vez vou votar de novo no meu partido. Consciente de que este será o voto útil para todos. Com todos os defeitos e erros, fez mais em quatro anos do que os outros, durante os seus efémeros e catrastóficos mandatos.
Quero eu dizer: se quero sande de tubarão, só vou comer essa.
Isto nem é para entrar no concurso.
Voto útil é votar no partido em que acredito.

24 de setembro de 2009 às 17:37  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O 'post' seguinte aborda o problema «Como as sondagens podem empurrar os eleitores para o voto útil»

24 de setembro de 2009 às 18:14  
Blogger Apokalypsus said...

D. Maria, eu também acreditei no PS de 1974 até 1978... Fui militante activo, participei em todos os comícios, nas manifs, contra o "camarada" Vasco em 75 à porta do Palácio de Belém, andei a colar cartazes à noite protegido por mocas e correntes de moto, a vender artigos PS à porta dos Jerónimos, dirigente de um Núcleo PS na empresa, etc., etc., etc.. Mas o problema é que comecei a ver que afinal o tubarão não passava de um simples carapau de gato (mais conhecido por jaquinzinho). E comer jaquinzinhos por tubarão é é pior que engolir o próprio tubarão de uma só dentada! Continuo fiel aos meus princípios e ideários socialistas, mas nunca mais ao PS que traiu a esperança, confiança e lealdade que depositei nele no pós-24'Abr'74. Mas também nunca mais votei em qualquer outro partido porque não me revejo em qualquer dos seus programas ou ideologias. Isto quer apenas dizer que, continuando a ser socialista (mas não PS), não vou dar o meu voto a um partido (PS) que andou e continua a aldrabar descaradamente com todas as unhas que tem no punho, o Povo Português. E se mais dúvidas existissem quanto a isto de aldrabices, é só ver o vídeo sobre as promessas do sr. Sócrates na campanha de 2005 e a realidade logo ele subiu ao poder absoluto. Tal & Qual o que está a acontecer na presente campanha. E só tenho pena que ainda existam pessoas que acreditem nesta gente e que depois de andarem 4 anos a lamuriar, a choramingar pelo raio do elevado custo de vida, dos impostos altíssimos que têm de desembolsar, da falta de habitação, de cuidados de saúde, de pensões e salários de miséria, ainda vão continuar a votar neles para andarem mais 4 anos a levarem nas trombas e continuarem a choramingar e a lamuriar a sua triste sina! Sado não sou, masoquista também não e as duas coisas ao mesmo tempo ainda pior!

24 de setembro de 2009 às 19:13  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Como não posso concorrer nem farei parte do júri, estou à vontade para 'meter o bedelho', colocando uma velha questão:

Muita gente diz «Vou votar no meu partido de sempre».
Então, e quando esse partido muda radicalmente de opinião (quando não mesmo de princípios), o que faz?
É que não faltam os que, ao longo dos anos, foram mudando, defendendo hoje princípios bastante diferentes dos de outras eras.

Sucedeu isso com o PRD de Eanes, o PPD de Sá Carneiro, o CDS de Freitas do Amaral (e depois Manuel Monteiro, e depois Paulo Portas), o PS de Mário Soares/Edmundo Pedro, etc.

Nesses casos, quem quer manter-se coerente deverá sê-lo ao [nome do] partido ou à ideologia?

Ou, em termos comerciais:
Ao rótulo da caixa, ou ao que, de facto, lá está dentro?

24 de setembro de 2009 às 19:40  
Blogger Maria said...

Pelos vistos estamos em desacordo em muita coisa.
Há muita coisa mal? Há.
Sócrates cometeu erros e deixou que os cometessem? Sem dúvida.
Será que se for eleito irá fazer mais? Provavelmente.
E os outros fizeram o quê?
E irão fazer o quê?
A minha idade já não me permite andar a colar cartazes, berrar em comicios ou arruadas, vender objectos alusivos ao PS. Mas ainda me deixa ter opinião, dizê-la com a máxima sinceridade e perguntar-lhe quem pensa que irá fazer melhor do que o actual governo. Se lá chegarem, vão destruir o pouco ou muito de bom que estes fizeram. Acha que vale a pena arriscar? Que será do país nas mãos de MFL e seus partidários?
Durante estes 4 anos, senti como todos as coisas más que aconteceram. Mas houve uma crise mundial. Reparou? Também foi culpa do Sócrates?
Só mais uma coisa. Por acaso até gosto de jaquinzinhos e nunca comi tubarão, nem faço tenção de o fazer. Mas se eu escolhesse o tubarão, seria tubarão mesmo.
Não sou Sado, nem Masoquista, mas sou teimosa e não mudo de ideias muitas vezes.

24 de setembro de 2009 às 19:54  
Blogger Maria said...

É claro que o que conta é a ideologia. Mas apesar de algumas diferenças entre o PS de Soares e o de hoje, ainda é o mais parecido que encontro com as minhas ideias.

24 de setembro de 2009 às 20:34  
Blogger Manuel Brás said...

A metamorfose eleitoral
dos discursos partidários,
é uma patologia visceral
com efeitos secundários.

A psicopatia ostentativa
de puro exibicionismo,
é uma moral putativa
carregada de cinismo.

A venda de convicções
como acto mercantilista,
é uma das aberrações
do raciocínio simplista.

A sociedade é trucidada
a bem da democracia,
democracia comandada
por uma vil aristocracia.

Apelando à utilidade
do voto dos mexilhões,
prova-se a imbecilidade
de motivos trapalhões.

24 de setembro de 2009 às 21:49  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Aqui fica mais uma 'dica':

O 'Voto Útil' aparece, em geral, sob a forma de «Votem em X (mesmo que não gostem dele), pois é a única forma de derrotar Y».

Sendo uma táctica defendida (e aplicada) por Lenine, não admira que tenha sido tantas vezes usada pelo PCP:

Sucedeu quando apelou ao voto em Delgado (em vez de Arlindo Vicente), em Mário Soares, em Ramalho Eanes, etc.

O 'voto útil' ficou conhecido como o 'engolir de sapos'...

25 de setembro de 2009 às 07:49  
Blogger Maria said...

Nunca comi nem pernas de rã, quanto mais sapos.
Lembro-me das "Eleições livres como na livre Inglaterra". Não votei porque além de não ter idade, era mulher. Vivi toda a campanha eleitoral com um entusiasmo doido (influência do meu pai, que no Porto não largou o rasto de Delgado nem um segundo).
Não gosto de engolir sapos. Sempre votei como e em quem quis, embora às vezes, sem muita convicção. EX: 1º eleição de Eanes. Não gosto muito de militares como presidentes.
Desta vez não vou engolir nenhum sapo. Vou votar Sócrates com a consciência de que estou a fazer o melhor para todos.

25 de setembro de 2009 às 10:15  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Em tempos, num almoço em que se discutia futebol, um indivíduo saiu-se com esta:

«Para mim, o importante é que o (...) perca!»

Na altura, pareceu-me uma forma tonta de se ser adepto da bola, mas vim a saber que essa atitude é mais frequente do que eu pensava.

Ora, com a história do 'voto útil', é isso mesmo que sucede.
Estive recentemente a falar com um amigo que me garantiu:

«Não gosto de X, mas vou votar nele, porque o importante é que Y perca!»

E concluiu, porventura com razão:

«Sempre foi assim em todas as eleições!»

Tem razão, certamente. Mas é por essas e por outras que eu, cada vez mais, voto em branco...

25 de setembro de 2009 às 14:52  
Blogger Maria said...

Dr.Medina Ribeiro:
Com toda a consideração, desculpe que votar branco, é "Lavar as mãos como Pilatos".
Com que cara poderá o senhor criticar seja que governo for, se nada fez para evitar que ele lá esteja?
Com os meus cumprimentos.

25 de setembro de 2009 às 18:00  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Lavar as mãos é abster-se, é não votar, é o "quero lá saber!"

O Voto em Branco é outra coisa, muito diferente. Significa, e em toda a parte do mundo, a afirmação:

«Estou interessado em votar, mas nenhum dos que me oferecem me serve, e recuso-me a escolher pelo critério do mal menor».

Finalmente:

O direito de Votar em Branco está previsto na lei eleitoral, e é um direito tão válido como o voto num determinado partido.

E era só o que faltava que não o pudéssemos exercer livremente, sendo forçados (por quem, e com que direito?!) a escolher "o mais aproximado" ou "o mal menor"!!

25 de setembro de 2009 às 18:13  
Blogger Maria said...

É claro que tem todo o direito de votar branco. Está previsto na lei eleitoral. Democráticamente, também me sinto no direito de não concordar. Ou não, Dr?.
O voto é livre, secreto e cada um deve votar onde quer.
Com os meus cumprimentos.

25 de setembro de 2009 às 19:15  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

(Não sou Dr., mas isso não vem ao caso)

-

Se, por hipótese, nos dessem a escolher, apenas, entre Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres, Valentim Loureiro e Isaltino de Morais, em quem votar?

A resposta, para mim, é simples: em nenhum - e não haveria exercício de "mal menor" que lhes valesse.

-

Mas a melhor comparação ainda é a do restaurante - onde eu gostaria de ir comer mas que, naquele dia, só tem um peixe que eu detesto e uma carne que me faz mal.

Qual é o problema se eu disser ao patrão que, nesse dia, não como lá?

25 de setembro de 2009 às 19:40  
Blogger Maria said...

Meu amigo:
Estou a gostar desta troca de impressões.
Não se esqueça que para já, ainda são as legislativas. Logo, os senhores que citou, não contam. Disso falaremos na devida altura.
Quanto ao restaurante:Não sou muito frequentadora deles, a comida diz-me pouco. Como por obrigação e sem prazer.
Arranje lá outra comparação, porque para esta não tenho resposta.
Mas olhe que estou mesmo a gostar desta conversa!

25 de setembro de 2009 às 20:48  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Por mim, pouco tenho a adiantar.

Sem chegar a Aristótles (que dizia «Na dúvida, abstém-te»), recorri apenas a um argumento de "redução ao absurdo" (o dos autarcas) e a uma "metáfora" (a do restaurante).

No fundo, para dizer o óbvio:

Há situações de escolha clara (como é o seu caso, felizmente para si), há outras escolhas 'do mal menor' (como sucedeu nas eleições de 1958), e há outras em que as escolhas não são, de todo, aceitáveis.

Um caso típico que vem aí são as autárquicas de Lisboa:

Quem, como eu, nela mora há mais de 60 anos e a corre de lés a lés a pé, sabe bem que não tem qualquer sentido PRÁTICO optar entre Santana Lopes e A. Costa. A menos que seja por questões secundárias (como a simpatia partidária ou pessoal, etc), mas que nada têm a ver com o que fizeram.

Ambos estão a anos-luz dos reais problemas dos munícipes (lixo, estacionamento, grafitos, sem-abrigo, passeios esburacados, arrumadores de carros, faixas BUS, criminalidade urbana, passadeiras por pintar, vendedores ambulantes, EMEL incompetente, ecopontos não esvaziados, etc). E, em vez de se mostrarem preocupados com isso, estão muito contentes com a sua obra!

Assim sendo, votar em qual dos dois? Talvez no menos mau. Mas qual deles o é?

25 de setembro de 2009 às 22:42  
Blogger Pedro Boavida said...

Pelo que eu saiba temos uma "Assembleia da República" que supostamente é e sito:

"

A Assembleia da República é actualmente composta por 230 Deputados eleitos por sufrágio universal e directo dos cidadãos eleitores recenseados no território nacional e no estrangeiro. Os Deputados representam todo o país e não apenas os círculos por que são eleitos. O mandato dos Deputados inicia-se com a primeira reunião da Assembleia da República após eleições e cessa com a primeira reunião após as eleições subsequentes, sem prejuízo da suspensão ou da cessação individual do mandato."

Maravilhas da dita democracia representativa...

Onde é que estão os eleitos do voto branco e da abstenção?

Ora em 2005 havia 8944508 Inscritos e só votaram 5747834 eleitores, sendo a abstenção de 3196674, ou seja 35,74% mais os votos em branco que foram 103537 ou seja 1.80% mais os nulos que foram 65515, ou seja 1,14%, no total não há representação democrática para 36,68% da população.

(Dados de 2005 vistos em:
http://eleicoes.cne.pt/vector/index.cfm?dia=20&mes=02&ano=2005&eleicao=ar

Onde é que estão na "Assembleia da República" os representantes de mais de um terço da população recenciada?

Pelas minhas contas deveriamos ter não 230 deputados mas sim 146, e o resto das cadeiras vazias seriam preenchidos, aleatóriamente por cidadãos, votantes, com os impostos em dia, que seriam sorteados para fazer "serviço cívico" durante 30 dias.

Não havia maiorias.

Os partidos políticos tinham esses 30 dias para apresentar as suas ideias e no fim dessem 30 dias as ideias eram votadas.

(ninguem sabe se o Sr. Manel do talho, ou a tia Ermelinda são de esquerda ou direita, ou se gostam mais do Benfica ou do Sporting)

Assim seria a minha ideia de representação verdadeiramente democrática - Todo o cidadão, com impostos em dia, participativo nas eleições, poderia, por sorteio ser deputado por 30 dias.

Infelismente, isto é um sonho. Porque nenhum deputado, ou nenhum partido alguma vez irá propor uma ideia desta. Seria dar um tiro no seu próprio pé

25 de setembro de 2009 às 23:24  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Dado que o passatempo (que termina às 20h de hoje) visava discutir o "voto útil", aqui vai uma 'dica'.

Poderemos resumi-lo à frase seguinte?

«Gostaria de votar em X, mas vou votar em Y, porque o importante é que Z perca»

27 de setembro de 2009 às 12:39  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Mais umas 'dicas':

1 - Quando o partido Y apela aos presumíveis apoiantes de X para que votem nele (Y) a fim de derrotar Z, não está a parasitá-los?

2 - Quando dizem que os voto em X são votos perdidos, dizem apenas uma meia-verdade.
São votos 'perdidos' apenas no sentido de que não vão eleger deputados de Y contra Z. Mas são votos que, entre outras coisas, permitem saber quanto valem as ideias que X defende.
Então isso não vale nada?!

3 - Em casos de emergência (como votar contra um ditador), o voto útil justifica-se plenamente.
Há uma "urgência nacional" que justifica que todos os X votem em Y, de tal forma é importante que Z perca e saia de cena.

Ora, o que actualmente sucede, é que estou a ver isso na sociedade portuguesa:
Os do "PS" estão em pânico que o "PSD" ganhe (e vice-versa)...

Entrou-se num desespero, num vale-tudo, que me está a enjoar (ou enojar?) como nunca.

27 de setembro de 2009 às 13:50  
Blogger Diogo Bobone Carvalho said...

O voto útil não faz sentido para mim e por isso mesmo nunca votei com esse intuito. Não consigo fazer a comparação em termos gastronómicos pois este assunto é bem mais sério.
Pessoalmente nunca votaria numa força política na qual não acreditasse apenas com o objectivo de derrubar uma outra.
O voto é um acto individual e tem de ser feito em consciência. E é só isso que está ao nosso alcance: contribuir com o nosso voto.
O resto são contas, contas essas que são a tradução plena da vontade do povo como um todo. Mesmo que eu não concorde com o partido mais votado.
Ainda a propósito do voto útil, particularmente em relação às legislativas de hoje, repare-se que dizer que os portugueses vão escolher o próximo primeiro-ministro é abusivo, dado que eu vou apenas contribuir para a eleição dos deputados do círculo eleitoral de Lisboa. O resto saí das regras eleitorais.
Resumindo, a conversa do voto útil é conversa falaciosa dos partidos maiores para convencer os eleitores a votarem neles.

27 de setembro de 2009 às 18:40  
Blogger dana_treller said...

"Chamo-me Julieta, e há mais de 7 décadas que ando por este mundo.
Já vi muita coisa acontecer apesar de, na terra que me viu nascer, crescer e que um dia me há-de cobrir, não acontecer muito de importante.

Já foi uma aldeia crescida, com campos lavradios e gado com fartura, que alimentava a cidade mais próxima. Agora somos pouco mais de 50, e inda há quem diga que há aldeias bem piores. Livre-nos Deus de semelhante praga!

Anda praí um circo danado à conta destas coisas das eleições. Não percebo bem porquê. Inda sou do tempo em que só lá ia o meu João dar o nome (paz à sua alma) e a vida corria sossegada. Trabalhava-se muito, mas havia sustento! Agora, sabe Deus...

Cá na terra concorrem 2 à Junta de Freguesia. Um é filho do Zé Canastrão que, como o pai, não quer fazer nenhum! Sabe é que se for eleito lhe cai o sustento na conta todos os meses certinho, e só tem que lá ir por semana um bocadinho (porque o largo da Igreja alagou todos os anos enquanto ele era Presidente, era um desgraça para chegar à porta sem molhar as chinelas)! O outro é meu sobrinho... Ele não é lá muito esperto (coitadinho), e acho que foi por isso que não foi para a cidade como os irmãos e os primos. Meteu-se na política porque o velho Manel padeiro teve pena dele e o convidou para fazer parte da lista da cor dele. Uns foram embora, outros foram morrendo, e agora é ele quem tá à frente daquilo. Não sei se é por o povo lhe ter algum amor, ou se por ter tratado do largo assim que foi eleito a primeira vez, sei é que já lá está há uma data de tempo e as coisas vão andando. Não faz muito, mas vai fazendo. Eu e a mãe dele lá lhe damos cabo do juízo e volta e meia inda acerta umas quantas (foi por tanto o chatear que consertou o telheiro da paragem de autocarro, que era preciso ir pra lá de guarda-chuva)!

Para além disso (e o filho do Zé Canastrão que não me leve a mal), sempre que há eleições faço uns trocos. No tempo da ditadura era o meu João que levava uns chouriços até às urnas e por lá vendia umas sandes enquanto os homens por ali estavam. Depois veio o outro rapaz e proibiu-o de fazer isso. Só mesmo por má vontade! É que, parecendo que não, dava pra pagar o sustento do touro durante um mês ou mais! Quando o meu sobrinho foi eleito, lá me deixou voltar a levar comigo os chouriços. Não é muito esperto, mas é bom moço. E a tourita que tenho agradece, que a reforma mal me dá para pagar na farmácia!

Voto sempre no piqueno. Mesmo que seja para presidente, primeiro ministro ou europas. Como ele diz, quanto mais for da cor dele, mais fácil é conseguir coisas cá pra aldeia... E a gente bem precisa! Sempre vendo os meus chouriços (que com a asaie não há quem mos compre na cidade) e o outro preguiçoso tem mesmo é que ir trabalhar (teve que começar a lavrar os campos dos pais, faz-lhe bem que tá gordo)!

Noutro dia disse aquele rapaz muito bem apessoado que era pra ser voto útil! Ó meu filho, nem tu sabes como me é útil o meu voto!"

27 de setembro de 2009 às 18:51  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Tem toda a razão o Diogo, quando chama a atenção para uma aldrabice que nos tem sido vendida (nomeadamente por JS e MFL):

«...dizer que os portugueses vão escolher o próximo primeiro-ministro é abusivo, dado que eu vou apenas contribuir para a eleição dos deputados...»

A eleição é, de facto, para a AR.

Depois, o PR fará o convite para formar governo TENDO EM CONTA os resultados eleitorais.

27 de setembro de 2009 às 19:39  
Blogger Maria said...

Caro Medina Ribeiro:
Adoro cosinhar e coleciono livros de cosinha. Este não tinha. Vou experimentar algumas receitas. Penso que não há nenhuma de mexilhão, que eu amo. Mas há outras para me entreter.
Obrigada pela lembrança.

30 de setembro de 2009 às 18:35  
Blogger Maria said...

E não é que tem mexilhões? E Sushi?
Estou a adorar o livro.

30 de setembro de 2009 às 20:12  

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