14.9.09

Os chaparros crescem e as azinheiras minguam

Por A. M. Galopim de Carvalho

O SENHOR CAMILO
era o mordomo da Sociedade Harmonia Eborense nos anos quarenta e cinquenta. De nacionalidade espanhola, dizia-se à boca pequena que era refugiado da Guerra Civil. Nunca soube ao certo se era ou não, nem isso me interessava nessa altura. Cedo conquistou a estima e a muita amizade de todos os que com ele privavam, acabando por se tornar figura querida da cidade. Barrigudo, de meia-idade, de ralos cabelos grisalhos e farto bigode a tapar-lhe metade da cara macia e sempre risonha, o senhor Camilo era uma figura carinhosa e doce, mesmo no seu “portunhol” que nunca perdeu.
Este homem bom, com provas dadas de grande amizade pela nossa família, tinha um gosto muito particular pela arte dos sabores e introduziu em muitos dos seus amigos o hábito de “pinchar”. A cozinha do senhor Camilo era um salão confortável, enorme, onde as frutas e os legumes, artisticamente dispostos em belos cestos e outros recipientes, eram sempre motivo de decoração. (...)

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